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i've always liked the time before dawn because there's no one around to remind me who i'm supposed to be, so it's easier to remember who i am. nothing ever ends poetically. it ends and we turn it into poetry. all that blood was never once beautiful. it was just red.

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Eu me lembro de quando eu era ainda uma garotinha e de como costumava sonhar e imaginar um futuro brilhante. Eu pensava que a vida seria sempre tão fácil quanto sonhar. Eu pensava que seria fácil pois teria você ao meu lado para me proteger do bicho papão.

Você me dizia para sonhar e não ter medo, você me disse que estaria ao meu lado mas, em algum momento, você soltou minha mão. Você deixou de ir ao meu quarto me desejar boa noite. Você parou de vir me acalmar quando eu acordava assustada com as sombras de todos os meus medos dançando pelo quarto.

Eu fui deixada sozinha com os meus medos e inseguranças. Todas as noites eles me sussurravam coisas horríveis, coisas que me machucavam. Então eu fui crescendo e acabei me acostumando com a presença delas. Elas se escondiam atrás de mim mas só eu parecia ser capaz de vê-las. A cada sorriso, cada lágrima, a cada momento eu podia vislumbrar as sombras dançando ao meu redor.

Os anos foram passando. Eu tentava me sentir viva e completa mas, tudo que eu conseguia era me sentir ainda mais vazia porque, em todos esses momentos, eu sentia falta de algo que não podia ter.

Eu te amava tanto... E era pelo fato de te amar tanto que eu queria te esquecer. Mas eu não conseguia. Eu queria te esquecer porque doía. Qualquer menção ao passado me remetia a você e isso me machucava.

Todas as noites aquelas sombras me sussurravam aos ouvidos todas as suas promessas de outrora, promessas não cumpridas. Elas me sussurravam na mais doce voz mas eu percebia o tom traiçoeiro que havia por trás. E aquelas palavras eram como facas que frequentemente deixavam cicatrizes. Elas me corroíam e me devoravam viva como traças em um velho cachecol. Eu me perguntava por que palavras tão doces como as suas me causavam tanta dor.

Eu tentava te odiar. Era pelo fato de te amar imensamente que eu tentava te odiar. Mas eu não conseguia. É por te amar tanto que eu percebo agora que não posso te esquecer ou odiar. É por te amar tanto que eu preciso entender que o mundo é cheio de falhas e que todos nós cometemos erros.

Agora eu percebo que todos esses anos eu estive segurando sua mão como um sobrevivente de um naufrágio se agarra a um bote salva-vidas. Agora eu percebo que, se eu realmente te amo, eu preciso soltar sua mão. É por te amar tanto que eu estou te deixando ir.

~ Giullia Gabriella

Inspiração: Northern Downpour - Panic! At the disco.

jan 29 2019 ∞
jun 12 2019 +