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você tem que tentar descobrir quem você é e quem você não é. é nossa missão na vida. existem aquelas coisas que a gente abandona com o passar do tempo e as outras que mantemos sempre conosco.
mas é como se ele tivesse aceitado, suas limitações sem ter aprendido a gostar do que possui.
expectativa. eles vão ter essas coisas porque esperam ter elas. como podiam esperar qualquer outra coisa? pessoas como eu e você não esperam coisas desse tipo.
será que eu ainda seria aquela pessoa se tivesse permanecido aqui?
todo o resto das pessoas está simplesmente esmagado pela merda e a mediocridade à sua volta. se nos anos oitenta o termo foi "eu" e nos noventa "isso", no novo milênio é "pseudo". tudo precisa ser vago e segmentado. o conteúdo costumava ser o que importava depois tudo virou estilo. agora é tudo farsa.
o casamento entre a razão e o pesadelo, que tem dominado o século 20, deu origem a um mundo que é cada vez mais ambíguo. pelo cenário das comunicações movem-se os espectros de tecnologias sinistras e os sonhos que o dinheiro pode comprar. sistemas de armas termonucleares e comerciais de bebidas coexistem em um ofuscante reino governado pela publicidade e pseudo-eventos, pela ciência e pela pornografia.
assim como o passado, o futuro também está deixando de existir, devorado por um presente que é todo voracidade. anexamos o futuro ao nosso próprio presente, como mais uma simples alternativa entre as múltiplas que se abrem pra nós.
sinto que o equilíbrio entre a ficção e a realidade alternou-se significativamente na década passada. seus papéis estão sendo cada vez mais invertidos. vivemos em um mundo governado por ficções de toda espécie o merchandising de massa, a publicidade a política conduzida como um ramo da propaganda, a tradução instantânea da ciência e da tecnologia em imagens populares, a crescente mistura e interpenetração de identidades no reino dos bens de consumo, a apropriação pela televisão de qualquer resposta imaginativa. nossa vida é uma grande novela. para o escritor, em particular, torna-se cada vez menos necessário inventar o conteúdo ficcional de sua obra. a ficção já está aí. a tarefa do escritor é inventar a realidade. no passado, sempre consideramos que o mundo exterior em torno de nós representava a realidade, por mais incerta ou confusa que fosse, e que o mundo interior que nossas mentes, seus sonhos, esperanças e ambições representava o reino da fantasia e da imaginação. esses papéis também, me parece, foram invertidos. o mais prudente e efetivo método de lidar com o mundo ao nosso redor consiste em assumir que ele é uma ficção completa e inversamente, que o único e pequeno núcleo de realidade está no interior de nossas próprias cabeças.
qual é a principal tarefa com qual se depara o escritor? pode ele ainda utilizar as técnicas e as perspectivas do romance tradicional do século 19, com sua narrativa linear, sua cronologia medida e seus personagens consulares pretensiosamente povoando seus domínios no interior de uma ampla escala de tempo e de espaço? serão os seus temas principais as fontes do caráter e da personalidade profundamente mergulhadas no passado, a calma inspeção das raízes, o exame das mais sutis nuances do comportamento social e das relações pessoais? tem ainda o escritor autoridade moral para inventar um mundo autossuficiente e fechado, para conduzir seus personagens como um examinador, sabendo todas as questões de antemão? pode ele deixar de lado tudo aquilo que prefere não compreender, inclusive os seus próprios motivos, preconceitos e psicopatologias? sinto que o papel do escritor, sua autoridade para agir, modificaram-se radicalmente. sinto que, em certo sentido, o escritor não sabe de mais nada. ele não tem instância moral. ele oferece ao leitor o conteúdo da sua própria cabeça, oferece um conjunto de opções e alternativas imaginativas. seu papel é o do cientista que, no campo ou no laboratório, se depara com algo completamente desconhecido. tudo que ele pode fazer é estabelecer algumas hipóteses e testá-las contra fatos.
eles são como um ensaio. quando todos tivermos ensaiado nossos papéis individuais, aí é que a coisa vai começar de verdade.
olhando-se aquelas rudes reproduções tinha-se a impressão que toda a minha vida fora passada dentro ou perto de um carro.
na luta constante para afirmar sua individualidade, das piores maneiras possíveis. contra uma sociedade hipócrita, que longe de conseguir resolver suas contradições, se utiliza de métodos repressivos como se pudesse extirpar o "mal", ignorando que esse é inerente ao homem.
"... a tentativa de impor ao homem, criatura superior e capaz de doçura, a fluir suculentamente, na última fase da criação, dos cantos dos lábios barbudos de deus, tentar impor, digo eu, leis e condições apropriadas pra uma criação mecânica, contra isso eu levanto a minha pena-espada."
eles não procuraram a causa da bondade, por que então ficar cavucando do outro lado? se as líudes são boas é porque gostam, e eu nunca desmancharia os prazeres deles, e do outro lado a mesma coisa. e eu estava defendendo esse lado. mais ainda, a ruindade faz parte do ser, do eu, tanto em mim quanto em vocês do odinoque, e este eu é feito por bog, ou deus, e é o seu grande orgulho e radoste. mas o não-ser não pode aceitar o mal, quer dizer, os do governo, os juízes e os colégios não podem permitir o mal porque não podem permitir a individualidade.
tinham as mesmas ideias, ou falta de.
a gente só morre uma vez. o tapado morreu antes de nascer.
é engraçado como as cores assim do mundo real só parecem realmente reais quando a gente videia elas na tela.
a delimitação é sempre muito difícil. o mundo é um, a vida é uma. as atividades mais doces e celestiais compartilham da violência em alguma medida - o ato do amor, por exemplo; a música, por exemplo. você tem que correr o risco.
você fez a sua escolha e isto é uma consequência da sua escolha. o que quer que venha agora, foi o que você mesmo escolheu.
mas a intenção essencial é o verdadeiro pecado. o homem que cessa de optar deixa de ser um homem.