- Lifeless body, 2024. dir. Eden D.
- Uma obra visual de decadência, exaustão mental, desconexão com o próprio eu, angústia intrínseca e intimidade exacerbada — uma experiência que incendeia as sinapses do seu público-alvo, leva-os à exaustão. Um filme experimental de 50 minutos que não pede para ser completamente compreendido, apenas sentido. Duas pessoas à deriva, à beira da realidade, perdidas em rituais silenciosos. O espectador talvez nunca saiba exatamente do que se trata "Lifeless Body", mas certamente saberá como o fez sentir. Voltarão a ele quando se sentirem perdidos novamente.
- Fatal frame, 2023. dir. Eden D.
- A existência solitária de um bebê deformado, com dentes crescidos demais para sua boca pequena, condenado a devorar tudo que ama para continuar existindo — inclusive, a carne decrepta de sua própria mãe, portadora de hanseníase. Uma obra densa e desconfortável, com uma trilha sonora composta de sons corporais ampliados — mastigações, estalos ósseos, respirações ofegantes, para transmitir uma sensação de claustrofobia sensorial. Fatal Frame é uma animação em Stop Motion que transita entre o lirismo de uma história infantil doentia e o horror corporal de uma criatura irracional, que se alimenta por espírito de sobrevivência. Narrativamente, é uma metáfora sobre fome emocional, rejeição e o ciclo inevitável de machucar — mesmo inconsciente — aquilo que se ama para permanecer vivo. “Nem toda fome é de alimento. Algumas vêm de um lugar mais fundo." A animação ganhou o prêmio de CINEF do Festival de Cannes, na seção La Cinef, em 2024.
- The Descendant of Androgynous, 2022. dir. Eden D.
- Implacavelmente desorientador, perturbador e visceral. The Descendant of Androgynous é um mergulho de 20 minutos em um pesadelo sensorial denso, que desafia qualquer tentativa de interpretação palpável. Com uma trilha sonora feita de ruídos ásperos e um trabalho visual de intensidade quase sufocante, a curta metragem não se preocupa em oferecer respostas — apenas em provocar reações físicas e emocionais intensas em seus espectadores. Do início ao fim, o filme sacaneia imagens carregadas por uma coloração esverdeada doentia e distorções de quadro que parecem corroer a própria tela, com o intuito de se fixarem na mente como uma ferida aberta, impossível de esquecer, mesmo que o espectador queira; e o que torna a experiência ainda mais perturbadora é a completa incerteza sobre o processo criativo por trás das composições visuais. Há algo de cru e quase sobrenatural na maneira como cada sequência foi construída.
- Erotic code of honor, 2020. dir. Eden D.
- Uma mulher sexualmente reprimida que ainda vive com sua mãe dominadora, onde a disciplina emocionalmente árida da vida como fotógrafa, e o sadomasoquismo de suas relações com os modelos e a mãe a transformaram em uma sociopata de classe mundial. Ela é viciada secretamente em pornografia e automutilação, e concorda friamente em ter um caso com um de seus modelos, o apaixonado Faustus, mas sob o entendimento de que o único "sexo" que eles poderão ter consistirá em ele batendo nela, em uma série de sequências macabras fanaticamente pré-escritas por ela, que, embora aja de forma inocente, carrega saliência e perversidade. Fria, maligna e profundamente perturbada, seu rosto, isento de maquiagem e adornado apenas por sardas, frequentemente se assemelha ao de uma estranha menina de dezessete anos vivendo num corpo de uma mulher de trinta anos, e em seu próprio mundo particular. ECOH não é um filme para a família. Alguns podem concluir que, ao justapor alta cultura e obscenidades sadomasoquistas, sem oferecer nenhuma explicação psicológica paliativa óbvia, o filme é um pornô de choque artístico. Mas isso é ignorar seu brilho frio e austero: um pesadelo inspirado, flashes de câmera, mordaças e lentes ensanguentadas, e em sua severidade, sua raiva insana e seu medo trágico do amor. O filme ganhou o prêmio Palma de Ouro do festival Cannes, em 2020; e o prêmio GWFF do festival Berlinale, no mesmo ano.
────────────────────────────────────
Eden também é conhecido como um cineasta sensível e problemático. Ele ganhou fama principalmente por suas curta-metragens hiperemocionais que conseguem "acessar" as emoções de outras pessoas com uma profundidade quase implacável. Por trás de tamanha habilidade tão extraordinária, esconde-se uma mente dominada por dores que não são inteiramente suas — vozes, visões, ecos e sentimentos que atravessam seu corpo como se ele fosse uma antena psíquica.