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“my god, my god, whose performance am I watching? how many people am I? who am I? what is this space between myself and myself?” — fernando pessoa, from the book of disquiet

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  • E quem de si nasce  à eternidade se condena. 
  • A casa morreu  no lugar onde nasci: a minha infância  não tem mais onde dormir. 
  • Talvez o amor não saiba amar. Talvez o amor  seja um aprendiz  de esperas e ausências. 
  • Depois do vidro,  perdida da sua própria imagem,  a paisagem ainda mora toda em mim.  E eu, já, nela. 
  • A saudade  é o que ficou  do que nunca fomos. 
  • Que cura posso ter  se o amor  foi em mim  a mais doce doença? 
  • No degrau da rua,  a moça pinta as unhas.    Dobrado em lua,  seu corpo tem a delicada intenção do ourives:  na decimal tela das mãos  inventa lábios  que o destino virá beijar. 
  • Assim, tudo o que sou  já fui  na criança que sonhou ser tudo. Meus lutos, sem emenda, carrego:  viuvez de mulher  não vem de marido. Vem do amor não mais sonhado. 
  • O caçador fala,  o marinheiro cala. Um vive de morte emboscada, outro se amarra em cais de partida. O homem faz amor  para se sentir bem.    A mulher faz amor  quando se sente bem. Uns falam. Outros apenas fogem do silêncio. Uns amam. Outros de si mesmos escapam. 
  • As vezes que morri  boca derramada entre os teus seios,  todas essas vezes  não me deram luto  porque, de mim, eu em ti nascia.    Todos esses abismos,  meu amor,  não me deram regresso.    Depois de ti,  não há caminhos.    Porque eu nasci  antes de haver vida,  depois de tu chegares. 
  • Tanta sede de lava: tua boca é água nascente. O luar em ti me diz: tudo é última vez. Teu riso, à despedida: um girassol que ama o escuro. No adeus sem voz eu escureço, rua abaixo, e terrestre se vai fazendo o céu. 
feb 8 2022 ∞
apr 11 2024 +