você... que não se manifestou por um longo tempo, mas estava ali o tempo inteiro. a tua marca já estava em mim desde o início, mas eu estava incapaz de enxergar. tu, que chegou devagarinho mas fez-se confortável, sem pestanejar; que vieste de longa viagem, cansado por caminhar. tu, que ensinou-me a te amar no equilíbrio; tu, quem eu confio nos mais diversos dos perigos. se ando em corda bamba, és o meu ponto fixo. tu, que não se exausta em fazer-me escrever, mesmo que as palavras e expressões não se façam entender. tu, que se aparece nos meus sonhos fazem meus lábios se desmanchar em sorrisos; tu, que entrou no coração na ponta do pé, cuidadoso para não acordar ninguém, mas tropeçou em um objeto qualquer e fez do teu disfarce um estrondo, ao invés. tu, que não atura compartilhar o assento por muito tempo, porque não lhe agrada ter que ficar apertado com o rosto de frente pro vento; tu, que sabes o que é, sabe o teu espaço e faz manha para não sair do meu enlaço. mas tu não sabes a minha vontade, que se eu sair do teu abraço, morro de saudade... do teu amor, da tua essência e do teu calor. também não sabes que o meu coração é teu, que sem tu dentro dele seria nada mais que um breu. e de nada adianta eu escrever, sem fazer-te compreender: que depois da tua hora, não se mexe mais o ponteiro. os dias passam e as noites vem, entretanto agora... sou tua por inteiro.