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┈─ ⋆ december, flαshbαck…

‎ Em Dezembro, o clima sempre ficava terrivelmente frio, bem mais do que o hábito. A mulher, no entanto, gostava da ideia de mais um ano ter sido finalizado. Ela esperou por tanto tempo, sua alma ficara mais velha enquanto aguardava pacientemente o momento propício para finalmente obter seu maior desejo. Naquele momento, ela estava apoiada na balaustrada do mezanino fitando as camadas de neve se aglomerando nos espaços livres do jardim. Algumas coisas precisavam mudar naquela altura da história, ela pretendia ser justamente lembrada como a detentora de poder suficiente para fazer com que todos os vampiros se curvem diante sua existência. Era a única a saber o melhor para sua espécie, usaria de tal sabedoria para guiar cada um deles, tal como a sacerdotisa Lilith. Enquanto divagava sobre se tornar uma divindade, uma segunda presença preencheu o espaço entre os dois e a tomou pela cintura com possessividade.

‎ — Você demorou. — A voz da vampira escondia uma falsa decepção, era fácil manipular um dos membros mais influentes do clã Luminaris.

‎ — Precisei lidar com minha esposa antes de conseguir chegar até você. — Sussurrou conforme depositou um selar na lateral do rosto da amante, isso fez com que ela se virasse para fitar os olhos brilhantes de Lucius.

‎ — Precisamos ser mais rápidos com as suposições que colocamos no diário, é importante encontrarmos sentido sobre onde aparecerá o primeiro fragmento. — As pontas dos dígitos correram em torno da superfície da pele de porcelana. — Icarus Voss será nossa vítima perfeita, já chegou até a Corte como distribuiu pedidos para seus membros de encontrarem o Orbe e levarem para ele. Tão tolo, tão imprudente…

‎ — É a maior característica dele, estou tentando ser muito cuidadoso. Mesmo tendo influência dentro do clã, não posso levantar desconfiança alguma. Aurelius Thorne não é idiota, longe disso…

‎ — Eu te amo tanto, obrigada por compreender os motivos de minhas ações e estar protegendo meus segredos. — Aquela frase saiu como veneno da boca da mulher que, em silêncio, arquitetava qual seria o melhor momento de se livrar de Lucius.

‎ — Faria qualquer coisa por você. — O vampiro murmurou com franqueza enquanto beijava a mulher que estava usando-o apenas para chegar até o fragmento do artefato.

⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀┈─ ⋆ Nᴏᴡ…

‎ Datava séculos desde que o Profeta Malachai vira uma tensão tão grande naquela sala de reuniões, os integrantes do governo fitavam uns aos outros com desconfiança, alternando suas atenções para os líderes dos clãs logo depois. Todos tinham assumido seus lugares com um silêncio mortal, como se esperassem quem seria ousado o suficiente para jogar as consequências dos atos como pauta primeiro. O selecionado da vez foi Supremo Aurelius Thorne, levantou-se ruidosamente de seu assento com o terno bem alinhado, mas com uma expressão atormentadora. Sua decepção e desespero eram tangentes, a mistura podia ser sentida até nos ossos de cada um deles.

‎ — Não tolerarei isso, o ataque ao meu clã foi a maior humilhação sofrida em séculos. Uma prova de brutalidade, ingenuidade e falta de noção. Como se realmente desconhecessem todas as consequências possíveis de se ter aquele artefato em mãos, dei minha vida e meu sangue para a proteção do elemento. Para proteger a nossa raça eu… — Uma pequeno sorriso se formou no rosto de Icarus Voss, sendo captado pelos olhos de Aurelius. — Não vou mais usar da cordialidade, atacarei com força se isso voltar a acontecer. Não serei mais o vampiro compreensivo, vou proteger meu clã e esse artefato, mesmo precisando matar um de vocês.

‎ — Reconhecemos seus esforços contínuos, Aurelius. Somos extremamente gratos por eles, você sabe bem disso. Mas devemos considerar a culpabilização e responsabilização formais antes de atacar qualquer um, não existe como ter certeza sobre quem ou o quê… — A frase de Elara Luminaris pairou no ar.

‎ — Existe a possibilidade de terem sido Strigois? De estarmos apontando o dedo uns para os outros quando os verdadeiros culpados estão lá fora? — Seraphina perambulou os rostos com o olhar, causando uma série de murmúrios os quais ganhavam os arcos do espaço aberto.

‎ — Silêncio! — Profeta Malachai bateu ambas as palmas contra a superfície da mesa quando se levantou da cadeira. — Isso não é obra dos Strigois. É obra de vampiros, espertos e manipuladores. Lucius é nossa maior prova, alguém o manipulou ao ponto de fazê-lo desistir do maior bem de um vampiro no nosso mundo, a lealdade.

‎ — Então devemos acabar logo com isso. — Constance assumiu a responsabilidade de conduzir o debate. — Icarus, por que não assume sua culpa de uma vez por todas? — O silêncio mortal voltou a cair pela sala, todos se mexeram desconfortavelmente nas cadeiras como se não quisessem tomar posição, mas compartilhassem da questão colocada pela líder da Corte das Sombras. Icarus fitou os olhos da mulher por um longo tempo, deixando finalmente uma risada ser proferida.

‎ — Sua vadia, como ousa me culpar por algo que não tem prova nenhuma? — Constance bateu as mãos contra a mesa com fúria.

‎ — Como ousa me desrespeitar nesse nível, seu verme? — Voss riu antes de também se erguer com a mesma fúria.

‎ — Você começou com acusações infundadas, se acha no direito de acusar alguém? Por que não faz o seu trabalho direito? Talvez isso não estivesse acontecendo, só se você quisesse… — Os olhos da mulher brilharam antes de arranhar a superfície da mesa com as unhas.

‎ — Eu vou matar você. — Proferiu com um sorriso sádico.

‎ — Você pode tentar. — Icarus rebateu com a mesma expressão inflexível, ambos estavam prestes a entrar numa batalha sangrenta bem no meio da reunião. Constance avançou e tudo teria acontecido, caso Eamon Darkwood não tivesse contido a mulher.

‎ — Chega! Como ousam escandalizar uma reunião dessas? — O Profeta Malachai aparentava estar profundamente horrorizado enquanto observava aquela cena. — Constance, tenha modos e lembre de qual seu papel aqui. Icarus, meça suas palavras ao falar com os membros do governo. Nós temos motivos plausíveis para desconfiar de sua conduta, inclusive informações quanto ao fato de que pediu para os membros de seu clã procurarem o artefato e levarem até você.

‎ — Francamente, vocês acham mesmo que eu estaria tão infeliz se fosse o responsável? — Indagou olhando para cada um dos membros ali, especialmente para Constance. — Todos vocês desejam aquele maldito pedaço de pedra, a única diferença entre nós é que eu falo abertamente sobre meus desejos, diferente de vocês agindo pelas sombras e tentando encontrar quem culpabilizar.

‎ — Icarus, você não está numa boa posição para continuar latindo desse jeito. Sempre deixou claro como seu desejo era o Orbe, não pode nos culpar por apontar em sua direção imediatamente. — A voz de Valéria Thornfield chegou em Icarus como trovão, resgatando ainda mais fúria do líder.

‎ — Se você e seus subordinados tivessem feito um trabalho melhor não estaríamos precisando ter essa conversa, mas talvez exista muito interesse da sua parte em me culpar também. Seria realmente impossível o Orbe estar dentro dos seus aposentos nesse exato momento, Thornfield? — Os murmúrios voltaram a tomar conta da sala, dessa vez num pandemônio caótico o suficiente para não ter condições de reorganizar uma reunião.

‎ — Tu és realmente repugnante, Voss. — Valéria levantou-se, seguida por Rodrigo Serpentis.

‎ — Todos vocês podem ser culpados, a única coisa da qual podem me acusar é de uma fala. Não agi em prol de deixar os últimos acontecimentos serem possíveis, sou apenas um líder de clã. Já vocês, estão envolvidos diretamente no governo, falhando com a segurança e espalhando informações que poderiam ser usadas para culpar um dos líderes dos clãs. Qualquer um de vocês pode ser culpado… — Icarus levantava o som da voz e gesticulava freneticamente enquanto Profeta Malachai exigia que ele calasse a boca, foi a última coisa que Valéria ouviu quando saiu pelas portas duplas.

‎ Ela marchou em silêncio com Rodrigo ao seu lado, estava possuída pelo ódio e pela decepção de todos os acontecimentos. Mesmo não dando nenhuma importância para a existência de Icarus Voss, suas acusações refletiam diretamente no papel da mulher como Guardiã, e aquilo a afetava de maneiras muito profundas. Permaneceu remoendo tais questões, quando um terceiro conjunto de passos se juntou aos deles.

‎ — Valéria… — Ela se virou para dar de cara com Octavius Sanguinarius, vice-líder da Corte das Sombras. — Não foi ele.

‎ — Ele deixou bem claro suas intenções, Octavius. Até mesmo Constance concorda com isso, por que acreditas em algo diferente? — A Guardiã indagou com curiosidade, especialmente por não ser do feitio do vampiro compartilhar qualquer pensamento com ela.

‎ — Sou um Sanguinarius, prezo muito pelo meu clã e meus laços de sangue. Icarus herdou nossas características mais marcantes, isso inclui o desejo pelo poder ilimitado, o orgulho e a impulsividade. — Ele parou por um momento, checando os lados como se hesitasse em continuar falando. — Tem algo macabro na Corte das Sombras. Não sei o que exatamente está errado, mas algo muito ruim está acontecendo, Valéria.

‎ — Algo muito ruim? O que quer dizer com isso? É muito vago, preciso de algo mais conciso. — O Sanguinarius balançou a cabeça violentamente e passou pelo lado dos dois Guardiões com pressa, prestes a desaparecer pelas sombras. Valéria fez menção de segui-lo, mas ele levantou a destra bruscamente e balançou a cabeça como em estado de negação.

‎ — Não foi o Icarus, não acho que foi o Icarus. Tem algo muito errado nisso tudo. — E com essas últimas palavras, Octavius sumiu como se nunca estivesse estado ali.

feb 28 2024 ∞
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