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  • até ali, seus estudos haviam se concentrado na filosofia, na história e, acessoriamente, na jurisprudência. a privatização burguesa da propriedade fundiária, aprovada pelo parlamento da renânia, resultara no confisco das terras comunais remanescentes e na proibição de usos e costumes consagrados pelo direito consuetudinário (inclusive o de catar lenha), o que o levou a ocupar-se de "questões econômicas". compreender em profundidade a lógica econômica subjacente às novas condições sociais que empurravas as massas camponesas à miséria foi, para marx, o ponto de partida de suas grandes descobertas teórico-críticas. essa inflexão decisiva aproximou-o de friedrich engels - apresentação, joão quartim de moraes, p. 8
  • entre o fim de novembro e início de dezembro de 1847, marx e engels participavam em londres de uma conferência da liga dos comunistas, onde expuseram os fundamentos do programa revolucionário do proletariado. a importância de suas teses foi imediatamente reconhecida: a liga incumbiu-os de desenvolvê-las num texto sob o título manifesto comunista, se tornou mundialmente célebre, inscrevendo-se entre as mais importantes obras políticas de todos os tempos. sabemos que combate operário e análise política foram atividades insuperáveis para os autores do manifesto. exatamente por isso, contudo, eles pagaram o preço por desafiar os interesses dominantes. marx, em particular, além das perseguições políticas, enfrentou períodos de extrema pobreza material e severas enfermidades. - apresentação, joão quartim de moraes, p. 8-9
  • assim como darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana: o simples fato, até então escondido pela proliferação ideológica, de que as pessoas precisam comer, beber, morar e vestir-se antes de poder fazer políticas, ciência, arte, religião etc.; ou seja, de que a produção dos meios materiais imediatos de vida - e, consequentemente, a etapa de desenvolvimento econômico respectiva de um povo ou de um período - forma o fundamento sobre o qual se desenvolveram as instituições do estado, as concepções jurídicas, a arte e até mesmo as ideias religiosas das pessoas em questão, é a partir dessa base que se devem explicar esses desenvolvimentos - não o contrário, como vem acontecendo até agora. - o sepultamento de karl marx, friedrich engels, p. 21-22
  • assim era o homem da ciência. e isso ainda não era sequer metade desse homem. a ciência era, para marx, uma força matriz da história, uma força revolucionária. por maior que fosse sua alegria quando, em uma ciência teórica, algo era descoberto, de utilidade prática talvez ainda não clara, sua alegria era bem diferente quando se tratava de algo que impactasse imediata e revolucionariamente a indústria - e o próprio desenvolvimento histórico. - o sepultamento de karl marx, friedrich engels, p. 22
  • a ciência da sociedade que marx desenvolveu para o povo mata o capitalismo e, com ele, os ídolos e senhores da terra, que, enquanto viverem, não deixarão deus morrer. - o sepultamento de karl marx, friedrich engels, p. 25
  • marx atuava metodicamente. ele apresentava uma proposição - quanto menos, melhor - e então a demonstrava em uma longa explanação, tratando-a com o maior cuidado para evitar expressões incompreensíveis aos trabalhadores. assim, incentivava o público a lhe fazer perguntas. se isso não ia adiante, ele começava a interpelar os presentes - e o fazia com tal habilidade pedagógica que nenhuma lacuna nem nenhum mal entendido lhe escapavam. descobri, ao expressar minha surpresa com sua destreza, que marx ministrava aulas sobre economia política na associação dos trabalhadores, em bruxelas. - em homenagem a karl marx: um esboço biográfico e lembranças, wilhem liebknecht, p. 49
  • para marx, relacionar-se com as crianças era uma necessidade - a partir disso, recuperava suas energias e se renovava. - em homenagem a karl marx: um esboço biográfico e lembranças, wilhem liebknecht, p. 55
  • "biblioteca, a senhora mar pediu para que não jogue mais xadrez com o mouro à noite. quando ele perde, fica insuportável." contou-me que o mau humor dele estava tão incômodo que a senhora marx perdeu a paciência. - em homenagem a karl marx: um esboço biográfico e lembranças, wilhem liebknecht, p. 59
  • lenchen exercia, como dito, uma espécie de ditadura - a fim de definir corretamente a relação, devo dizer. lenchen exercia ditadura na casa; a senhora marx, a soberania. e marx era subordinado como uma ovelha a essa ditadura. como se diz por aí: perante sua camareira, nenhum homem é suficientemente grande. - em homenagem a karl marx: um esboço biográfico e lembranças, wilhem liebknecht, p. 60
  • ele ficou ali sentado, segurando a cabeça com as mãos. eu passei a mão em sua testa. "mouro, você ainda tem sua esposa, suas meninas e eu, nós todos o amamos muito!" "você não pode me dar meu garoto de volta", grunhiu, e silenciosamente nós rodeamos o cemitério na rua tottenham court. quando o caixão, singularmente grande, pois a criança, outrora mirrada, crescera muito durante a doença, foi baixado à cova, marx estava tão nervoso que me aproximei dele, temendo que ele pulasse junto. - em homenagem a karl marx: um esboço biográfico e lembranças, wilhem liebknecht, p. 65
  • marx não permitia que ninguém colocasse em ordem - ou melhor, em desordem - seus livros e papéis. sua desordem, afinal, era apenas aparente: na realidade, tudo estava no devido lugar, e ele sempre encontrava facilmente o livro ou o caderno de que precisava. mesmo durante uma conversa, interrompia-se com frequência, para mostrar no livro uma passagem ou um número que acabara de citar. eram um só, ele e seu escritório, onde livros e papéis obedeciam-no como os membros de seu corpo. - recordações pessoais sobre karl marx, paul lafargue, p. 75
  • eu trabalhei com marx; era apenas o secretário - a quem ele ditava, mas tive com isso a oportunidade de observar ssua maneira de pensar e escrever. o trabalho era para ele, ao mesmo tempo, fácil e difícil: fácil, porque de pronto aos fatos e as ideias a respeito do assunto abordado apresentavam-se aos montes em sua mente; difícil precisamente em razão dessa abundância, que complicava e alongava a exploração total de suas ideias. - recordações pessoais sobre karl marx, paul lafargue, p. 79
  • a simples ideia de dar ao público um estudo insuficientemente elaborado lhe era insuportável. mostrar seus manuscritos antes de dar o último retoque teria sido um martírio para ele. esse sentimento era tão forte que preferiria - assim me disse um dia - queimar seus manuscritos a deixá-los inacabados. - recordações pessoais sobre karl marx, paul lafargue, p. 81
  • em 1848, após a eclosão da revolução, surgiu a nova gazeta renana, publicada em colônia e editada por karl marx e friedrich engels, com a colaboração de diversos membros da liga dos comunistas e de democratas convictos. fui naquela época de londres a colônia e fiz tudo o que estava a meu alcance para ajudar nossos camaradas na divulgação e na propaganda do periódico. em todos os lugares em que trabalhei, eu distribuía a nova gazeta renana e frequentemente lia em voz alta, durante a jornada de trabalho, os artigos jornalísticos, que eram, na maioria das vezes, recebidos com entusiasmo pelos trabalhadores. em maio de 1849. após ter impetrado uma dúzia de processos contra a nova gazeta renana, o governo prussiano resolveu usar a força, e ela foi violentamente reprimida, forçando marx a emigrar de colônia. logo tive o mesmo destino. em 1851, fui preso em mainz. depois de passar dois anos encarcerado, fui condenado no infame processo dos comunistas de colônia a mais três anos de reclusão, os quais passei em graudenz e em silberberg. - lembranças de um trabalhador sobre karl marx, friedrich lessner, p. 90-91
  • havia, então, um relativo número de chamados "homens de ação",ultrarrevolucionários , para os quais nunca se era suficientemente radical e que alimentavam a ilusão de que se poderia fazer a revolução a qualquer momento, por golpes ou outros meios. para nove entre dez de nós, eles eram somente heróis da retórica, que nunca fizeram nada certo no movimento, e aqueles que gritavam em mais alto volume de maneira mais fanática, querendo pegar pessoalmente pelo colarinho todo explorados, fosse como fosse, acabaram se tornando os exploradores mais irritantes. alguns tanto fizeram em londres que não tardou para que andassem pelas ruas em carruagens. - lembranças de um trabalhador sobre karl marx, friedrich lessner, p. 91
  • as conversas, salvo quando tratavam das vivências pessoais desse nobre a amável homem, moviam-se, sem qualquer tom professoral, por todos os campos da arte, da ciência da poesia e da filosofia. minha mãe se interessava muito, em especial, por este último assunto, ainda que não haja tido a oportunidade de estudá-lo a fundo. marx conversava com ela sobre kant, fichte, schopenhauer e fazia insinuações [ andeutungwise ] sobre hegel, de quem fora, na juventude, entusiasmado partidário. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 103
  • por falar em hegel, marx afirmou que o filósofo havia dito que nenhum de seus seguidores o entendera, exceto rosenkranz - e nem ele estava correto. schopenhauer, tão decidido adversário de hegel, era em geral acusado de modo rasteiro por tantos outros que, frequentemente, jamais, haviam lido seus escritos. alguns de seus contemporâneos ficavam chocados com sua personalidade peculiar, segundo marx, descreviam-no como misantropo, embora ele anuncie, como ideia fundamental de sua ética, o preceito que reconhece na unidade essencial de todos os organismos o dever de não provocar nenhum sofrimento nem ao homem nem ao animal. não se faz maldade a nenhum ser vivo, dizia schopenhauer. afirmava ainda que, a partir da necessidade de ajudar todos os seres existentes chega-se à compaixão e à máxima: "ajude a todos, tanto quanto puder". nenhuma comoção sentimental teria apresentado um preceito de amor ao próximo tão profundo, ético e social. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 103
  • aquele a que foi negado o dom de lidar com o dinheiro aprece difícil que aprenda sozinho essa arte, mesmo que passe pela mais dura escola. por tudo isso, liebknecht também dizia que ele, marx, e os seus viveram em grande miséria. as mulheres da família marx queriam preparar um natal alegre para as crianças e, assim, as presentearam com grandes bonecas para as quais haviam feito lindas roupas. as crianças ficaram muito felizes; entretanto, a senhora liebknecht teria preferido usar esses tecidos para costurar para as próprias crianças, que estavam precisando de roupas. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 111
  • nesse período alguns amigos do partido frequentemente visitavam marx. um deles era o senhor dietzgen, homem quieto e delicado a quem marx e jenny prezavam muito. seu perfil era essencialmente interessante, e isso, junto com seu grande empenho no trabalho e sua energia, favoreceu que eles se aproximassem. em tom de brincadeira, eles só o chamavam de "diezchen", por as palavras terminadas em -chen e -lein são neutras. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 117
  • quando alguém falava sobre o entusiasmo dos trabalhadores, ele se mantinha bastante cético. "essas pessoas têm apenas um desejo, que é compreensível: querem sair de sua miséria. poucos compreendem qual é a possibilidade de isso acontecer." - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 118
  • marx, esse verdadeiro apóstolo do amor humano, era exemplo de que era possível fazer uso das maravilhas do evangelho para falar a cada um em sua própria língua, tal como faziam os apóstolos da luz do amor universal do espírito santo. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 119
  • a mencionada menininha de que marx tanto gostava e a quem ele dera o apelido de corujinha, que era de minha mãe, sentou-se ansiosa e com medo em um canto do cômodo preparado para o funeral. sem que ela tivesse noção precisa da morte, em seu pequeno coração pesava a profunda tristeza da casa. marx pegou a menina nos braços e a levou à sua sala; deu-lhle a água de colônia de que a pequena tanto gostava e leu para ela um conto de um livro espanhol que traduzia, à própria maneira, de improviso. ela ficou tão distraída e empolgada que depois de alguns dias o contou a meus pais, dizendo que era o mais lindo dos contos e que todos deveriam repeti-lo quando estavam entre amigos. eles o recitavam com muito prazer; gostaria de poder reproduzi-lo em seu simbolismo peculiar tal como eu o ouvi. - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 120
  • "assim, por meio da divisão do trabalho, o homem torna-se extensão da máquina", disse marx, indo em direção a meu pai, "e a força do pensamento é absorvida pela memória muscular". - um breve percurso pela grande personalidade de karl marx, franziska kugelmann, p. 124
  • muitas histórias estranhas envolvem o nome de karl marx, desde aquela dos "milhões" (de libras esterlinas, naturalmente; não poderia ser menos que isso) até a da subvenção concedida a ela por bismarck, que o teria visitado constantemente em berlim nos tempos da internacional. para aqueles que conheceram karl marx, não há narrativa mais engraçada que as que o retratam como um rabugento, amargurado, inflexível e inacessível, como uma espécie de deus do trovão solitário que, de seu trono no olimpo, incessantemente lança raios e jamais sosrri. tal caracterização do amis divertido e alegre de todos os homens que já viveram, daquele mais amável, gentil e simpático de todos os companheiros é fonte permanente de espanto e diversão para quem o conheceu. - karl marx: folhas avulsas, eleanor marx, p. 127
  • também quando eu completei seis anos de idade, mouro me deu de presente meu primeiro romance: o importal peter simple [pedro simplório]. então, vieram marryat e cooper. meu pai lia comigo todos esses livros e depois debatia seriamente o conteúdo com sua filhinha. e quando a garotinha - entusiasmada com as viagens marítimas das histórias de marryat - contou que também queria se tornar capitão do mar [ postkapitan ] e lhe perguntou se era possível se vestir de menino e se alistar em um navio de guerra, ele assegurou que sim, mas apenas se ela não dissesse a ninguém até que seu plano estivesse totalmente maduro. - karl marx: folhas avulsas, eleanor marx,p. 131
  • minha mãe faleceu em dezembro de 1881. quinze meses depois, aquele que não saiu de seu lado ao longo de toda a vida a seguiu. após tantas variadas lutas, eles descansaram: se ela foi uma mulher ideal, ele foi um homem que " take him for all in all, we shall not look upon his like again ". - karl marx: folhas avulsas, eleanor marx, p. 134
  • essas leituras de shakespeare deveriam acontecer quinzenalmente na casa dos diferentes integrantes do grupo, mas na verdade eram realizadas com mais frequência na residência dos marx que em qualquer outro lugar. karl marx, em comum com o resto de sua família, era devoto admirador do poeta e adorava ouvir suas peças. como raramente saía à noite, o único lugar em que podia ouvi-las era na própria casa. ele nunca interpretou um papel sequer, o que, pelo bem da peça, talvez fosse melhor, pois tinha uma voz gutural e um nítido sotaque alemão. ele estava interessado em falar da popularidade de shakespeare na alemanha e de como ela se estabelecera; eleanor sempre sustentou que o ideal dramático alemão se aproximava muito mais dos ingleses que dos franceses e tornava-se eloquente ao falar de lessing e wieland, que tanto haviam feito para tornar shakespeare conhecido em seu próprio país. e, de fato, o "cisne de avon" dificilmente teria devoto mais apaixonado que wieland, que escreveu a um de seus correspondentes: "tremo com a veneração mais profunda e sagrada só de falar seu nome; curvo-me à terra e rezo quando sinto a presença do espírito de shakespeare". - minhas lembranças de karl marx, marian comyn, p. 136-137
  • "é perda de tempo falar às pessoas sobre seus erros, na esperança de que isso comserte a situação", murmurou, em seu tom gutural. "se elas ao menos pensassem... mas não fazem isso. qual é o maior bem de um homem, a coisa mais preciosa que lhe é dada? o tempo. e veja como isso é desperdiçado. seu próprio tempo... bem, isso não importaria. mas o das outras pessoas, mein himmel [céus]! quanta responsabilidade." - minhas lembranças de karl marx, marian comyn, p. 140
  • "você não está cansada da vida?" "certamente não." "você estará quando for tão velha quanto eu." na época ela estava na casa dos vinte anos. "é incrivelmente difícil não conseguir a única coisa no mundo que você quer. se você de fato tivesse compaixão por minha dor, se ofereceria para cometer suicídio comigo." "você realmente pretende cometer suicídio?" "eu o faria agora, não fosse a solidão." - minhas lembranças de karl marx, marian comyn, p. 143
  • essa não foi a única vez que ela falou de suicídio. sua sombra profética a assombrava, especialmente quando os fardos da vida pressionavam pesadamente e o futuro lúgubre ameaçava. sua história é pungente e triste. ela dedicou ao homem que amava uma devoção digna de sua própria natureza boa e generosa; sua imaginação dotou-o de virtudes que ele não tinha. com o passar do tempo, veio a desilusão e, num momento de tristeza, ela procurou voluntariamente o "sono que encerra uma dor no coração". seu epitáfio deveria ser "amou demais". supostamente suas experiências teriam sugestionado o enredo daquela fascinante peça de bernard shaw, o dilema do médico, e ela seria a heroína. - minhas lembranças de karl marx, marian comyn, p. 144
  • eu estava sozinha no quarto com sua filha e teria expressado minha compaixão, mas ela me interrompeu imperiosamente, dizendo: não quero condolências. se ele tivesse padecido de uma longa doença, e eu tivesse visto sua mente e seu corpo decaindo diante de meus olhos, precisaria de consolo. mas não foi assim. ele morreu montado em sua armadura, com intelecto intocado. ele ganhou seu descanso. sejamos gratas por isso. - minhas lembranças de karl marx, marian comyn, p. 145
  • quando saímos - eu profundamente impressionado pela grande personalidade de que encontráramos -, hirsch perguntou-me o que achei. "bem", respondi, "acho que ele é o aristóteles do século xix". no entanto, ao dizer isso, sabia que não era adequado. afinal, era completamente impossível pensar em marx agindo como cortesão de alexandre enquanto realizava os enormes estudos que influenciaram tão profundamente as gerações posteriores; além disso, ele nunca se separou de tal maneira dos interesses humanos imediatos - não obstante muito do que foi dito em contrário - a ponto de considerar os fatos e coisas à luz fria e dura do maior filósofo da antiguidade. não pode haver dúvida de que seu ódio ao sistema de exploração e escravidão assalariada que o cercava não era apenas intelectual e filosófico, mas amargamente pessoal. - karl marx, henry hyndman, p. 149
  • eu frequentemente falava com ele sobre o movimento cartista, cujos líderes ele conhecera bem e por quem, como mostram os escritos deles, era muito estimado. mostrava-se inteiramente simpático a minha ideia de reviver a organização cartista, mas duvidava da viabilidade; e, ao tratar da probabilidade de provocar uma grande transformação econômica e social na grã-bretanha de maaneira política e pacífica, disse: "a inglaterra é o único país em que uma revolução pacífica é possível". e acrescentou, após uma pausa: "mas a história não nos diz isso". "vocês, ingleses", disse, em outra ocasião, "iguais aos romanos em tantas coisas, são mais parecidos com eles na ignorância sobre sua própria história". - karl marx, henry hyndman, p. 151
  • no entando, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário incorporada em sua produção e, portanto, em sua reprodução; logo, o valor da força de trabalho de uma pessoa média durante um dia, um mês ou um ano é determinado pela quantidade de trabalho incorporada nos meios de vida necessários para a manutenção dessa força de trabalho em um dia, um mês ou um ano. consideremos que a produção dos meios de vida necessários para sustentar um trabalhador por dia requeiram seis horas de trabalho ou, o que dá no mesmo, que o trabalho contido nesses meios representem uma quantidade de trabalho de seis horas; assim, o valor da força de trabalho durante um dia se expressará em uma quantidade de dinheiro que também incorpora seis horas de trabalho. consideremos, além disso, que o capitalista que emprega nosso trabalhador, lhe pague essa quantia, ou seja, o valor pleno de sua força de trabalho. se o trabalhador, em um dia, trabalha seis horas para o capitalista, então suas despesas foram integralmente repostas - seis horas de trabalho por seis horas de trabalho. - karl marx, friedrich engels, p. 186-187
  • com isso, todo o falatório hipócrita das classes possuidoras de que, na atual ordem social, prevaleceriam o direito e a justiça, a igualdade de direitos e deveres e a harmonia geral dos interesses perdeu seu último apoio, e a atual sociedade burguesa foi desmascarada, mostrando-se, assim como sua predecessora, uma gigantesca instituição de exploração da grande maioria do povo por uma minoria que se torna cada vez menor. - karl marx, friedrich engels, p. 187
  • quando eclodiu a revolução de fevereito de 1848, provocando movimentações populares também em bruxelas, marx foi preso e expulso da bélgica; entrementes, o governo provisório da reública francesa o havia convidado a retornar e ele aceitou o convite. - marx, heinrich karl, friedrich engels, p. 191
  • eliminada a gazeta, marx reotnou a paris; contudo, depois dos protestos do dia 13 de junho, foram-lhe dadas duas opções: ou ele deixava prender na bretanha, ou abandonava, mais uma vez, a frança. naturalmente, escolheu a segunda; então foi para londres, onde finalmente fixou seu domicílio. - marx, heinrich karl, friedrich engels, p. 192
  • manteve contato por cartas com quase todos os líderes em diversos países; eles, quando possível, pediam seus conselhos antes de tomar decisões importantes; marx se tornou o conselheiro - cada vez mais procurado e sempre disposto - do proletariado combativo. - marx, heinrich karl, friedrich engels, p. 194
  • os proletários despertos se recusam a seguir as charangas da paz social, a receber migalhas e esmolas modestamente democrático-reformadoras ou cristãs. a doutrina de marx está mais viva entre eles. ela amplia o círculo de seus confessores e torna-se cada vez mais influente. e isso não apenas entre nós, não, mas em todos os países que o capitalismo subjuga. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 197
  • não obstante, a capacidade de marx para penetrar e dominar esse material descomunal , poliformo e aparentemente caótico, sua capacidade de resumir os resultados de suas pesquisas e de seu pensamento de forma clara e firme como cristal, isso ele deve à filosofia clássica alemã. dela ele recebeu a munição e a instrução científicas sem as quais sua obra seria impensável. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 201
  • o jovem marx percebeu em hegel um espírito congenial cuja doutrina o atraiu com força irresistível e que foi decisiva para seu desenvolvimento e para sua obra. marx tomou para si a herança da ideia do desenvolvimento histórico como nenhum outro homem das ciências, mas então, disse engels, acertadamente, "colocou de pé aquilo que estava de cabeça para baixo". ele não procurou forças motrizes da vida histórica fora da natureza e da sociedade, na ideia mítica e absoluta, mas na própria sociedade - no que concerne à história -, mais especificamente, em suas relações de produção e troca. por outro lado, esclareceu como e por meio de que forças essas relações se expressam e se impõem na sociedade com o método dialético que tomou de hegel e que utilizou com maestria soberana. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 201-202
  • o estudo para o "ganha-pão" distanciava-se cada vez mais do centro de seu trabalho e de seus planos para o futuro. no entanto, ele deu continuidade, consciencioso, pois era um filho afetuoso que pensava na preocupação e na cada vez mais próxima velhice dos pais. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 202
  • sedento de conhecimentos e ansioso por ações, marx, seguidor de hegel, buscou na história, mais especificamente na história de seu próprio tempo, a ideia que tudo movia e dominava. ele queria rastrear as manifestações de seu tecer e o domínio no progresso intelectual do ser humano e nas formas e nas instituições da vida social, queria visualizar claramente a direção e o objetivo de sua influência a fim de servir conscientemente ao desenvolvimento. o processo de autocompreensão lhe gerou incialmente, contudo, além de dúvidas furtíferas, apenas o começo de sua compreensão posterior da história. somente anos depois ele encontrou como força motriz do desenvolvimento social não a ideia absoluta, mas a real. descobriu o que determina e move as ideias na história desde que a sociedade passou a ter a propriedade privada como base: as lutas de classe. aprendeu que estas, por sua vez, são desencadeadas pelas formas de produção e de troca. a direção e o objetivo se mantêm. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 203
  • marx opôs-se à censura, defendeu a liberdade de imprensa, publicou uma crítica aniquiladora às negociações do sexto parlamento da renâni. a gazeta renânia testemunha o momento em que sua atenção se voltou para a situação econômica. ele se esforça seriamente por uma compreensão desta e percebe, então, com mais intensidade a insuficiência da filosofia hegeliana. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 204
  • em paris, porém, marx também recebeu o impulso decisivo para a avaliação histórica correta das relações de produção e de troca como as causas últimas impulsionadoras do desenvolvimento social. com isso, obteve sua resposta para a questão sobre o que, afinal, desencadeava as lutas de classe e indicava seu objetivo e seu caminho. - karl marx e a obra de sua vida!, clara zetkin, p. 205-206
may 2 2022 ∞
jul 8 2022 +