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"uma falácia é um argumento logicamente incoerente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega; um raciocínio errado com aparência de verdadeiro."

  • apelo à autoridade: apela para a palavra ou reputação de alguma autoridade a fim de validar o argumento. muitas vezes é uma tentativa de estender a especialidade ou notoriedade de alguém além de sua reconhecida área de competência. ┊ "tal pessoa de grande estima questiona a evolução, portanto, a evolução deve ser falsa."
  • argumentum ad ignorantiam: do latim 'apelo à ignorância', tenta provar que algo é falso ou verdadeiro a partir de uma ignorância anterior sobre o assunto. ┊ "nunca encontraram vida fora da terra, logo não existe vida fora da terra" ou "é impossível que haja vida apenas na terra nesse imenso universo."
    • deus das lacunas: a tentativa de fazer explicações religiosas com argumentos que ainda não podem ser testados pela ciência.
  • argumentum ad populum: do latim 'apelo à quantidade', consiste em dizer que determinada proposição é válida ou boa simplesmente porque muitas pessoas (ou a maioria delas) a aprovam. ┊ "como a maioria das pessoas acredita em deus, ele deve existir".
  • cum hoc ergo propter hoc: do latim 'com isto, logo, por causa disto', consiste em afirmar que porque dois acontecimentos ocorrem simultaneamente, eles têm uma relação causal, desconsiderando outros fatores. ┊ "a baixa taxa de natalidade em portugal está ligada à crise econômica atual."
  • dicto simpliciter: também chamada de falácia do acidente, é causada por uma generalização indevida, ou seja, é o uso de uma regra geral quando as evidências sugerem que o objeto em análise é uma exceção. ┊ ao soldado é permitido matar em tempos de guerra. / o soldado X matou em tempos de paz. / logo, o soldado X é permitido matar também em tempos de paz.
  • falácia da bola de neve: consiste em partir de uma proposição e encadear outras proposições até chegar a uma conclusão absurda. ┊ "A conduz a B que conduz a C que conduz a n; n é falso, logo, A é falso."
  • falácia da composição: consiste em afirmar que o todo possui as mesmas propriedades das partes. ┊ "como as células não tem consciência, logo o cérebro não tem consciência".
  • falácia da divisão: consiste em afirmar que a parte possui a mesma propriedade do todo. ┊ "como o cérebro tem consciência, logo suas células devem ter consciência".
  • falácia da poça d'água: tem como objetivo apresentar uma teleologia, ou seja, um propósito para qualquer coisa da natureza e com isso, servir de argumento por uma divindade (deus) consciente, inteligente e principalmente, para determinadas vertentes religiosas, atuante. ┊ "o volume de água contido em uma poça d’água apresenta exatamente a forma que possui porque houve um planejamento para o buraco que contém tal volume d’água ter aquele formato. logo, há um planejamento em sua forma."
  • falácia do continuum: também chamada de falácia do cinza, é quando o argumentador assume que um estado contínuo possível entre dois estados significa que eles não são significativamente diferentes. é uma forma de equívoco: tratar como equivalentes duas coisas que devem não ser tratadas como equivalentes no contexto. ┊ as declarações "a lua é feita de queijo" e "o sol é feito principalmente de hidrogênio e hélio" são duas afirmações incertas, mas a magnitude da incerteza é muito diferente entre os dois. em geral, a falácia tem situações em que nenhum ponto de corte claro entre X e Y existe, e quer ou negar que realmente existe qualquer distinção ou se aproveita da falta de distinção arbitrariamente, mudando a distinção de posições irrealistas.
  • falácia do escocês de verdade: também chamada de apelo à pureza, é quando o argumentador, quando confrontado com um contra-exemplo a uma tentativa de generalização universal ("nenhum escocês faria tal coisa"), em vez de negar o contra-exemplo ou rejeitar a declaração original, esta falácia modifica o objeto da afirmação de modo a excluir esse caso específico ou outros como ele ("nenhum escocês de verdade faria tal coisa").
  • falácia do espantalho: em que a pessoa ignora a posição do adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida, que representa de forma errada, esta posição. a falácia se produz por distorção proposital, com o objetivo de tornar o argumento mais facilmente refutável, ou por distorção acidental, quando o debatedor que a produz não entendeu o argumento que pretende refutar. ┊ "político A: por que o governo só se preocupa com o crime quando questões como pobreza infantil e a destruição ambiental continuam a ser subestimadas?" "político B: estou surpreso que você pense que o crime é tão sem importância. com o aumento alarmante da violência de gangues em nossas cidades, enfrentamos uma quebra de lei e ordem em grande escala. os membros da oposição desejam uma sociedade em que as pessoas nunca poderiam se sentir seguras mesmo em suas próprias casas."
  • falsa dicotomia: descreve uma situação em que dois pontos de vista alternativos, geralmente opostos, são colocados como sendo as únicas opções, quando na realidade existem outras opções que não foram consideradas. é usada para defender pontos de vista em geral, muitas vezes em uma comparação em que uma das opções é completamente descartada pelo seu proponente, restando apenas a que lhe interessa. (entretanto, também é válido o princípio da bivalência, que diz que toda teoria sob análise possui apenas um valor de verdade: ou verdadeiro ou falso.) ┊ "quem não está a favor de mim está contra mim."
  • ignoratio elenchi: ou pseudoconclusão, ocorre quando o argumentador tira uma conclusão inválida das premissas apresentadas, mas assemelhada a uma conclusão que seria correto se extrair. ┊ "é através dos impostos que o governo obtém dinheiro para ajudar os cidadãos mais carenciados; dados demonstram que ainda há muitas pessoas com carências, logo, a solução é o governo aumentar os impostos." este argumento não prova o que pretende, ou seja, que as carências dos cidadãos se resolvam com a subida de impostos.
  • inversão da causa e efeito: consiste em dar como causa de uma coisa aquilo que é na verdade seu efeito. ┊ "a propagação da aids foi provocada pela educação sexual."
  • inversão do ônus da prova: consiste em isentar-se de provar uma afirmação feita, exigindo que o outro prove a que essa não é válida. se alguém quer provar que tal coisa é verdadeira, precisa testá-la e não exigir que alguém que não a defende prove a sua falsidade. ┊ "prove pra mim que deus não existe.
  • petição de princípio: consiste em afirmar uma tese que se pretende demonstrar verdadeira na conclusão do argumento, já partindo do princípio que essa mesma conclusão seja verdadeira em uma das premissas. ┊ "deus existe porque diz na bíblia e a bíblia é a palavra de deus"; a falácia permeia-se em presumir de forma cíclica, até chegar a uma conclusão inválida que está interligada à premissa.
  • post hoc ergo propter hoc, também chamado de falácia da falsa correlação: do latim 'depois disso, logo, causado por isso', consiste na ideia de que dois eventos que ocorram em sequência cronológica estão necessariamente interligados. ┊ "o galo sempre canta antes do nascer do sol. logo, o sol nasce porque o galo canta."
  • non sequitur: na qual a conclusão não decorre das premissas. a conclusão pode ser verdadeira ou falsa, mas o argumento é falacioso porque há falta de conexão entre a premissa inicial e a conclusão.
    • afirmação do consequente: "se estou gripado, tenho dor de garganta; estou com dor de garganta, portanto, estou gripado." estar gripado não é a única causa de dor de garganta, portanto, a implicação não é verdadeira.
    • negação do antecedente: se eu ganhasse na loteria, saberia que ela premia de verdade; nunca ganhei na loteria, então a loteria é falsa. o erro é negar a segunda coisa a partir da primeira.
sep 29 2019 ∞
mar 25 2024 +