atualizando sempre que eu lembrar.

  • 14 de janeiro: deve existir uma explicação para o fato de termos mais desenvoltura para escrever quando estamos tristes. quando eu leio os meus textos da adolescência me deparo com a minha face desamparada. O ano ainda não começou direito pra mim, ou pelo menos, a sensação dele ainda não está alinhada, mas isso talvez se resolva com um banho de mar.

Minha mãe diz que virei um tanto supersticiosa desde que sai da igreja, mas minha conexão com o mar vem de longas datas. sinto que só a água salgada pode me limpar o suficiente para iniciar um longo ciclo, e eu não tirei isso de lugar nenhum, apenas percebi que o mar sempre esteve comigo em momentos decisivos. Ando deprimida, sem saber o que fazer. estagnada e inerte. tenho que perder peso pro casamento da júlia e não me sinto satisfeita com minha escrita. tenho medo de perder a única coisa que tenho como minha: a capacidade de escrever. agora vou arrumar minhas malas para ir para o rio de janeiro. papai precisa de um emprego. eu preciso de um emprego. tenho medo que meu pai me odeie pra sempre por conta da minha orientação sexual. sou grata porquê tenho amigos agora. minhas primas estão namorando, e eu sou a única solteira. agora, eles me excluem de atividades em grupo "que tal irmos de casal?". é um saco.

  • 21 de fevereiro: as vezes superamos algumas dores, e parece que aquele capítulo foi fechado sem pontas. e então, vem os pós escritos.

na minha adolescência, tive ideias mirabolantes para me livrar de problemas, sempre amparados por uma moralidade. era libertador dizer: estou livre. e eu achava que era mérito meu, até que me retirei do ambiente que me fazia tomar essas decisões, e é difícil de engolir mas eu tinha limites na igreja, e os quero de volta desesperadamente. ainda não consegui me desprender dos meus misticismos e estou estagnada, como sempre. acho que irei fazer uma carta para são josé, como vi na internet. ando tão sem rumo que me agarro em tudo.

mas ontem recebi meu album de formatura. e isso talvez seja um sinal.

  • 26 de maio: eu vivi tanta coisa nos últimos três dias que nem sei como começar.

escrever sempre foi meu refúgio, e agora, depois de tanto tempo sem sentir a faísca para engatar num ritmo interessante de palavras, só me resta tentar juntar as que lembro para tentar registrar um pedaço da minha mente. na semana que o casamento da minha prima julia aconteceu, meu tio dio faleceu repentinamente. isso me fez perceber o quão próximo o amor está da morte. ainda não consegui dar conta do fluxo de emoções que senti nos últimos dias, e a única coisa que sei é que sou feita de amor da cabeça aos pés. e que nem sempre o amor é doce, leve e fácil. as vezes ele desafia sua moral e seus princípios, te torna hipócrita. apesar de tudo, sou grata por amar.

ps: estava relendo o que escrevi em janeiro e adivinhem? uma das minhas primas está solteira denovo. espero que ela encontre alguém melhor.

jan 14 2025 ∞
may 26 2025 +