semiótica é a teoria geral das representações, que leva em conta os signos sob todas as formas e manifestações que assumem (linguísticas ou não).
- signo → representação de algo que se atribui valor, significado ou sentido. é aberto à interpretação.
- ↳ exemplo: a palavra maçã.
- sentido → é a compreensão de algo, formada através de um estímulo físico que gera entendimento. acontece entre a relação entre o EU e o OUTRO/ALGO.
- significante → aspecto sensorial do signo.
- forma, continente, material.
- significado → aspecto compreensível do signo.
- conceito, mensagem, interpretação.
- juntos, o significante e o significado constituem a significação, elemento essencial do signo. é a harmonia entre a percepção e o entendimento.
- precisamos dar sentido às coisas - ou, precisamos dar sentido a um signo e, para isso, criamos uma coisa.
- presente pela ausência → muitas vezes, notamos a falta de alguma coisa mais do que a presença dela.
- ▻ matriz cultural, ou fontes soviéticas → época de efervescência cultural, de muitos estudos e pesquisas. nesta matriz, associamos as coisas pelo filtro cultural.
- ▻ matriz saussuriana → língua (e fala) na sociedade pode ser expressa de maneiras diferentes.
- ▻ matriz pierciana → atribuímos sentido através da relação entre signo-coisa.
- ↳ exemplo: vermelho + carro + caro = ferrari.
além disso, pierce criou 3 categorias que são necessárias para o entendimento de um signo:
- primeiridade → é tudo que está presente à consciência em um determinado instante. refere-se a todo aspecto de qualidade gerado por vivenciar tal experiência. é espontâneo e imediado, original e livre.
- ↳ exemplo: compreensão superficial de um texto.
- secundidade → é a reflexão envolvida no processo de primeiridade. quando o observador faz uma comparação com experiências e situações vividas por ele.
- ↳ exemplo: quando se lê o texto com profundidade e extrema compreensão do conteúdo.
- terceiridade → é a atitude/ação que é tomada após a reflexão dos processos anteriores. é o pensamento em signos, a qual representamos e interpretamos.
- ↳ exemplo: o que se decide fazer após obter a informação da leitura do texto.
- outro exemplo das 3 categorias de pierce → você abre a janela de manhã, em um dia ensolarado.
- primeiridade → sensação de liberdade e paz.
- secundidade → é o instante em que você percebe a experiência - você sente que o sol está batendo em seu rosto.
- terceiridade → a ação de sair do sol, pois está muito quente sobre seu rosto. é a interpretação.
diante da diversidade de signos, estudiosos buscam uma forma de agrupá-los em tipos característicos. geralmente, os signos são classificados de acordo com a maneira pela qual funcionam. a classificação mais simples e mais utilizada foi criada por pierce, e distingue os signos em três espécies que correspondem a três tipos diferente de semiose (processo de produção de significados). são:
- ícones → signos que guardam uma relação de semelhança com o que representam.
- ↳ exemplo: fotografias, desenhos, representações figuradas, estátuas, filmes, imagens.
- símbolos → são mais complexos e não possuem semelhança com a coisa representada. a relação é puramente convencional - pra compreender um símbolo, é preciso aprender o que ele significa.
- ↳ exemplo: logotipos, símbolos próprios de matemática.
- índices → foi um dos primeiros signos usados pelo ser humano. estabelece uma associação de uma coisa à outra através da experiência adquirida.
- ↳ exemplo: nuvens negras que indicam chuva, marcas de pegadas que indicam passagem de outro ser.
texto na semiótica
- o texto é objeto semiótico. ele pode ser objeto visual, textual ou oral.
- o texto sintético é aquele que mistura mais de uma linguagem.
- planos do conteúdo e da expressão (homologáveis):
- expressão → onde as qualidades sensíveis se manifestam.
- ↳ exemplo: poema concreto sobre a televisão → explicação sobre as cores, os formatos, etc - como as coisas se expressam.
- conteúdo → onde as significações nascem das variações diferenciais de cada cultura.
- ↳ exemplo: poema concreto sobre a televisão → quando se explica as críticas e o que as cores e formas anteriormente citadas na expressão significam.
- a semiótica se divide em nível do discurso e nível da narrativa.
- conceito de veridicção → um discurso ou um texto será verdadeiro quando for interpretado ou dito como verdadeiro (dizer-verdadeiro).
percurso gerativo
- para entender um texto, é necessário um percurso gerativo.
- percurso → caminho para entender o texto.
- gerativo → entender como o sentido foi construído.
- entende-se algo desde o sentido mais simples e abstrato (profundo), até o mais complexo e concreto (superficial).
- ↳ exemplo: sentido simples é dizer que um filme é sobre vingança. o sentido complexo está no enredo, nos atores, na construção do filme.
- ↳ o nível superficial é o mais próximo da manifestação textual. as estruturas discursivas são mais complexas e mais específicas que as estruturas narrativas fundamentais (nível simples e profundo).
- o percurso é mais notável, por exemplo, em filmes de princesas, onde a história e os objetivos das princesas são, no plano mais profundo (simples), o mesmo: a busca pelo príncipe encantado, a distância da bruxa má, o beijo de amor verdadeiro, etc.
- quando se cria um discurso para as massas, ele não pode ser muito divergente do que é considerado normal e padrão na sociedade.
- ↳ cria-se, então, um modelo que nunca muda, pois, se for um discurso que gera motivos para se pensar diferente, causa-se um distanciamento do pensamento padrão.
- ↳ filmes da disney são de cultura de massa. apesar desse enredo típico, os filmes de princesa estão pouco a pouco mudando de formato, com princesas mais independentes e tridimensionais - no entanto, apesar das mudanças, o sentido mais simples ainda é o mesmo em todas as histórias: o felizes para sempre nos finais dos filmes.
sintaxe discursiva
- sintaxe → fundamento lógico da estrutura do texto.
- a semiótica não se interessa pelos "autores reais" - cada texto carrega uma imagem construída de quem o fez e de quem quer atingir.
- na sintaxe discursiva, existem:
- atores → eu, tu, ele.
- espaço → aqui, alhures.
- tempo → agora, então.
- debreagem enunciativa → eu, aqui, agora (destinador: 1ª pessoa).
- debreagem enunciva → ele, lá, então (destinador: 3ª pessoa).
- efeito de objetividade, de dizer o verdadeiro.
- embreagem → quando o indivíduo refere-se a si mesmo em 3ª pessoa (delegação de voz).
- é o mito, quando se mistura o humano com o divino.
semântica discrusiva
- tematização → formulação abstrata dos valores narrativos, disseminação do percurso por meio de traços semânticos.
- figuratização → conteúdos mais "concretos" (remetem ao mundo natural) recobrem os temas abstratos.
- formantes matérico, cromático e eidético (forma).
- ↳ exemplo: ilustração/propaganda do bolsa família.
construção de repertório → tarsila do amaral
- ↳ percurso gerativo → os operários, 1931
semântica discursiva
- atores → são os operários. sabe-se disso porque o cenário contém uma fábrica.
- espaço → fábrica, indústria.
- tempo → o agora. pelas informações da obra, sabe-se que ela retrata operários de fábrica da década de 1930 - no entanto, o tempo do discurso é tanto o aqui/agora (em relação ao EU, interpretando a obra neste momento), quanto a época de 1930.
- é um momento da OBRA quando a associamos ao imigrante que saía de seus países para trabalhar e morar nas fábricas, em 1930.
- quando pensamos nestas fábricas nos tempos atuais, nós, sujeitos da enunciação, nos tornamos parte daqueles operários - também possuímos nosso próprio discurso no espaço dos outros (neste caso, no espaço da obra).
semântica discursiva
- temática → operários, indústrias.
- figuratização:
- cores → azul do céu, escala de cinza, cores das pessoas ("monocromatismo" das etnias).
- formas (eidético) → pirâmide (social). os operários são a base da pirâmide → são menos favorecidos, estão em maior número.
- rostos sobrepostos;
- expressões cansadas;
- a fábrica não para de funcionar (nota-se a fumaça saindo da chaminé).