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maria lia desde seus 7 anos. em seu quarto, era notável sua paixão ao encontrarmos várias prateleiras cheias de livros, alguns até dormiam junto com maria devido a falta de espaço; mas nunca no chão!
de uns tempos para cá, maria procurava livros que poderiam contar o que lhe faltava na vida. devorava página atrás de página, livro após livro, tentando fazer com que o espaço vazio em seu peito fosse ocupado.
talvez maria sempre lesse o que lhe era ausente, querendo suprir o que nunca iria ter por acreditar de maneira convicta que jamais, ninguém, iria se interessar por aquela menina com aspectos tão peculiares que ela era.
ler funcionava no começo, mas eram apenas palavras escritas num papel ao fim do dia.
maria sabia que nunca seria daquelas que chamam atenção onde passam, sabia mais ainda que sua timidez e receio do mundo a impediam de deixar as histórias de seus livros para viver a realidade.
quanto mais maria pensava nisso, mais maria percebia que vivia em seu próprio universo. mas maria não tinha culpa alguma. afinal, o que a fazia permanecer a merce não era sua má vontade, mas a dos outros.
todos viviam trocando olhares sobre maria, mas para ela, onde as pessoas viviam não valia muito a pena sua atenção – mesmo que quisesse, incansavelmente, arranjar uma cura para o coração.
o que muitos não sabiam, e nem maria, era que ela não precisava ligar para nada disso.
maria era muito nova para perceber que aquilo que tanto ansiava dependia apenas de si.