⠀ ⠀ Assim que a cerimônia de graduação chegou ao fim, os membros da Máscara levantaram-se de seus assentos e caminharam em passos silenciosos até a majestosa sala de reuniões do Palácio de Valáquia. O local, adornado com tapeçarias antigas e móveis esculpidos à mão. Uma lareira crepitante iluminava sutilmente os rostos sombrios dos presentes, destacando suas expressões sérias e preocupadas. Alicia King, vice-líder da Corte das Sombras, ergueu-se com autoridade, seus olhos penetrantes percorrendo a sala com determinação. Seu cabelo negro como ébano caía em cascata sobre os ombros, adicionando um toque de elegância à sua figura imponente.

— Saudações, caros membros da Máscara e líderes dos clãs. Que todos sejam agraciados pela sacerdotisa Lilith. — iniciou, sua voz ecoando com uma ressonância que comandava atenção. — O ministério da Corte das Sombras vem, por meio desta reunião, expor as inquietações em torno dos últimos eventos. Em primeiro lugar, agradecemos ao Guardião do Véu por ter capturado a Constance, um problema a menos por resolver-se, mas, no entanto, não deveremos esquecer que existem outras questões nas quais deverão ser trabalhadas.

Rodrigo Serpentis ajustou sua postura, suas feições se tornando ainda mais intimidadoras à luz das chamas dançantes. Sua presença imponente parecia preencher todo o espaço, impondo respeito aos presentes.

— A localização da segunda parte da Orbe da Lua Obscura e o paradeiro do Codex das Sombras são questões de extrema importância — prosseguiu Alicia, sua voz ecoando com autoridade. — Como guardiões do véu, é vosso dever proteger nossa sociedade de todas as ameaças e resolver esses conflitos o mais rápido possível.

Mas antes que ela pudesse continuar, uma risada sarcástica cortou o ar, perturbando a solenidade da reunião. Icarus, um dos membros mais controversos da Máscara, brincava com sua taça de vinho, seus olhos faiscando com malícia.

— O que há de tão engraçado, Senhor Voss.

Questionou Alicia, seu olhar duro fixando-se no intruso.Icarus ergueu um sobrancelha com desdém, seu sorriso cínico revelando seu desdém pelas formalidades.

— Você está cobrando do Guardião do Véu coisas, quando a Corte das Sombras sequer foi capaz de prever os ataques dos caçadores — provocou ele, sua voz carregada de desprezo. — Afinal, de que adianta o véu se nossos inimigos já estão entre nós e a corte das sombras sequer foi capaz de prever isso?

O murmúrio agitado se espalhou pela sala, revelando o desconforto e a incerteza entre os presentes. Mas Alicia permaneceu inabalável, sua determinação inquebrável diante das críticas.

— Alguns de vocês não podem lembrar-se disso porque aconteceu há milhares de anos, mas nem sempre o surgimento da Orbe trouxe tantos eventos maus nesses níveis. Não devemos perder o nosso tempo culpando um ao outro pelas situações. Devemos encontrar formas viáveis de lidar com isso, pois são ataques de vários lugares. A Transylvania não me parece mais ser um lugar seguro. Acredito que deveríamos deixar a sede e retomar para as nossas origens.

— Isso implica levar a Orbe com vocês? De jeito nenhum. Vocês, Luminaris, são uma...

— Chega, Icarus. Tenha no mínimo um pouco de respeito. Tu és um Supremo; tente comportar-se como um — proferiu Elara Luminaris. — Se você odeia ou não os Luminaris, isso é um problema teu, mas poupe-nos dos teus comentários e foque somente nas questões que lhe dizem respeito. Não irei tolerar mais nenhum insulto teu referente ao clã.

— Concordo com o Aurelius. A Transylvania não é mais um lugar seguro e eu, como a líder do clã Serpentis, devo sempre zelar pelo bem dos meus Serpentis. Resolvemos fazer disso aqui a sede do nosso clã porque teríamos mais participação nas tomadas de decisões e ligações diretas com a nossa cultura vampírica. Mas, no entanto, estamos longe daquilo que são os hábitos e costumes dos Serpentis, nossos valores, poderes. Adaptar-se aqui não é fácil, ainda mais quando não existem muitas vantagens. Os caçadores são nossos inimigos há anos; no entanto, eles parecem estar cada vez mais ousados e sem medo de invadirem o nosso território, como se soubessem onde deveriam estar.

— Você está cogitando a ideia de existir um informante ou uma conspiração contra os vampiros? — Lorde Eamon Darkwood questionou, um tanto quanto pensativo. — A lista foi divulgada; todos ali presentes, com exceção da Raphaela, ainda estavam vivos, ou seja, aquela lista foi feita há muito tempo, mas no entanto, eles não tinham urgência em matar os demais antes de começarem a se destacar. — Seu olhar foi em direção ao profeta Malachai. — A Raphaela não era uma das tuas aprendizes?

— Sim, ela foi uma das que teve visão sobre o surgimento da Orbe e estávamos a treiná-la para que pudesse aguentar as visões.

— Mais alguém além da Máscara sabia disso? — Octavius questionou.

— A Mother Gaia — a voz de Eva Nocturna ecoou pelo local. A vampira, assim como um Nocturna, tinha a capacidade natural de tornar-se invisível diante de todos, mesmo estando ali.

— Não me surpreenderia se aquela raça inútil das bruxas fosse capaz de nos trair, ainda mais com o desaparecimento do Codex das Sombras.

Os anciões trocaram olhares entre si; era notável no rosto de cada um que eles não estavam nada satisfeitos com a possibilidade daquilo tornar-se real. Então, prosseguiram com a reunião, tomando algumas decisões. Quando todos saíram da sala, deixando somente os anciões, eles se trocaram olhares.

— Deveríamos fazer algo urgentemente. As coisas estão a fugir do controle — disse Elara.

— Realmente — Severus Sanguinarius ditou de forma breve.

— Caçadores sempre existiram, mas não vamos esquecer, foi quase assim que o Umbra, Ignis e Elysium caíram em ruínas. Devemos ser rápidos.

— Deveríamos usar a Orbe. Os vampiros devem mostrar que estão fortes. Temos que nos proteger porque a guerra se aproxima; temos que parar de só ter danos — William Thornfield disse convicto. — A sacerdotisa criou a Orbe para o uso. Devemos fazer algo para nos proteger. Vamos mobilizar forças e ser mais exigentes com a Mother Gaia

Enquanto os anciões debatiam estratégias na sala, uma figura sorria diante das informações na medida que roubava cada coisa dita ali.

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