O imensurável vazio que habitava em meu coração de tempos em tempos fazia questão de me lembrar de que ainda existia dentro de mim. Eu tentava preenchê-lo de todas as maneiras que podia, mas nada parecia ser o suficiente para tirá-lo de lá. Quanto mais eu tentava cobrir o buraco causado por ele, mais ele se expandia e, aos poucos, transformava-se em um abismo.

O vazio em meu peito era como o mais forte dos ácidos e este me corroía, dia após dia, incessantemente.

Eu tentava ser como as outras pessoas, tentava fingir que estava tudo bem, mas eu sabia que isso não era verdade. Eu tentava conviver com a dor.

Essa sensação me desgastava cada vez mais. O vazio que havia em meu peito parecia fazer questão de me preencher por completo. De repente, tudo o que eu sempre gostei de fazer se tornou algo sem valor para mim, nada parecia ser o mesmo.

Eu tentei procurar refúgios, remédios que curassem essa doença que havia em minha alma. Procurei em todos os lugares que pude imaginar, até mesmo em outras pessoas, mas nada fui capaz de encontrar, nada parecia conseguir me curar.

Eu me perguntava se, ao olhar nos fundos de meus olhos, as pessoas conseguiriam perceber que ali já não há o brilho que antes havia, mas sim uma imensa escuridão, resultado do que havia dentro de meu coração. Eu me perguntava se o remédio para isto tudo estaria em outro alguém. Eu procurei incansavelmente por este alguém, mas nunca fui capaz de encontrá-lo.

A sensação de estar morta mesmo estando viva conseguia ser pior e mais destrutiva do que a morte em si e, assim, pedaço por pedaço do meu ser foi destruído por este sentimento avassalador.

Então eu caminhei pela vida enquanto carregava meu tão pesado coração. Milhares de corações pulsantes passavam por mim, mas o meu era o único que parecia estar cansado demais destas incessantes batidas, enjoado desta repetitiva melodia; o meu coração parecia ser o único cansado demais para continuar a bater.

Aos poucos, meu coração foi desistindo de si mesmo e nem mesmo um desfibrilador parecia ser capaz de trazê-lo de volta a vida.

O coração que tanto lutou para chegar até aqui parecia estar, pela primeira vez, cansado demais para continuar a lutar pelas suas batidas e, assim, sua música se tornava cada vez mais fraca e inaudível.

O tão ferido coração procurava por um lugar para repousar, lugar onde não houvesse mais dor e nem batalhas, onde pudesse ser ele mesmo sem ter medo disso, mas, por mais que procurasse, jamais foi capaz de encontrar tal lugar, jamais foi capaz de se livrar do fardo que tanto pesava dentro de si.

~ Giullia Gabriella