- comigo você falará sua alma toda, mesmo em silêncio. eu falarei um dia minha alma toda, e nós não nos esgotaremos porque a alma é infinita. e além disso temos dois corpos que nos será um prazer alegre, mudo — clarice lispector, profundo uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
- it’s like our time together is just ours. it’s our own creation. it must be like i’m in your dream and you’re in mine or something — celine, before sunrise (1995)
- when i am in your presence i feel life is strong and will defeat all its enemies and all of mine and all of yours and yours in you and mine in me (...) since once we are together we always will be in this life come what may — frank o'hara, a la recherche d’ gertrude stein
- you know, it's quite a job starting to love somebody. you have to have energy, generosity, blindness. there is even a moment, in the very beginning, when you have to jump across a precipice: if you think about it you don't do it — jean-paul sartre, nausea
- amo como o amor ama. não sei razão pra amar-te mais que amar-te. que queres que te diga mais que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? (...) quando te vi, amei-te já muito antes. tornei a achar-te quando te encontrei. nasci pra ti antes de haver o mundo. não há coisa feliz ou hora alegre que eu tenha tido pela vida fora, que não o fosse porque te previa, porque dormias nela tu futuro, e com essas alegrias e esse prazer eu viria depois a amar-te. tens um segredo? dize-mo, que eu sei tudo de ti, quando m’o digas com a alma. em palavras estranhas que m’o fales, eu compreenderei só porque te amo. se o teu segredo é triste, eu saberei chorar contigo até que o esqueças todo. se o não podes dizer, dize que me amas, e eu sentirei sem qu’rer o teu segredo — fernando pessoa
- porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. é porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. e é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. é porque sempre tento chegar pelo meu modo. é porque ainda não sei ceder. é porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. é porque ainda sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. é também porque me ofendo à toa. é porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa — clarice lispector, felicidade clandestina: perdoando deus
- aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal — nietzsche, além do bem e do mal
- the more familiar two people become, the more the language they speak together departs from that of the ordinary, dictionary-defined discourse. familiarity creates a new language, an in-house language of intimacy that carries reference to the story the two lovers are weaving together and that cannot be readily understood by others — alain de botton, on love
- i promise i will love you as if it’s the only thing i’ve ever done correctly — rudy francisco
- aflição de ser eu e não ser outra. aflição de não ser, amor, aquela que muitas filhas te deu, casou donzela e à noite se prepara e se adivinha objeto de amor, atenta e bela. aflição de não ser a grande ilha que te retém e não te desespera. (a noite como fera se avizinha) aflição de ser água em meio à terra e ter a face conturbada e móvel. e a um só tempo múltipla e imóvel e não saber se se ausenta ou se te espera. aflição de te amar, se te comove. e sendo água, amor, querer ser terra — hilda hist
- i've got to tell you how i love you always i think of it on grey mornings with death / in my mouth the tea is never hot enough then and the cigarette dry the maroon robe / chills me i need you and look out the window at the noiseless snow / at night on the dock the buses glow like clouds and i am lonely thinking of flutes / i miss you always when i go to the beach the sand is wet with tears that seem mine / although i never weep and hold you in my heart with a very real humor you'd be proud of / the parking lot is crowded and i stand rattling my keys the car is empty as a bicycle / what are you doing now where did you eat your lunch and were there lots of anchovies it / is difficult to think of you without me in the sentence you depress me when you are alone / last night the stars were numerous and today snow is their calling card i'll not be cordial / there is nothing that distracts me music is only a crossword puzzle do you know how it is / when you are the only passenger if there is a place further from me i beg you do not go — frank o'hara, morning poem
- e o seu amor que agora era impossível — que era seco como a febre de quem não transpira era amor sem ópio nem morfina. e “eu te amo” era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. farpa incrustada na parte mais grossa da sola do pé — clarice lispector, uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
- amor é privilégio de maduros estendidos na mais estreita cama, que se torna a mais larga e mais relvosa, roçando, em cada poro, o céu do corpo. é isto, amor: o ganho não previsto, o prêmio subterrâneo e coruscante, leitura de relâmpago cifrado, que, decifrado, nada mais existe. valendo a pena e o preço do terrestre, salvo o minuto de ouro no relógio minúsculo, vibrando no crepúsculo. amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida. amor começa tarde. — carlos drumoond de andrade, amor e seu tempo
oct 19 2022 ∞
jun 4 2024 +