• Eu sabia que devia chorar, mas já havia vivido com eles por dezesseis anos e passava da hora de ensaiarmos uma separação.
  • O Coronel riu de novo, e eu me perguntei por que ele não defendia a namorada. Mesmo que minha namorada fosse uma ciclope barbada que dirigisse um Jaguar, eu não daria a mínima.
  • – Por que você fuma tão rapido? – Perguntei. Ela olhou pra mim e abriu o maior sorriso, e aquele sorisso tão largo em um rosto estreito como o dela teria ficado estranho se não fosse pelo verde impecável e incomum de seus olhos. Ela sorria com o prazer de uma criança em uma manhã de Natal. – Vocês fumam por prazer. Eu fumo para morrer. – Disse ela.
  • Eu odiava esportes. Odiava esportes, e odiava as pessoas que o praticavam, e odiava as pessoas que assistiam a eles e odiava as pessoas que não odiavam as pessoas que assistiam a eles ou os praticavam.
  • Mas os cabelos, eles amam porque não são inteligentes o bastante para amar algo mais interessante.
  • Tudo que eu queria era deitar ao lado dela no sofá, envolvê-la nos meus braços e dormir. Não fazer sexo selvagem, como naqueles filmes. Nem mesmo fazer sexo. Só dormir juntos, no sentido mais inocente da expressão. Mas eu não tinha coragem e ela tinha namorado; e eu era desajeitado e ela, maravilhosa; e eu era totalmente entediante e ela, infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desmoronei no beliche de baixo, pensando que se as pessoas fossem chuva, eu seria uma garoa e ela, um furacão.
  • – sabe quem você ama, bujão? Você ama a garota que faz você rir, que mostra pornografia e bebe vinho com você. Você não ama essa vaca mal-humorada e doida. – E, para falar a verdade, ele tinha alguma razão.
  • Para mim, as pessoas queriam segurança. Não podiam aguentar a ideia da morte ser um grande nada escuro, não podiam suportar a ideia de seus entes queridos não existirem, e não podiam imaginar a si mesmos não existindo. Finalmente concluí que as pessoas acreditam em uma vida após a morte porque não aguentam não acreditar.
  • – Espero que não tenham trazido o garoto asiático por acharem que ele é um gênio da informática, porque não sou. – Disse Takumi.
  • Corri como um guepardo... Bom, como um guepardo que fumava demais.
  • – O problema do café solúvel é que o cheiro é muito bom, mas o gosto é de bile estomacal. – Disse Coronel.
  • Estavamos nos beijando. Pensei: isso é bom. Pensei: Até que não me saio mal nisso de beijar. Não me saio nada mal. Pensei: Obviamente o meu beijo é o melhor de toda a historia do universo. De repente, ela riu e se afastou de mim, tirando uma das mãos do saco de dormir e esfregando o rosto. – Você babou o meu "nares".
  • E, afinal o que é uma morte "instantânea"? Quanto tempo dura um instante? Um segundo? Dez? A dor desses segundos deve ter sido horrivel, com o coração estourando e os pulmões parando de funcionar, sem oxigênio ou sangue chegando ao cérebro, somente o mais puro pânico. O que diabos é "instatâneo"? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos para ficar pronto; pudim instantâneo, uma hora. Duvido que a duração de um instante de dor lancinante pareça realmente instantânea.
  • "Nunca deixe que me vejam morta, pai."
  • – Maldição. - Suspirou - Como vou sair desse labirinto?
  • Ela me ensinou tudo que eu sei sobre lagostins, beijos, vinho rosé e poesia.
sep 23 2022 ∞
jul 22 2024 +