O desconforto do corpo eu compenso com a satisfação da mente. Dificilmente eu me sinto em casa em algum lugar, não tenho um lar estabelecido e não tenho um lugar para onde eu possa fugir e me sentir bem. O sentimento de não pertencimento me assombra a todo momento. Tento encontrar refúgio na casa de amigos, que sempre me recebem bem por ser visita e passageira, mas é isso que permanece: passagem. Esse corpo, carne e esqueleto, não tem para onde fugir, mas o meu amor faz casa, meu amor chega de manso, nem sempre pedindo licença, mas sempre cauteloso para não causar alarde, e finca a raiz. Meu amor faz abrigo, meu amor tem lugar para se sentir confortável. Ele não faz moradia eterna, mas onde passa, ele está inteiramente lá, em cada detalhe, nas portas, nas janelas. Eu me dou por completo e meu amor me dá um pouco de paz.

oct 18 2018 ∞
oct 18 2018 +