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Querida Kitty,
"Já te contei em tempos que não tenho só uma alma mas sim duas. Uma dá-me a minha alegria exuberante, as minhas zombarias a propósito de tudo, a minha vontade de viver e a minha tendência para deixar correr, isto é, para não me escandalizar com "flirts". E é por isso que tão pouca gente gosta de mim. Bem o sei: vêem em mim um palhaço divertido para uma tarde, depois toda a gente fica cheia de mim para um mês. Sou, no fim de contas, o mesmo que um filme amoroso para gente sisuda, uma simples distração, um divertimento, alguma coisa que se esquece depressa. Não precisamente má mas também nada de especial. Tenho medo de que trocem de mim, me achem ridícula e sentimental, e não me tomem a sério. Quando me tratam desta maneira, torno-me ainda mais impertinente, fico triste e, por fim, viro o meu coração do avesso-o lado mau para fora, o bom para dentro-e continuo a procurar um meio para vir a ser aquela que gostava de ser, que era capaz de ser, se... sim, se NÃO HOUVESSE MAIS NINGUÉM NO MUNDO."
Finalmente terminei de ler o tão famoso livro/diário que é o de Anne Frank. A sua simplicidade e sua inteligencia é o que mais chama a atenção, devido ter que amadurecer tão rápido quanto as outras adolescentes, porém, sem perder a sua essência. Foram noites e noites lendo, caindo de sono e, mesmo assim, se identificando com cada detalhe de sua personalidade. O anexo, o Peter, a mãe, o pai, A Sra. Van Daan, tudo isso de alguma maneira tinha um pedacinho de mim lá. Pode ter certeza que este diário foi uma parte do que me inspirou a ter um. Estou careca de ler mais uma daqueles histórias envolventes da Segunda Guerra Mundial e das terríveis façanhas de Hitler. Às vezes me pergunto o que faz uma pessoa gostar de Hitler, aliás, não são elas que estão mortas.
Tua Anne
(Domingo, 12 de fevereiro de 2012)