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“my god, my god, whose performance am I watching? how many people am I? who am I? what is this space between myself and myself?” — fernando pessoa, from the book of disquiet

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  • Íntima, pura, intocada, como o rosto corado de um atleta ou a insinuação do alvorecer em uma noite de tempestade. Dizia coisas sobre ele que eu jamais pensaria em perguntar.
  • Amor ch’a null’amato amar perdona. Amor, que a nenhum amado amar perdoa, palavras de Francesca no Inferno. Espere e tenha esperança. Eu tinha esperança, embora talvez só quisesse mesmo esperar. Esperar para sempre.
  • O sonho estava certo… era como voltar para casa, como perguntar Onde eu estive todo esse tempo? Que era outro jeito de perguntar Onde você estava durante minha infância, Oliver? Que era ainda outro jeito de perguntar O que é a vida sem isso? Motivo pelo qual, no fim das contas, fui eu, e não ele, que deixou escapar, não uma, mas muitas, muitas vezes Você vai me matar se parar, você vai me matar se parar,
  • Zwischen Immer und Nie. Zwischen Immer und Nie. Entre sempre e nunca. Celan.
  • porque também era meu jeito de unir o sonho e a fantasia, eu e ele, as palavras tão esperadas de sua boca para a minha boca e de volta para a dele, trocando palavras de boca em boca, que foi quando devo ter começado a proferir obscenidades que ele repetia depois de mim, baixinho no início, até que disse: — Me chame pelo seu nome e eu vou chamar você pelo meu. Era algo que eu nunca tinha feito na vida e, assim que disse meu próprio nome como se fosse dele, fui levado a um domínio que nunca tinha compartilhado com ninguém, e que não compartilhei desde então.
  • De vez em quando, uma dor repentina desencadeava uma pontada de vergonha. Quem quer que tenha dito que a alma e o corpo se encontram na glândula pineal era um tolo. Eles se encontram no cu, idiota.
  • Encontrar Eros em todos os lugares de Roma porque cortamos uma de suas asas e agora ele era obrigado a voar em círculos.
  • Antecipar a tristeza para neutralizar a tristeza… é desprezível e covarde, disse a mim mesmo, sabendo que era um praticante ferrenho dessa arte. E se chegasse com força? E se chegasse e não fosse mais embora, uma tristeza que veio para ficar, e fizesse comigo o que a espera por ele fez naquelas noites em que parecia haver algo tão essencial quanto uma parte do meu corpo faltando em minha vida, e perdê-lo agora fosse como perder uma mão que podia ser vista em todas as minhas fotos pela casa, sem a qual eu jamais seria o mesmo. Você perde a mão, como sempre soube que aconteceria, tendo até mesmo se preparado para aquilo; mas não consegue viver com a perda. E a esperança de não pensar nela, assim como rezar para não sonhar com ela, dói do mesmo jeito.
  • — Parce que c’était lui, parce que c’était moi — acrescentou meu pai, citando a explicação abrangente de Montaigne para sua amizade com Étienne de la Boétie.
  • — Não tenha medo. Virá. Pelo menos eu espero que venha. E quando você menos espera. A natureza sabe como encontrar nossos pontos mais fracos. Apenas se lembre: estou aqui. Agora talvez você não queira sentir nada. Talvez você nunca tenha desejado sentir nada. E talvez não seja comigo que você vai querer falar sobre essas coisas. Mas você sentiu algo, sim.
  • No seu lugar, se houver dor, cuide dela, e se houver uma chama, não a apague, não seja bruto com ela. Arrancamos tanto de nós mesmos para nos curarmos das coisas mais rápido do que deveríamos, que declaramos falência antes mesmo dos trinta e temos menos a oferecer a cada vez que iniciamos algo com alguém novo.
  • Parei por um instante. Se você se lembra de tudo, eu quis dizer, e se realmente gosta de mim, então antes de ir embora amanhã, ou quando estiver prestes a fechar a porta do táxi e já tiver se despedido de todos os outros e não houver mais nada a ser dito nesta vida, então, só desta vez, vire para mim, ainda que de brincadeira, ou como um adendo que significaria tudo para mim, e, como fez naquela vez, olhe nos meus olhos, sustente meu olhar e me chame pelo seu nome.
feb 8 2022 ∞
apr 11 2024 +