há muito tempo que não me sinto sã. há mais tempo ainda não me sinto bem.

sendo bem honesta, não me lembro da última vez que não estive caindo aos pedaços. e no final eu me reduzo a isso: um amontoado de cacos. e todas as desgastantes tentativas de colá-los no lugar são um esforço inútil: as peças não se encaixam.

ultimamente, minha miséria não tem nem ao menos rendido belas palavras. esse próprio texto não passa de uma tentativa desesperada de vomitar o caos interno porque eu não me sinto forte o bastante para contê-lo.

estou cansada de lutar. pelos outros e comigo mesma. a guerra diária que é aqui dentro me afasta de quem eu mais quero por perto. eu me isolo porque detesto a ideia de jogar as pessoas pra baixo com os meus problemas.

quanto mais o tempo se arrasta, mais a esperança se esvai e o desespero se agrava. e mais eu sinto a possibilidade de uma melhora fugindo de mim. eu corro atrás dela na maior velocidade que consigo com meus pulmões cansados e limitados pelo vício e tento inutilmente agarrá-la, mas ela pula da minha mão escorregando como um sabonete.

me encontro em uma situação da qual não tenho nenhum controle, e o sentimento de inutilidade que isso provoca aniquila qualquer resquício de disposição ainda existente pra fazer nem que seja a mais simples das coisas. me sinto impotente.

eu diria que sou essa bagunça desde que me conheço, mas às vezes me pergunto se me conheço mesmo. é difícil saber quando sou tantas pessoas dentro de uma, ou uma dentro de tantas.

may 23 2023 ∞
may 23 2023 +