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“sim, eu preciso de ti, meu conto-de-fadas. pois és a única pessoa com quem posso falar sobre a sombra de uma nuvem, sobre a canção de um pensamento — e sobre como, quando fui trabalhar hoje e mirei uma girassol esguia na face, ela sorriu-me com todas suas sementes.”

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⊱ ୨୧ ⊰

“romeu e julieta abertura-fantasia”,

pyotr ilyich tchaikovsky

⊱ ୨୧ ⊰

romeu e julieta, ato ii, cena ii

o mesmo. jardim de capuleto. entra romeu.

romeu

“só ri das cicatrizes quem ferida nunca sofreu no corpo.”

(julieta aparece ao alto.)

“mas, calma! que luz surge lá no alto, na janela?

ali é o leste, e julieta é o sol.

levante, sol, faça morrer a lua

ciumenta, que já sofre e empalidece

porque você, sua serva, é mais formosa.

não a sirva, pois que assim ela a inveja!

suas vestais têm trajes doentios

que só tolas envergam; tire-os fora.

é a minha dama, oh, é o meu amor!

se ao menos o soubesse!

seus olhos falam, e eu vou responder.

que ousado sou; não é a mim que falam.

duas estrelas, das mais fulgurantes,

‘stando ocupadas, pedem aos seus olhos

que brilhem na alta esfera até que voltem.

e se ficassem lá, e elas no rosto?

o brilho de sua face ofuscaria

os astros como o dia faz à chama:

por todo o ar do céu, com tal fulgor

a luz de seu olhar penetraria,

que as aves cantariam, como ao dia!

como ela curva o rosto sobre a mão!

quem me dera ser luva pra poder

beijar aquela face.”

julieta

“ai de mim!”

romeu

“fale!

fale, anjo, outra vez, pois você brilha

na glória desta noite, sobre a terra,

como o celeste mensageiro alado

sobre os olhos mortais que, deslumbrados,

se voltam para o alto, para olhá-lo,

quando ele chega, cavalgando as nuvens,

e vaga sobre o seio desse espaço.”

julieta

“romeu, romeu, por que há de ser romeu?

negue o seu pai, recuse-se esse nome;

ou se não quer, jure só que me ama

e eu não serei mais dos capuletos.”

romeu (à parte)

“continuo ouvindo-a mais um pouco, ou lhe respondo?”

julieta

“é só teu nome que é meu inimigo:

mas tu é tu, não é montéquio!

o que é montéquio? não é pé, nem mão,

nem braço, nem feição, nem parte alguma

de homem algum. oh, chama-te outra coisa!

o que há num nome? o que chamamos rosa

teria o mesmo cheiro com outro nome;

e assim romeu, chamado de outra coisa,

continuaria sempre a ser perfeito,

com outro nome. muda-o, romeu,

e em troca dele, que não é tu,

fica comigo.”

romeu

“eu juro, pela lua abençoada,

que banha em prata as copas do pomar...”

julieta

“não jure pela lua, que é inconstante,

e muda, todo mês, em sua órbita,

para o seu amor não ser também instável.”

romeu

“por que devo jurar?”

julieta

“não jure nunca.

ou, se o fizer, jure só por si mesmo,

único deus de minha idolatria,

que eu acredito.”

romeu

“se meu grande amor...”

julieta

“não jure, já que mesmo me alegrando

o contrato de hoje não me alegra:

foi por demais ousado e repentino,

por demais como o raio que se apaga

antes que alguém diga ‘brilhou’. boa-noite.

este botão de amor, sendo verão,

pode florir num nosso novo encontro.

boa-noite, ainda. que um repouso são

venha ao meu seio e ao seu coração.”

romeu

“mas vai deixar-me assim, insatisfeito?”

julieta

“e que satisfação posso hoje eu dar?”

romeu

“tua jura de amor, pela que eu dei.”

julieta

“eu dei-te a minha antes que a pedisse;

bem que eu queria ainda ter de dá-la.”

romeu

“e quer negá-la? mas para quê, amor?

julieta

“só para ser franca e dá-la novamente;

eu só anseio pelo que já tenho:

minha afeição é como um mar sem fim,

meu amor tão profundo. mais eu dou

mais tenho, pois são ambos infinitos.

ouço um ruído. até mais, amor meu.”

xviii.

“shall i compare thee to a summer’s day?

thou art more lovely and more temperate:

rough winds do shake the darling buds of may,

and summer’s lease hath all too short a date;

sometime too hot the eye of heaven shines,

and often is his gold complexion dimm’d;

and every fair from fair sometime declines,

by chance or nature’s changing course untrimm’d;

but thy eternal summer shall not fade,

or lose possession of that fair thou ow’st;

nor shall death brag thou wander’st in his shade,

when in eternal lines to time thou grow’st:

so long as men can breathe or eyes can see,

so long lives this, and this gives life to thee.”

romeu e julieta, ato ii, cena vi

entram frei lourenço e romeu.

frei

“sorria o céu a este ato santo,

e que ele não nos traga sofrimento.”

romeu

“amém, amém. mas nem a maior dor

anula a linda troca de alegrias

que um minuto me dá por vê-la aqui.

se juntar nossas mãos com bênção santa,

que a morte, que devora o amor, ataque:

para mim basta poder chamá-la minha.”

frei

“estes violentos prazeres têm violentos fins,

e morrem no esplendor, qual fogo e pólvora,

consumidos n’um beijo. o mel mais doce

repugna pelo excesso de delícia,

que acaba perturbando o apetite.

modere-se, pro amor poder durar;

a pressa atrasa igual ao devagar.

(entra julieta, um tanto precipitada, e abraça romeu.)

eis a dama. esses pés, assim tão leves,

jamais desgastarão o chão que pisam.

quem ama pode caminhar nas teias

sacudidas nas brisas do verão

sem cair; pois tão leve é o bem terreno.”

julieta

“boa-tarde, confessor da minha alma.”

frei

“romeu lhe dará graças por nós ambos.”

julieta

“já o fez, e ficou com a maior parte.”

romeu

“julieta, se a alegria que hoje sente

for grande como a minha, e a sua arte

maior pra descrevê-la, que a sua voz

adoce o ar e que a sua música

possa cantar quanta felicidade

nós recebemos hoje um do outro.”

julieta

“o que nós temos de imaginação,

se é mais rico por dentro que por fora,

só canta o conteúdo, não o ornato.

não tem valor o que dá pra contar,

e o meu amor cresceu a um tal excesso

que não sei o valor nem da metade.”

frei

“venham comigo, pra apressar os votos.

por mim, não ficam sós de modo algum

até a igreja dos dois fazer um.”

(saem.)

⊱ ୨୧ ⊰

“uma vila de romeu e julieta”,

frederick delius

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jul 10 2021 ∞
aug 7 2021 +