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É dia.
Eu ouço o cantar dos passarinhos, o espreguiçar das árvores e o chiar da chaleira. Olho para a janela e vejo o princípio de um arco-íris.
Eu sempre tive curiosidade em saber o que há no final de um arco-íris. Não acredito que seja um duende que guarda um pote de ouro. É um conceito pequeno demais demais para algo tão grandioso. Caminho até o parque e sento na grama molhada. A tempestade de ontem foi assustadora. Mas tudo o que há agora é um arco-íris e todo o mistério poético de suas cores.
É engraçado pensar nos sentimentos que as coisas inanimadas nos trazem. Como a tristeza que veio com a tempestade de ontem. Sempre procuramos algo que projetar nós mesmos, quase como as sombras nas poças d'água, ou o reflexo da lua no lago. Esquecemos que tudo está ali. Intacto. Estático. Apenas esperando por um caleidoscópio de interpretações.
E quando percebo que no lugar do arco-íris agora há pontinhos brilhantes, consigo enxergar o que há no seu fim. Ele mesmo. Com suas cores e mistificações. Atravessando o céu depois da garoa serena e da tempestade intensa.
Intacto e estático.
Esperando pelo amanhecer, o cantar dos passarinhos, o espreguiçar das árvores e o chiar da chaleira.
Apenas querendo ser.