Janeiro, 01 – Comecei o dia com um nascer do sol incrível, pensando em um ano com reais possibilidades do novo. Assisti a posse de Luís Inácio Lula da Silva ao lado do meu melhor amigo, em lágrimas.

Janeiro, 02 – Alergia. Remédio. Sono. Tentativa de retorno ao trabalho sem sucesso. Academia. Determinação p/ terminar a autoescola.

Janeiro, 03 – Retorno. Improdutividade. Academia.

Janeiro, 04 – Não sei o que estou fazendo. Cansaço. Desistência. Descanso. Autoescola.

Janeiro, 05 – Descanso. Autoescola. Descoberta aos 45 minutos do segundo tempo que preciso apresentar oralmente meu trabalho na qualificação (é amanhã)!

Janeiro, 06 – Não há muito o que ser feito. Repenso o que me levou a escolher esse tema, minhas motivações, inquietudes, becos sem sáida. Mostro para a banca. Recebo críticas. Minha orientadora faz uma meia culpa. Acabou. Choro. Academia. Repentinamente Yasmim me convida para um show. Termino o dia na Marina da Glória me emocionando ao show de Gilsons, Gilberto Gil, Marina Sena e Duda Beat.

Janeiro, 07 – Acordo na Central. Corro para Nova Iguaçu. Tatuagens. Três. Corro para a Cidade de Deus. Depois de comer uma pizza inteira no Rainha, Yasmim me escuta: estou infeliz e quero mudar o rumo da minha vida. Acolhida. Coragem. Chego na Freguesia. Primeiro dia na casa do Lori. Sol. O LP é uma pessoa linda.

Janeiro, 08 – Acordo ao lado do LP. Vontade de *. Sexo. Conversa fora. Conheço a vila em que ele cresceu. Cookies de presente. Sol devidamente conquistada. Volto dormindo no uber.

Janeiro, 09 – Acordo tarde. Almoço. Decidida, mudo minhas preferências na Vetor. Academia. Autoescola. Vou até 5h da manhã conversando com LP no telefone. Descubro que estou cada vez mais segura e disposta a conhecer meu *.

Janeiro, 10 – Acordo, tarde. Não posso malhar. Ansiedade. Preciso continuar a trabalhar, mas por quê? Converso com ele. Falta pouco, e melhor dois passarinhos voando que nenhum. Boto os pés no chão. Wal me leva para buscar meu material de trabalho. Me recolho na toca e me organizo. Plano de trabalho feito. Horas de pesquisa. Tenho que seguir a risca para dar certo. Termino Vampire Diaries. Faço planos. Escrevo. Estou aqui.

Janeiro, 11 – Acordo. Tarde. Desnorteada após insônia. Será insônia ou a xícara de café que tomei às 21h? Ou horários trocados pela conversa na madrugada do dia anterior? O fato é que estou bamba. Me recomponho. Alongo. Tomo o omeprazol e sigo a rotina da manhã. 1 xícara a mais de café pra aguentar o dia. Continuo o planejamento anterior. Inicio o trabalho a procura de uma epígrafe. Me deparo com versos lindos de Litrento: " duvidar / de tudo / que arde "; " canalizar a raiva / escrever punchlines / enquanto tocam jazz ". Por fim, escolho Camus: " Trata-se de viver nesse estado de absurdo. Sei sobre o que assenta, esse espírito e esse mundo escorados um contra o outro sem poder se abraçar ". A decisão não dura até o final do dia. Cumpro a meta. Cansaço. Nenhuma refeição decente. Academia? O que é isso? M*. Autoescola. Começo The Originals. Planejo o dia de amanhã. Escrevo. É hora de – finalmente – dormir.

Janeiro, 12 – Acordo. Cedo. Ovos e uma xícara de café. Sensação boa de conversar com ele já pela manhã. Começo o dia: essa introdução não sai, mas há de sair. Escolhas trágicas ao trabalho, mas favoráveis a mim. Decisão. Academia. Terapia: white people problems (literalmente). Retorno à introdução: de novo. Fim. É hora de prosseguir. Imagens e palavras indecorosas. Durmo, ou tento. Autoescola. Existem ciclos chegando ao fim. Como estará toda a beleza de Fábio Bonafini?

Janeiro, 13 – Acordo. Tarde. Rotina da manhã. Kant. Palavras certeiras de Paula Prado. Kant. Almoço. Fim do gás, início da minha ansiedade. Decido sair, meu corpo e minha mente não sustentam mais a casa. Fico bonita (faz tempo!). E ele não quer, mas me encontra. Conversamos e sentimos muita dor. Nos beijamos e sentimos muito. O medo de machucar quem amamos corrói até o mais bonito dos sentimentos. Ser potencialmente ruim dói, mas dói mais ainda saber que o mal está dentro de você. Que a paz não é possível. Que há que se esperar décadas – séculos – para amar em paz; para sorrir em igualdade. A única esperança é mesmo o amor e as mãos dadas. Abraçar o inferno do outro e conter cotidianamente sua chama.

Janeiro, 14 – Acordo. Na central. Dor de cabeça. Café da manhã com Gabriel e Nathalie. Recordações. Um sol. Uma van. Gabs e Nat vão para a praia por mim, enquanto me enclausuro em busca de uma dissertação (e dinheiro). Antes, casa e almoço. Um banho. Um respiro. Esdras aparece de surpresa e começa a fazer um dia mágico. Tabaco. Milkshake. Voltamos às nossas cruzes. Fim do dia – hora de pálpebras caírem.

Janeiro, 15 – O dia começa na madrugada. Biscoitos mágicos desaceleram o tempo. Sensação de encaixe. Depois, muitos, muitos pensamentos ruins, que não parecem meus. No final da madrugada consigo dormir. Acordo – ou passo o dia tentando acordar – ainda zonza. Café. Tabaco. Um almoço. O final do dia passo na salinha. Estudo. Me desespero por tudo que ainda preciso escrever (e que não sai!). O prazo. O prazo. O prazo. Volto pra casa. Todo meu carinho e admiração pelo Luiz Pedro, e a saudade.

Janeiro, 24 – O cuidado que vem de onde não devia vir, mas vem, traz lembranças da falta daqueles que nos abandonaram pelo meio do caminho. As vezes o cuidado dói, quando não devia doer.

Março, 12 – Não tenho dúvidas, esse será um ano incrível. Muitas experiências, descobertas. Mas não deixo de pensar que queria estar vivendo e descobrindo com ele, compartilhando todas as coisas. Das grandes às pequenas: nada era banal. Infelizmente, estamos separados. Não só por querer, mas por algo em nós que vai além do que conseguimos alcançar. E, certamente, a falta e a dor vai ocupar por muito tempo o lugar que nossas alegrias criaram. E eu só posso pedir que essa sensação de vazio e tristeza passe logo.

jan 11 2023 ∞
feb 15 2024 +