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3- Contribuição de Bakhtin

O discurso é a real unidade de comunicação da fala. A fala pode existir na realidade apenas na forma de discursos concretos de pessoas falando individualmente, sujeitos da fala. A fala é sempre lançada na forma de um discurso pertencente a um tema particular do falante e não pode existir fora dessa forma.

Translinguistica é o estudo desses aspectos na vida da palavra ainda não moldados em disciplinas específicas e separadas, que excedem as fronteiras da linguística.

VOZ

É a personalidade do falante, a sua consciência. Um discurso pode existir apenas como sendo produzido por uma voz. Uma voz representa um ponto de vista. A voz é um processo e não só o lugar onde o discurso ocorre. A voz vai além do som produzido e representa a perspectiva subjetiva do falante,seu horizonte conceitual, sua perspectiva e visão de mundo; podendo ser aplicada a textos escritos também. Voz sempre existe em um meio social, não há tal coisa como uma voz que exista em total isolamento de outras vozes. Significado pode existir apenas quando duas ou mais vozes entram em contato. Um discurso não existe e não pode existir sem "endereçamento".

    • Endereçamento é a qualidade de voltar-se para outra pessoa.
      • A voz ou vozes para as quais um discurso é endereçado pode estar temporalmente, espacialmente e socialmente distante.
    • Qualquer discurso é um elo na corrente da comunicação falada.
    • Discursos não são indiferentes uns aos outros e não são auto-suficientes; eles tem consciência e mutuamente refletem um ao outro.

Compreender é esforçar-se para corresponder à palavra do falante com uma contra-palavra. Cada discurso deve ser considerado primeiramente como resposta a um discurso precedente da esfera dada.

Um discurso reflete não apenas a voz que o produz mas tamém a voz para a qual ele é endereçado. Na formulação de um discurso uma voz responde de algum modo a discursos prévios e antecipa a resposta de outros, sucessores; quando ele é compreendido, um discurso entra em contato com a contra palavra daqueles que o ouvem.

Todo discurso possui a identificação de um autor e há a presença de a quem ele está direcionado. Devido ao endereçamento, discursos são inerentemente associados com pelo menos duas vozes.

DIALOGICIDADE e MULTIVOCALIDADE

Dialogicidade é o constructo teórico mais básico da abordagem dele. Voz só pode ser adequadamente compreendida invocando essa noção. Qualquer verdadeira compreensão é dialógica por natureza.

    • A paródia é um processo que pode ser usado para ilustrar um largo leque das afirmações de Bakhtin sobre discurso, voz e dialogicidade.

LINGUAGEM SOCIAL

Discursos estão relacionados a falantes individuais. Linguagem esta relacionada a tipos de discursos produzidos por tipos de vozes. Sua noção de linguagem mantém as noções de voz e de dialogicidade.

  • Linguagem social: unidades linguísticas tradicionais com sistemas gramaticais e semânticos coerentes.
    • Exemplos: inglês, russo, português, etc.
  • Linguagem social: discurso peculiar para um estato da sociedade específico (profissional, grupo etário, etc.) com um sistema social dado , em um tempo dado.
    • Dialetos sociais, comportamento de grupo característico, jargões profissionais, linguagens gerais, linguagens de gerações e grupos etários, linguagens tendenciosas, linguagens de autoridades de vários ciclos e modas passageiras, linguagens que servem a propósitos sociopolíticos específicos do dia.

Linguagem nacional e linguagem social podem, em certo grau,serem consideradas independentes uma da outra.

Um falante semprpe invoca uma linguagem social na produção de um discurso e essa linguagem social modela o que a voz individual do falante pode dizer. Esse processo de produzir discursos únicos pela fala em linguagens sociais envolve um tipo específico de dialogicidade ou multivocalidade que Bakhtin chamou de ventrilocução.

    • Ventrilocução : o processo onde uma voz fala através de outra voz, ou tipo de voz, em uma linguagem social.

A palavra na linguagem é metade de outro alguém, ela se torna própria de alguém apenas quando o falante a povoa com a própria intenção dele, sua própria pronúncia, quando ele apropria a palavra, a adaptando para sua própria intenção expressiva e semântica. Os falantes não tiram as palavras do dicionário, mas sim da boca de outras pessoas, no contexto concreto de outras pessoas, servindo à intenção de outras pessoas. É de lá que as pessoas devem tirar as palavras e fazê-las delas próprias.

GÊNEROS DA FALA

Gênero da fala: não é uma forma de linguagem, mas uma forma típica de discurso, como tais o gênero também inclui um certo tipo típico de expressões que são inerentes a ele.

    • No gênero uma palavra adquire uma expressão particular típica.
    • Gêneros correspondem a situações típicas da comunicação da fala, temas típicos, e, consequentemente, também a contatos particulares entre o significado de palavras e a realidade concreta atual sob certas circunstâncias típicas.
    • Caracterizados por situações típicas da comunicação falada.
    • Nós falamos em diversos gêneros sem suspeitar que eles existem.
    • Exemplos: comandos militares, gêneros de saudações, despedidas e congratulações cotidianas, conversas de salão sobre temas cotidianos, sociais, estéticos e outros; gêneros de conversa de mesa, conversas íntimas entre amigos, e narrações cotidianas.

Discurso e seu significado são inerentemente localizados em contexto socioculturais.

A produção de qualquer discurso envolve a apropriação de pelo menos uma linguagem social e um gênero da fala, e estes tipos de fala são socioculturalmente localizados, a conclusão subsequente assume que significado é inexoravelmente ligado com contexto histórico, cultural e institucional.

nov 16 2014 ∞
nov 17 2014 +