• SUBSTÂNCIAS QUE SE ASSOCIAM AO DESENVOLVIMENTO DE SINTOMAS PSICÓTICOS:
    • Drogas de abuso: álcool; anfetaminas; cannabis; alucinógenos; inalantes; opioides; fenodidina; sedativos hipnóticos e outras.
    • Medicações: anestésicos; analgésicos; agentes antiasmáticos; anticonvulsivantes; anti-histamínicos; medicações anti-hipertensivas e cardiovasculares; antimicrobianos; medicações; antiparkinsonianas; corticosteroides; medicações gastrintestinais; relaxantes musculares; agentes imunossupressões; lítio e medicações psicotrópicas com propriedades anticoagulantes.
    • Toxinas: anticolinesterase; inseticidas organofosforados; monóxido de carbono; dióxido de carbono; substâncias voláteis, como combustíveis e solventes orgânicos.
  • TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE:
    • quando o paciente apresenta dois ou mais episódios isolados desses sintomas. Em certos casos a sintomatologia se expressa com tal gravidade, que o paciente pode apresentar sintomas psicóticos. Em geral, os sintomas psicóticos são precedidos dos sintomas afetivos, e muitas vezes têm um conteúdo depressivo
    • O paciente pode ouvir vozes que dizem que ele não presta, que ninguém gosta dele, que deveria se matar, bem como pode apresentar delírios de que já está morto, ou que perdeu os bens que possuía. Tais condições são especialmente graves por causa do elevado risco de suicídio
  • TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR:
    • é caracterizado por episódios nos quais o humor e os níveis de atividade de uma pessoa ficam gravemente alternados. Esta alteração algumas vezes consiste, no que se chama de mania, quando há uma exaltação do humor, com um aumento da energia e da atividade. Em outras vezes o paciente pode apresentar quadros depressivos
    • Nas fases maníacas, os pacientes podem se apresentar com roupas excessivamente coloridas ou maquiagem exagerada (considerando seu modo habitual), falar rápido, mudando de um assunto para o outro, aparentar uma alegria muito grande, ou irritação, pode haver relato de que o paciente está dormindo muito pouco e apesar disso não se sente cansado
    • O paciente pode ainda se envolver em atividade que envolve prazer de modo inconsequente, como compras, atividade sexual, uso de substâncias. Em quadros mais graves pode apresentar sintomas francamente psicóticos, cujos conteúdos são usualmente, embora não necessariamente, congruentes com o humor
    • Pode apresentar delírios de que é uma pessoa muito importante, rica ou com a missão de salvar a humanidade. Pode ainda apresentar alucinações auditivas que lhe dizem que é poderoso
    • O paciente também pode evidenciar fora das fases maníacas e depressivas, no estado de normalidade afetiva, o que chamamos de eutimia, podendo não manifestar quaisquer sintomas psiquiátricos. Destaca-se que, nas fases maníacas, os pacientes encontram-se especialmente vulneráveis a agravos relacionados à atividade sexual desprotegida e a violências
  • Abordagem psicossocial ao paciente com TMGP e familiares
    • A existência de um paciente com um quadro de psicose aguda deve ser considerada uma situação a ser avaliada o mais brevemente possível, independentemente da disponibilidade de um profissional especialista. Dessa forma, a equipe de Saúde da Família, como porta de entrada no sistema de saúde, deve iniciar a abordagem do caso
  • Abordagem relacionada a psicose:
    • Respeitar a distância física: Muitas vezes pacientes com psicose aguda encontram-se com importante sensação de perseguição. A proximidade física pode ser compreendida como uma ameaça. Dessa forma, o bom senso aponta que, por exemplo, o primeiro encontro com um paciente psicótico agudo talvez não seja o melhor momento para se fazer um exame físico detalhado. Caso seja necessário realizar esse procedimento, é recomendável mover-se lentamente, informando ao paciente calmamente os passos que está seguindo
    • Indagar sobre a presença de sintomas psicóticos: Profissionais de saúde que não têm experiência em lidar com pacientes que apresentam sintomas psicóticos têm dúvidas e receios sobre como perguntar acerca da presença dos sintomas. A melhor forma é fazer isso de modo direto. Em muitas situações os pacientes sentem-se aliviados com a possibilidade de falar sobre esse assunto, sobretudo quando a abordagem é feita de forma empática e sem críticas
    • Não confrontar diretamente, mas também não concordar com suas ideias delirantes: Às vezes um paciente com sintomas psicóticos pode perguntar para seu entrevistador: “Não é verdade, doutor, que as vozes estão falando comigo?”. Em situações como essa o caminho não é dizer: “Não, não existem vozes nenhuma”, nem: “Claro, estão falando, sim, com você”. O caminho mais indicado seria, por exemplo, indagar se outras pessoas ouviam ou se o paciente sabia quem estava falando com ele. Outro caminho também adequado e que pode ajudar no estabelecimento da empatia, seria dizer algo mais ou menos assim: “Eu posso dizer que para você essas vozes são bem reais”. Tal abordagem também pode ser útil para esclarecer aos familiares que o paciente percebe como reais tanto as vozes como os delírios, e que isto é uma característica própria da psicose
    • Buscar um “gancho”: De modo usual, pacientes psicóticos não buscam ajuda para enfrentar seus sintomas psicóticos, sendo muito mais comumente levados para tratamento. Ademais, eles percebem como reais as alucinações e delírios, e não como sintomas de uma doença a ser tratada. Dessa forma, o profissional de saúde tem um importante desafio que é buscar convencer, ou justificar para o paciente a necessidade de tratamento. Um caminho possível é encontrar junto com o paciente algo que lhe esteja incomodando e ter esse sintoma como alvo. Destaca-se aqui que não se trata de enganar o paciente. Um paciente agudamente psicótico pode queixar-se apenas de insônia. O profissional de saúde pode tomar a insônia como ponto de partida para justificar o tratamento, informando que a medicação a ser utilizada poderá auxiliá-lo a dormir melhor
  • TRÊS PERGUNTAS PARA ANALISAR A POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO SEM INTERNAÇÃO:
    • O quanto o paciente está grave?
    • O quanto a família consegue neste momento cuidar do paciente considerando o grau relativamente elevado de disfuncionalidade que ele apresenta?
    • O quanto o serviço de saúde pode oferecer em relação ao cuidado fora do ambiente fechado, considerando o quadro clínico atual do paciente?
  • Transmita as seguintes mensagens para pessoas com psicose:
    • A possibilidade de se recuperar
    • A importância de continuar com as atividades sociais, educacionais e ocupacionais de modo regular
    • O sofrimento e os problemas podem ser reduzidos com tratamento
    • A importância de tomar remédios regularmente
    • O direito da pessoa de participar das decisões relativas ao seu tratamento
    • A importância de buscar se manter saudável (por exemplo, dieta saudável, atividade física regular, higiene pessoal)
  • Mensagens para os membros da família acerca das pessoas com psicose:
    • Os pacientes com psicose podem ouvir vozes e crer firmemente em coisas que não são reais; não acham que estão doentes e, às vezes, podem se tornar hostis
    • São discriminados negativamente
    • Devem gozar dos mesmos direitos das demais pessoas
    • Podem ter dificuldades para se recuperar ou funcionar em um ambiente com alto nível de estresse
    • O familiar deve identificar o reaparecimento ou piora dos sintomas e a necessidade de retornar com o paciente para reavaliação nestas situações
    • A importância de incluir pessoas com psicose nas atividades da família e outras atividades sociais
    • Os membros da família devem evitar expressar críticas severas ou constantes ou hostilidades à pessoa com psicose
    • É melhor para o paciente manter um emprego ou qualquer ocupação significativa
    • Em geral, é melhor para a pessoa viver com sua família ou membros da comunidade, em um ambiente de apoio, fora do ambiente hospitalar
    • Hospitalizações prolongadas devem ser evitadas
  • Diante de um paciente com transtorno bipolar em quadro de mania, com exaltação do humor e sintomas psicóticos, um primeiro ponto a se observar é se o paciente está fazendo uso de alguma medicação antidepressiva. Caso esteja, deve-se suspendê-la. Pacientes com transtorno bipolar ao fazerem uso de medicação antidepressiva correm o risco de passarem abruptamente para fase maníaca. A prescrição de medicação antipsicótica é uma conduta inicial possível, pois existem fortes evidências de que essas medicações podem tratar os episódios maníacos
jan 11 2019 ∞
feb 27 2019 +