A arte e seus eventos culturais é formada por diversos mecanismos. Seja o valor de ''mérito'' do artista, o material trabalhado, a mão de obra do evento e dos trabalhadores. Digamos que é correto cobrar um valor x SIM pela a arte vendida, por todo o aspecto usado. Ora, nós artistas também temos gastos com nosso material e levamos horas para faze-lo, nada mais justo.

Agora, quando estamos falando em certos eventos culturais e o preço para entrarmos e apreciarmos a obra de um determinado artista, é que estamos com problemas.

Acho um absurdo continuarmos com o elitismo, o prazer burguesiano, o capacitismo e toda essa esfera da classe alta em eventos CULTURAIS. Pois não era a arte feita para todos? pois não era a arte um caminho que todo país deveria seguir e se preservar? Por que cobrar uma nota mais alta que um ingresso de cinema para exposições de qualquer área artística? ''Ah, mas Lorraine, tem certos lugares que são de bairros caros, de alto luxo'' Já fui em exposição na zona sul gratuita, obrigada.

Isso tá errado, muito errado. Se a gente continuar preservando a classe alta na cultura, o que será da classe baixa e suas camadas para serem também inseridas?

Título: Arte para quem?

Discussão: Já não é dos dias atuais que a arte e sua maneira como é feita e vendida é tema de polêmica em estudos, grupos e faculdades artísticas. Temos nossos artistas favoritos, estilos favoritos, técnicas de desenho, pintura favoritos etc. Porém, as diferenças de pensamentos sempre conseguem nos afastar um do outro quando o assunto é: O que é arte?

Nessa conversa falo especificamente de uma das minhas áreas artísticas preferidas: desenho/pintura. Que é, no final das contas em minha experiência, um dos tópicos que mais é falado e onde vejo mais agressividade e até bem dizer capacitismo, se é a melhor palavra para descrever em alguns casos.

Em minha opinião pessoal, arte é tudo que um indivíduo pode criar a partir de sua criatividade/imaginação, tendo em si sempre algum significado, sendo mais visível em algumas obras e, em outras, um significado que o próprio artista nem consegue descrever direito se formos perguntá-lo, mas que em seu inconsciente teve. Assim sendo e resumindo, arte é para mim uma forma de autoexpressão individual ou coletiva, afim de demonstrar seus próprios sentimentos, pensamentos e críticas desejadas. Não só falando que também pode ser uma grande terapia, mas isso é história para outra conversa.

Em um dos meus grupos de arte, já houve casos de tretinha de uma garota postar um desenho baseado numa personagem que foi exposto por terceiros para outro grupo so far away das redondezas do facebook e sua arte ser taxada de ''feia'' e boatos de ''desmerecimento'' da personagem retratada. E outros defendendo seu traço e que acabou se tornando uma discussão do que é ou não arte bonita e feia, além de de uma discussão imensa de comentários do que é arte afinal de contas para os envolvidos.

Com isso me veio a pergunta: Será que achamos bonito o que nos é retratado e ensinado como ''beleza'' a ponto de não conseguirmos mas pensar diferente e nos tocar que cada um de nós pensa de uma forma singular e contrária a do outro a ponto de até mesmo desmerecermos gêneros mais ''rabiscados'' de expressão artística e sua história?

Beleza e feiura são julgadas desigualmente para cada pessoa, isso é normal. O que é feio para você pode ser bonito para mim e vice versa. O essencial disso tudo é que não devemos humilhar e julgar banhado de achismos as obras de outros artistas, porque há traços, gêneros e técnicas infinitas sendo usadas. Ah e, por favor, não estou dizendo que você não tem o direito de expressar sua opinião e até mesmo dizer que acha feio ou bonito tal obra de tal artista famoso ou desconhecido e começar uma discussão sobre isso. Falo de não abrir a mente e pensar só no seu quadradinho, dizendo que arte de verdade é isso e aquilo, que estudou em sei lá quantos cursos (capacitismo) e sabe do que está falando, que a outra pessoa está errada em achar uma opinião diferente da sua e que ela é ignorante. Gente, isso é errado e já tá ficando feio. Pelo amor, parem.

Eu, pessoalmente, não sou fã do estilo de arte do Romero Britto. Não me agrada aos olhos e o tanto de cores misturadas me dá certa tontura. Posso dizer que acho feio? bom, sim, mas não digo que não é arte. É arte sim e ele é um artista, seja odiado por muitos ou amado por outros. O mesmo digo da grande maioria das obras do gênero cubista, não me agrada aos olhos, mas ainda sim, é arte, queira eu não gostando ou não.

Meus desenhos, meus quadros, minhas colagens, minha música e tudo que eu posso fazer sendo livre em minha criatividade (é, eu faço bastante coisa mesmo e ás vezes me dá um pouco de dor de cabeça pra balancear todas elas, mas é muito prazeroso e compensador) pode não te agradar, mas não te faz com a razão e o bambambam do universo dizer se eu faço ''arte de verdade'' ou não. Como falar para qualquer outro isso. Você ter feito o curso em sei lá que país ou em sei lá qual bairro de sua cidade que é um dos melhores não te faz melhor que os outros, você ter estudado anos em sua faculdade de arte não te dá te faz mais ''correto'' e faz seu diploma como o ganhador dos argumentos. Afinal, arte não é expressão? não pode ter simbolismo para cada um de nós? eu posso ver tristeza em um desenho e você pode ficar indiferente e achar outro significado ou sensação presente neste.

Isso tem que mudar. Já estamos nesse ciclo por décadas e parece que ainda ficamos no cantinho da imaturidade e fomos congelados no tempo, desmerecendo no final do resultados, a arte em geral e sua essência, sua origem e seus significados.

Título: Vamos falar sobre psicofobia parte I - Meio feminista

Quem nunca conheceu alguém com algum transtorno psicológico ou que falava abertamente que ia para o psicólogo? Bom, todos nós, em alguma parte da vida, conhecemos essas pessoas.

Porém, será que nunca nos passou pela cabeça algum tipo de preconceito, algum tipo de medo, crítica em relação ao que essa pessoa vivia ou tinha? ''Mas psicólogo é coisa de doido'' ''Ih, essa daí não bate bem da cabeça'' ''Por que essa pessoa faz isso e isso dessa maneira e fala assim e assim?'' É natural para nós, humanos, questionarmos o que não é dito e visto como o ''normal'' numa sociedade como a nossa e que nosso ponto de vista do ''normal'' ia mudando conforme as épocas, costumes e visões ideológicas, como também o próprio estudo. Sentimos até um certo medo, dependendo das circunstâncias, do que não é aceitado tão abertamente e discutido. Seja por medo de julgamento alheio ou de nosso próprio julgamento pessoalmente e ignorância. Muitos de nós, castramos comportamentos considerados de ''loucos'' em nosso meio social, como gesticular demais (e há quem diga que existe forte ligação italiana nisso), se expressar demais ao falar e demonstrar, falar de modo exagerado ou então falar pouco. E quando nós mudamos? há ainda mais críticas sendo jogadas para nós! E isso está ligado á psicofobia e o nosso medo inconsciente do que não sabemos e o julgamento alheio e pessoal. Vamos supor: Você tem tal comportamento considerado ''anormal'' e as pessoas vivem te julgando e tacando pedras em você por isso. Mas será que o que você faz é tão ''anormal'' assim? Eu não posso mentir, eu vivia sendo julgada por quase toda a minha vida, parando nos recentes anos desde minha adolescência por meus comportamentos estranhos, e ainda sou julgada por isso mesmo que tenha mudado para o contrário! Eu era uma criança muito calada e até o final do ensino médio eu ainda tinha alguns probleminhas de contato social, por mais que way better comparado á minha infância (além de que na época do meu ensino médio eu arrumava briga de graça, então eu fui de garota calada sem mais nada para garota ''calada''+ briguenta, mas pelo menos agora sei me defender né, graças a Deus). Eu decidi mudar quando entrei para o meu 1 ano, não pelo fato de eu não aguentar mais isso, mas porque eu, desde pequena, nunca gostei de ser assim e estava cansada de ter medo do que as pessoas iriam pensar ou achar de mim, era algo muito ruim e a sensação do estômago se contorcendo me matava a cada dia. Então, mudei para melhor e consegui vencer uma grande barreira da minha vida que insistia em querer acompanhar e me fazer infeliz. Por isso, eu acho que sempre tem que ter aquele pontinho de exclamação no final do pensamento de alguém que sofre com algum desse tipo e se perguntar: ''Eu quero mudar por mim ou por eles?''. Lembrando que cada caso é um caso né, gente, então depende muito de qual situação e problema estamos falando. Por fim, um último tópico abordando nosso tema, que seria sobre a psicofobia no meio feminista. Infelizmente, por nós vivermos em uma sociedade ainda capacitista, é ainda difícil, se não dizer muito, percebermos e nos acostumarmos com alguns termos que são gerados por isso. Eu mesma já errei numa discussão contra uma má profissional de psicologia porque fui levada pela raiva e nojo, falando que essa devia ter saído de um hospício. Ainda bem que me deram um toque depois desse erro. Mas só para dar um exemplo que na grande maioria das vezes nem sabemos o que estamos falando quando somos levadas pelo o sentimento. Não é tão difícil de encontrar no meio feminista ainda capacitismo, por mais que seja levado pelo preconceito/ignorância ou por um erro e costume do que vivenciamos. Entretanto, é algo que devemos mudar. Não é muito legal falar para a coleguinha que ela parece retardada ou doente mental, sendo ''digna de um hospício''. Galera, vamos lembrar de que rótulos, etiquetas e diagnósticos NÃO DIZEM NADA SOBRE UMA PESSOA E AINDA POR COMPLETA! Somos humanos, somos diferentes pessoas, com diferentes personalidades, pensamentos e que viemos de diversos tipos de criação desde o nosso berço. Não é que fulana é bipolar e você teve mal momentos com alguém que também tem o transtorno bipolar que essa pessoa também vai te fazer mal ou te machucar. Afinal, é o transtorno que te define ou você se define? É o transtorno que te controla ou você o controla? são perguntas muito poderosas e que as pessoas deviam refletir mais. Eu, por exemplo, sou borderline. Transtorno Borderline ligada a transtornos comportamentais. Eu, pessoalmente, não curto falar com qualquer pessoa sobre meu transtorno e que as pessoas fiquem por aí dizendo que eu tenho isso. É algo muito pessoal. Não, eu não tenho vergonha de ser borderline e não tenho medo de ser borderline, como também não tenho orgulho, amo e fique dizendo para meio mundo que eu tenho tal coisa. Também é um ótimo tópico ligado a esse tema, não é legal ficar se glorificando de um transtorno mental, mas vamos deixar para outro dia. Portanto, eu não sou meu borderline. Eu não sou a garota manipuladora que fica fazendo chantagens 24 horas por dia pra qualquer pessoa. Eu não sou a garota que fica correndo atrás dos ex namorados querendo cortar o pinto deles (Cara, por que eu vou me preocupar com ex? sai saravá). Eu não sou a garota problemática que vive dando dor de cabeça para os outros de graça. Eu não sou meu estigma e meu rótulo. Eu sou a Lorraine, a garota feminista que gosta de heavy metal, roupas escuras e que fica vendendo a arte dela na praia. Essa sou eu. Se é algo que me define, que seja isso. Agora eu quero que você diga pra você mesma: Eu não sou meu transtorno, como também nunca fui e nunca serei. Estigmas não me definem. Eu sou capaz e posso tudo que eu quero. É esse pensamento que todos nós temos que preservar e lutar. É esse pensamento que move e cura o mundo, ou melhor, pessoas. E é exatamente o oposto desse pensamento que devemos nos opor.

Título: Vamos falar sobre psicofobia parte II - Sexo masculino, machismo e homofobia

jul 1 2015 ∞
aug 12 2016 +