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Todas as noites acordo suando frio, com medo de algo que não posso ver. Pela manhã, esse mesmo medo me consome e me controla, ditando o que sou e não sou capaz de fazer. Eu me tornei prisioneira do meu próprio medo.
Eu me sinto presa dentro de uma jaula que a minha própria mente construiu e eu não sei como encontrar a chave para sair daqui.
Sinceramente, eu já estou há tanto tempo presa que já nem sei se quero sair, tenho medo de ter que enfrentar o mundo, tenho medo de me machucar mais uma vez, tenho medo de magoar aqueles ao meu redor.
Eu sinto um enorme peso em minha garganta e isso me sufoca ao ponto de me fazer esquecer como se respira.
Dia após dia, os tremores e a falta de ar recomeçam para me lembrar de todas as minhas falhas, todas as minhas inseguranças e eu me sinto afundando cada vez mais nesses pensamentos.
O desespero toma conta de mim e não há nada que eu possa fazer, ninguém a quem possa recorrer.
"Está tudo em sua mente", eles diriam. Eu sei, sei que tudo isso vem de dentro da minha própria mente como uma espécie de jogo doentio, mas, mesmo assim, eu não consigo controlar, eu só consigo me afundar cada vez mais e mais em tudo isso.
Eu queria ter forças para lutar contra isso, contra toda essa dor, mas por mais que eu tente, os tremores e o desespero sempre voltam como se para me lembrarem do quão insuficiente e fraca eu sou.
A minha mente está envenenada. Tudo o que nela resta é dor, amargura, medo, inseguranças e um vazio tão grande que parece sugar tudo o que há de bom dentro de mim, como um imenso buraco negro que consome tudo ao seu redor.
E eu não sei como parar tudo isso. Não sei como acordar sem sentir medo de que os tremores e o desespero possam voltar novamente. Eu sei que se eu abaixar a guarda por um segundo sequer, já pode ser o suficiente pra trazer tudo de volta e eu tenho medo de que da próxima vez em que isso acontecer eu jamais saia da jaula novamente e eu não sei se suportaria isso tudo de novo.
Dia após dia, eu ainda acordo com a esperança de que toda essa dor e medo vá embora, mas sempre há uma minúscula parte que permanece, como se para me lembrar que, em algum dia, quando eu finalmente baixar a guarda de novo, ela voltará a me assombrar como sempre fez, até finalmente me consumir por completo.
~ Giullia Gabriella