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a solidão necessária para aproximar-se do outro
nao, da outra.
para se enxergar e pôr no papel
melhor, na folha.
para que uma mulher passe os olhos
não, a visao
sobre todo meu corpo
perdão, minha matéria e substância.
e possa ler nas entrelinhas e linhas de expressão
nas marcas
não de roupa, mas de tempo
droga, a idade
todas elas inscritas na minha pele
um discurso
não, uma palestra
sobre o ser nós e o ser eu
sobre a coletividade
impressa na individua
sujeitas subjetivas não subordinadas
todo meu escrito é mulher
ou melhor, toda minha escrita
é mulher
para mulher, de mulher, em mulher
mesmo que nao se saiba o que é
essas letras são mulheres
a tinta impressa será mulher
o toque no teclado foi mulher
os olhos que lêem são mulheres
tudo que sai de mim
tudo que sai de mim
tudo que sai de mim se esvai pra preencher
nós
mulher
minha dor é mulher
minha amor é mulher
minha pensar é mulher
minha escrever, também mulher
minha verbo é verba
que sustenta o ser mulher
a poesia nada poética dessa linharada escrita por uma
mulher
que nao sabe fazer poesia
mas sente poesia na carne
e sabe quem é
e é mulher
visível, saída da terra enterrada
saída da casa trancada
saída da sombra
e se perguntarem se importa ser mulher
eu digo sou
e se perguntarem o que é mulher
eu respondo sou
e se mandarem calar a mulher
eu grito sou
e saio mulher
de mãos dadas com outra.
(Thalita Coelho)