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Quem eu sou? O que eu quero ser?
Eu gostaria de saber a resposta, mas eu não sei.
Eu constantemente tenho a sensação de compartilhar o corpo com uma estranha e nós não nos damos muito bem.
Eu não a conheço direito, eu nunca sei ao certo o que ela quer. Eu nunca consigo entende-la por completo.
Eu por vezes tento gostar dela, mas eu não consigo. Ela é toda errada, como se estivesse quebrada ou tivesse vindo com algum defeito de fabricação. Ela é como uma peça de quebra-cabeça que, por algum motivo, não se encaixa em lugar algum. Eu remontei o mesmo quebra-cabeça diversas vezes, mas ela nunca pareceu se encaixar nele, nunca houve um espaço para ela ali.
Eu a desprezo por ela ser tão patética e fraca. Por que ela tinha que ser diferente? Por que não poderia ser igual a todos os outros? Ela é a peça que estraga o quebra-cabeça, então por que ela ainda existe?
Ela é tudo o que há de ruim dentro de mim, é ela quem me aprisiona e me impede de ser quem eu sou e de ir atrás do que eu quero. É ela quem me atormenta dia após dia me dizendo que não sou o suficiente e que nunca serei.
Eu me pego frequentemente desejando que ela simplesmente desapareça ou que morra, mesmo que a morte dela signifique a minha morte.
Eu queria fugir para o mais longe dela, mas não importa aonde eu vá, não importa o quanto eu corra, ela sempre está lá, presa a mim como uma sombra, meio que para me lembrar de que não pertenço a lugar algum e que, assim como ela, eu sou a peça que não se encaixa no quebra-cabeça.
Ela é uma parte de mim que, por mais que eu odeie, sei que nunca serei capaz de afastar, porque nós duas somos uma só.
Ainda assim, queria que ela desaparecesse de uma vez, ela não faria falta alguma para mim ou para mais ninguém.
Talvez assim o quebra-cabeça finalmente ficasse completo. Talvez, sem nós, tudo voltasse a ficar bem de novo.
~ Giullia Gabriella