Eu estive sangrando por um bom tempo. Essa ferida que eu carregava dentro de mim parecia estar disposta a sugar até mesmo a ultima gota de sangue que havia dentro de mim e que me mantinha viva.

Eu estive desmoronando, indo cada vez mais pra baixo. Eu tentei procurar algo em que pudesse me agarrar, mas não havia nada para me ajudar.

Eu sou como um paraquedista cujo paraquedas não abre, eu estou caindo em queda livre.

Eu estou presa dentro de um infinito buraco negro de dor e caos que envolve tudo ao meu redor. Sua escuridão me deixa cega e eu já não sou capaz de enxergar uma luz ali. Estou vendo tudo aquilo que sempre sonhei, amei e almejei sendo destruído por ele.

Na verdade, a culpa é minha... é toda minha. Eu deveria ter sido mais forte, eu deveria ter tentado mais, eu fui uma tola. Quando o paraquedas não abriu eu simplesmente desisti de lutar contra o destino que se estendia diante de mim, eu apenas me deixei ser puxada para baixo sem nem ao menos tentar me salvar. Eu escolhi desistir quando deveria ter escolhido lutar.

Estou com medo. Sinto medo do momento em que atingirei o chão. Eu não quero continuar caindo, mas eu temo que agora seja um pouco tarde para tentar lutar e já não sei se ainda há algo em que possa me apoiar.

Eu estou implorando por ajuda, mas ninguém é capaz de me ouvir. Mesmo agora ninguém consegue perceber que estou caindo. Todo esse tempo, ninguém foi capaz de perceber que estive sangrando. Isso me matava aos poucos. Eu fingia não me importar mas, no fundo, isso doía.

Eu estava cansada. Estava cansada dessa dor, eu apenas queria que ela parasse de uma vez.

Eu continuo desmoronando, indo cada vez mais para baixo. A força desse buraco negro parece me puxar cada vez mais para seu centro e lentamente a dor e o caos me consomem.

Minha alma está repleta de feridas que não se fecham. Eu sinto como se todo o meu sangue escorresse por elas. Eu estive procurando maneiras de cicatrizar essas feridas, mas nada parece capaz de estancar essa hemorragia gerada por elas.

Eu percebo agora que me tornei um monstro. Eu me tornei uma mistura de dor e sofrimento. Eu odeio ser quem me tornei. Eu quero o meu antigo eu de volta, quero voltar a ser quem era antes de começar a desmoronar.

Eu estou cansada de todas essas cicatrizes que adquiri enquanto desmoronava, estou cansada de sempre precisar continuar a lutar. Uma grande parte de mim quer desistir de tudo de uma vez, mas ainda há uma minuscula parte que procura por algo em que possa se agarrar. Eu não sei por quanto tempo essa pequena parte resistirá à força de atração exercida pelo buraco negro.

Eu estou apenas esperando que um milagre aconteça e ilumine essa impiedosa escuridão. Eu estou apenas esperando que alguém me ouça e me ajude. Eu espero e espero, mas nada nunca muda... nada nunca muda.

~ Giullia Gabriella