DRAGÃO VERMELHO - THOMAS HARRIS
- A expressão do seu rosto deixou o diretor confuso. Parecia um homem que tivesse testemunhado uma perda irreparável.
ROTEIRO PARA UM PASSEIO AO INFERNO - DORIS LESSING
- Poderia pegar um cavalo, talvez, e montá-lo, mas um cavalo-marinho, não um de areia, pois o meu tempo é o tempo do homem, enquanto que para os desertos o tempo é o de Deus. Alguns montam golfinhos. Muitos já testemunharam. Posso largar minha balsa que afunda e agarrar-me ao pescoço de um cavalo-marinho, para ir até à Jamaica e à coitada da Nancy do Charlie, ou, se a corrente me mandar para o sul, para o litoral onde me espera o pássaro branco.
- Quando já houve tantos cumprimentos e despedidas, eles, como nós, querem que tudo isso acabe.
- Ela me cantará sua canção, eu em minha balsa, passando à deriva; as mulheres se alinharão pelos muros dos jardins de verão cantando, e então cantarei que é passado o tempo do amor?
- Pensam que a justiça é bondosa? Não, ela arrasa, abate.
MINHA QUERIDA SPUTNIK - HARUKI MURAKAMI
- "A terra foi posta aqui só para alimentar a solidão humana?"
O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA - GABRIEL GARCÍA MARQUEZ
- "As pessoas que a gente ama deviam morrer com todas as suas coisas."
O SOM E A FÚRIA - WILLIAM FAULKNER
- "Fomos lá para fora. O sol estava frio e brilhante."
- "Ouvia-o pisar as folhas. Até sentia o cheiro do frio. O portão estava frio."
- "Eu não sentia o portão, mas sentia o cheiro cristalino do frio."
- "Através da cerca, por entre os intervalos das pétalas encaracoladas, eu via-os a dar tacadas. Foram até onde estava a bandeira e eu segui-os pela cerca fora. O Luster andava à cata na relva, perto da árvore das flores. Tiraram a bandeira e deram uma tacada. Depois voltaram a pôr a bandeira no lugar e dirigiram-se para o planalto; um dava tacadas e o outro dava tacadas. Depois continuaram e eu segui-os pela cerca fora. O Luster afastou-se da árvore das flores e continuámos pela cerca fora e eles pararam e nós parámos e eu espreitei pelos intervalos da cerca enquanto o Luster andava à cata na relva."
MEMORIAL DO CONVENTO - JOSÉ SARAMAGO
- D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou.
- [...] nem isto nem aquilo fizeram inchar até hoje a barriga de D. Maria Ana. Mas Deus é grande.
- Aquele que além está é frei António de S. José, a quem falando-lhe eu sobre a tristeza de vossa majestade por lhe não dar filhos a rainha nossa senhora, pedi que encomendasse vossa majestade a Deus para que lhe desse sucessão, e ele me respondeu que vossa majestade terá filhos se quiser, e então perguntei-lhe que queria ele significar com tão obscuras palavras, porquanto é sabido que filhos quer vossa majestade ter, e ele respondeu-me, palavras enfim muito claras, que se vossa majestade prometesse levantar um convento na vila de Mafra, Deus lhe daria sucessão.
- Lá na cama do rei estão outros percevejos à espera do seu quinhão de sangue, que não acham nem pior nem melhor que o restante da cidade, azul ou natural.