• 01 — irvine welsh porno
    • ⤹ ★★★★☆

você tem que tentar descobrir quem você é e quem você não é. é nossa missão na vida. existem aquelas coisas que a gente abandona com o passar do tempo e as outras que mantemos sempre conosco.

mas é como se ele tivesse aceitado, suas limitações sem ter aprendido a gostar do que possui.

expectativa. eles vão ter essas coisas porque esperam ter elas. como podiam esperar qualquer outra coisa? pessoas como eu e você não esperam coisas desse tipo.

será que eu ainda seria aquela pessoa se tivesse permanecido aqui?

todo o resto das pessoas está simplesmente esmagado pela merda e a mediocridade à sua volta. se nos anos oitenta o termo foi "eu" e nos noventa "isso", no novo milênio é "pseudo". tudo precisa ser vago e segmentado. o conteúdo costumava ser o que importava depois tudo virou estilo. agora é tudo farsa.

  • 02 — j. g. ballard crash
    • ⤹ ★★★★★

o casamento entre a razão e o pesadelo, que tem dominado o século 20, deu origem a um mundo que é cada vez mais ambíguo. pelo cenário das comunicações movem-se os espectros de tecnologias sinistras e os sonhos que o dinheiro pode comprar. sistemas de armas termonucleares e comerciais de bebidas coexistem em um ofuscante reino governado pela publicidade e pseudo-eventos, pela ciência e pela pornografia.

assim como o passado, o futuro também está deixando de existir, devorado por um presente que é todo voracidade. anexamos o futuro ao nosso próprio presente, como mais uma simples alternativa entre as múltiplas que se abrem pra nós.

sinto que o equilíbrio entre a ficção e a realidade alternou-se significativamente na década passada. seus papéis estão sendo cada vez mais invertidos. vivemos em um mundo governado por ficções de toda espécie o merchandising de massa, a publicidade a política conduzida como um ramo da propaganda, a tradução instantânea da ciência e da tecnologia em imagens populares, a crescente mistura e interpenetração de identidades no reino dos bens de consumo, a apropriação pela televisão de qualquer resposta imaginativa. nossa vida é uma grande novela. para o escritor, em particular, torna-se cada vez menos necessário inventar o conteúdo ficcional de sua obra. a ficção já está aí. a tarefa do escritor é inventar a realidade. no passado, sempre consideramos que o mundo exterior em torno de nós representava a realidade, por mais incerta ou confusa que fosse, e que o mundo interior que nossas mentes, seus sonhos, esperanças e ambições representava o reino da fantasia e da imaginação. esses papéis também, me parece, foram invertidos. o mais prudente e efetivo método de lidar com o mundo ao nosso redor consiste em assumir que ele é uma ficção completa e inversamente, que o único e pequeno núcleo de realidade está no interior de nossas próprias cabeças.

qual é a principal tarefa com qual se depara o escritor? pode ele ainda utilizar as técnicas e as perspectivas do romance tradicional do século 19, com sua narrativa linear, sua cronologia medida e seus personagens consulares pretensiosamente povoando seus domínios no interior de uma ampla escala de tempo e de espaço? serão os seus temas principais as fontes do caráter e da personalidade profundamente mergulhadas no passado, a calma inspeção das raízes, o exame das mais sutis nuances do comportamento social e das relações pessoais? tem ainda o escritor autoridade moral para inventar um mundo autossuficiente e fechado, para conduzir seus personagens como um examinador, sabendo todas as questões de antemão? pode ele deixar de lado tudo aquilo que prefere não compreender, inclusive os seus próprios motivos, preconceitos e psicopatologias? sinto que o papel do escritor, sua autoridade para agir, modificaram-se radicalmente. sinto que, em certo sentido, o escritor não sabe de mais nada. ele não tem instância moral. ele oferece ao leitor o conteúdo da sua própria cabeça, oferece um conjunto de opções e alternativas imaginativas. seu papel é o do cientista que, no campo ou no laboratório, se depara com algo completamente desconhecido. tudo que ele pode fazer é estabelecer algumas hipóteses e testá-las contra fatos.

eles são como um ensaio. quando todos tivermos ensaiado nossos papéis individuais, aí é que a coisa vai começar de verdade.

olhando-se aquelas rudes reproduções tinha-se a impressão que toda a minha vida fora passada dentro ou perto de um carro.

  • 03 — jeff kinney diário de um banana
    • ⤹ ★★★★☆
  • 04 — jeff kinney diário de um banana: rodrick é o cara
    • ⤹ ★★★★☆
  • 05 — jeff kinney diário de um banana: a gota d'água
    • ⤹ ★★★☆☆
  • 06 — anthony burgess laranja mecânica
    • ⤹ ★★★★☆

na luta constante para afirmar sua individualidade, das piores maneiras possíveis. contra uma sociedade hipócrita, que longe de conseguir resolver suas contradições, se utiliza de métodos repressivos como se pudesse extirpar o "mal", ignorando que esse é inerente ao homem.

"... a tentativa de impor ao homem, criatura superior e capaz de doçura, a fluir suculentamente, na última fase da criação, dos cantos dos lábios barbudos de deus, tentar impor, digo eu, leis e condições apropriadas pra uma criação mecânica, contra isso eu levanto a minha pena-espada."

eles não procuraram a causa da bondade, por que então ficar cavucando do outro lado? se as líudes são boas é porque gostam, e eu nunca desmancharia os prazeres deles, e do outro lado a mesma coisa. e eu estava defendendo esse lado. mais ainda, a ruindade faz parte do ser, do eu, tanto em mim quanto em vocês do odinoque, e este eu é feito por bog, ou deus, e é o seu grande orgulho e radoste. mas o não-ser não pode aceitar o mal, quer dizer, os do governo, os juízes e os colégios não podem permitir o mal porque não podem permitir a individualidade.

tinham as mesmas ideias, ou falta de.

a gente só morre uma vez. o tapado morreu antes de nascer.

é engraçado como as cores assim do mundo real só parecem realmente reais quando a gente videia elas na tela.

a delimitação é sempre muito difícil. o mundo é um, a vida é uma. as atividades mais doces e celestiais compartilham da violência em alguma medida - o ato do amor, por exemplo; a música, por exemplo. você tem que correr o risco.

você fez a sua escolha e isto é uma consequência da sua escolha. o que quer que venha agora, foi o que você mesmo escolheu.

mas a intenção essencial é o verdadeiro pecado. o homem que cessa de optar deixa de ser um homem.

jan 1 2021 ∞
jun 7 2023 +