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Resolvi tirar as folhas do fundo da gaveta.


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  • Amor - chama, e, depois, fumaça.
  • O que tu chamas tua paixão, é tão somente curiosidade.
  • Depois, momento por momento, eu conheci teu coração. E se mudou meu sentimento em doce e grave adoração.
  • E te amo como se ama um passarinho morto
  • Às vezes volvo, por esquece-la, a vista súplice em derredor. Mas tenho medo de que sem ela, a desventura seja maior.
  • Foi então que senti sorrir o meu desgosto.
  • Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo
  • O silêncio é tão largo, é tão longo, é tão lento, que me dá medo. O ar, parado, incomoda, angustia.
  • Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo, mais a descompreendo e não lhe acho sentido.
  • E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.
  • Vejo nele a feição de um desafeto.
  • Temo a monotonia e a apreendo a mudança.
  • Sinto que a minha vida é sem fim, sem objeto.
  • O mundo é sem piedade e até riria da tua inconsolável amargura.
  • Só a dor enobrece e é grande e é pura.
  • Reduzir sem danos, a fôrmas a forma.
  • E aos tímidos o orgulho.
  • Flor de tristes pântanos onde, mais que a morte a vida é sombria.
  • De vossas ardentes ternuras, grandes místicas melancólicas!
  • No sete-estrelo as sete pontas de sete espadas de desejo.
  • Esquecerá por um minuto, o pesadelo de viver.
  • Sorriu-me em todos os desenganos.
  • Era sorriso de compaixão? Era sorriso de zombaria?
  • Só nas tristezas me sorriria.
  • Sorria como querendo bem. E todavia não era amor.
  • A cada imagem, outra alma, outro ente, parece entrar em nós manso enlaçar, a velha alma arruinada e doente.
  • Molha em teu pranto de aurora as minhas mãos pálidas.
  • E o teu amor tem o sabor das tuas lágrimas.
  • Nem uma nuvem de amargura, vem a alma desassossegar.
  • Eu estava contigo. Os nossos dominós eram negros, e negras eram as nossas máscaras.
  • Nos penetrava como uma espada de fogo.
  • Como a espada de fogo que apunhalava as santas extáticas.
  • Nós caminhávamos de mãos dadas, com solenidade.
  • Mas dentro em nós era tudo claro, e luminoso.
  • Nem a alegria estava ali, fora de nós.
  • A alegria estava em nós.
  • Atrás dele os maus e os basbaques.
  • A substância da tua carne, era a mesma que a do silêncio.
  • Caía o crepúsculo, e era como um triste sorriso de mártir.
  • A que sorri a minha cínica descrença.
  • A que sorri o mais profundo desencanto.
  • Cantigas tristes que cantou à minha cama.
  • Sorri em meio dos pesares e chorar em meio das alegrias.
  • O mistério de novas vidas e de novos pensamentos.
  • Tristeza dos que perderam o gosto de viver.
  • Bélgica das velas ingênuas e virgens.
  • A beleza, é em nós que ela existe.
  • E a beleza é triste. Não é triste em si, mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
  • Graça que perturba e satisfaz.
  • O que eu adoro em ti, é a vida.
  • À parte a água de um córrego contavam a eterna historia sem começo nem fim.
  • A minha vida foge, foge - e sinto que foge inutilmente!
  • E o tempo sobre as feridas escureceu.
  • Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu.
  • Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
  • O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
  • Era belo, áspero, intratável.
  • A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
  • Estou farto do lirismo namorador.
  • Quero antes o lirismo dos loucos.
  • Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
  • Gente que vive porque é teimosa.
  • De repente nos longes da noite um sino.
  • A vida é um trem. Suba a bordo!
  • Cavaram uma cova mais funda que o meu suspiro de renúncia.
  • Que fazia sol lá fora.
  • O toque de silêncio.
  • No meio da noite despertei, não ouvi mais vozes nem risos.
  • Mas do outro lado não vinha senão o rumo de um pranto desesperado!
  • Nascer de novo não adiantava.
  • Nada mudou em mim; os sinos da redenção continuaram em silêncio.
jan 11 2012 ∞
aug 3 2017 +