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E aí a gente lê pra se sentir menos só, como dizia o Wallace, mas precisa ficar cada vez mais só pra ler mais.
E aí a gente lê pra entender ‘o outro’, mas precisa pedir pra ‘ele’ não fazer barulho enquanto a gente lê.
E aí a gente vira gente de livro. Aqueles….
(...)
Os livros a gente leva com a gente, afinal.
Mas as pessoas que gostam de livros, ah, meu amigo, minha amiga… essas é bem mais raro a gente achar.
E é bom manter-se perto…
Elas fazem falta… " - Caetano W. Galindo (http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/10/em-traducao-2/)
Chegou apressado à rodoviária. Perdeu a passagem. Perdeu o primeiro dos dois ônibus daquele dia. Perdeu o ônibus das dez. Dia quente. Uma cerveja e um pão de queijo. Uma água de coco. Cinco horas de espera. A garota de vestido azul sentada à sua frente. O vestido azul e os olhos verdes. Os olhos verdes e cabelos negros encaracolados. Palavras tatuadas no tornozelo direito. Os sorrisos. A troca de olhares. Não queria ser devorado, por isso procurou o celular. Dez segundos. Um minuto, talvez. A garota já não estava. Faltavam quinze minutos para a saída do segundo ônibus quando os televisores do saguão de espera mostraram o acidente. O ferro retorcido da cabine do ônibus daquela manhã. Pedras, um caminhão e um barranco. Vidros quebrados. Motorista morto. Silêncio. Nenhum passageiro havia sobrevivido. Close na sapatilha brilhante. "Carpe Diem". A barra do vestido azul." - Déa Paulino (http://biofagia.blogspot.com.br/2013/09/carpe-diem.html)