• 01 — mario de andrade macunaima
    • ⤹ ★☆☆☆☆
  • 02 — caio fernando abreu morangos mofados
    • ⤹ ★★★☆☆

não se esquive do fato de haver uma história em suspenso aqui, não digamos assim, pois uma história jamais fica suspensa: ela se consuma no que se interrompe, ela é cheia de pontos finais internos, o que a gente imagina que poderia ser talvez uma continuação às vezes não passa de um novo capítulo, eventualmente conservando as mesmas personagens do anterior, mas seguindo uma ordem cujas regras nos são ilusoriamente às vezes familiares? ou inteiramente aleatórias? isso eu não sei.

não choro mais. na verdade, nem sequer entendo por que digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. acho que sim, um dia. quando havia dor. agora só resta uma coisa seca. dentro, fora.

sou mais brontë, qualquer das trÊs.

  • 03 — milan kundera encounter
    • ⤹ ★★☆☆☆

nowadays too many paintings are trying to frighten us, and instead they bore us. terror is not an aesthetic sensation, and the horror found in tolstoy's novels is never there to frighten us.

a curious thing: the characters who laugh the most in the book are not the ones with the greatest sense of humor; on the contrary, they are those who have none at all.

such are the splendor ans miseries of memory: it is proud of its ability to keep truthful track of the logical sequence of past events; but when it comes to how we experienced them ate the same time, memory feels no obligation to truth. thinking to suppress those few lines, memory did not feel guilty of any lie. it may have considered lying, but wasn't it in the name of truth?

  • 04 — clarice lispector água viva
    • ⤹ ★★★☆☆

quero morrer com vida.

porque estou cansada de me defender. sou inocente. até ingênua porque me entrego sem garantias. nasci por ordem. estou inteiramente tranquila. respiro por ordem. não tenho estilo de vida: atingi o impessoal, o que é tão díficil. daqui a pouco a ordem vai me mandar ultrapassar o máximo. ultrapassar o máximo é viver o elemento puro. tem pessoas que não aguentam: vomitam. mas eu estou habituada ao sangue.

mesmo para os descrentes há o instante do desespero que é divino: a ausência de deus é um ato de religião. neste mesmo instante estou pedindo ao deus que me ajude. estou precisando. precisando mais do que a força humana. sou forte mas também destrutiva. o deus tem que vir a mim já que eu não tenho ido a ele. que o deus venha: por favor. mesmo que eu não mereça. venha. ou talvez os que menos merecem mais precisem. sou inquieta e áspera e desesperançada. embora amor dentro de mim eu tenha. só que não sei usar amor. às vezes me arranha como se fossem farpas. se tanto amor dentro de mim recebi e no entanto continuo inquieta é porque preciso que o deus venha. venha antes que seja tarde demais.

adoro orquídeas. já nascem artificiais, já nascem arte.

  • 05 — stephanie garber spectacular
    • ⤹ ★★★☆☆
jan 6 2025 ∞
jan 22 2025 +