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i've always liked the time before dawn because there's no one around to remind me who i'm supposed to be, so it's easier to remember who i am. nothing ever ends poetically. it ends and we turn it into poetry. all that blood was never once beautiful. it was just red.

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Doía viver. Doía acordar todos os dias e respirar. Então eu resolvi criar um mundo em minha mente, um mundo ao qual somente eu tinha acesso e eu acabei me acostumando a viver nele, era mais fácil, era menos doloroso.

Nesse novo mundo eu poderia ser quem eu quisesse ser, eu poderia ser feliz, eu poderia ser a pessoa perfeita que todos queriam que eu fosse. Então, cada vez mais eu fui me prendendo a ele e às histórias que eu mesma me contava antes de dormir. Pouco a pouco, isso foi me consumindo.

Mas, com o tempo, eu fui percebendo que tudo isso não era verdade. Eu estava me tornando alguém que eu não era, eu estava vivendo algo que não era meu. Tudo isso, todo esse tempo, foi apenas um grande fingimento. Eu me escondia nesse mundo que eu mesma criei porque eu sabia que, ao encarar a realidade, acabaria me machucando.

Eu me julgava feliz, mas no fundo eu sabia que era mentira. Eu sorria, mas no fundo sabia que não queria.

Mas ninguém jamais percebeu, ninguém se deu ao trabalho de perceber. Eles só viam a minha sombra, nunca me viram por completo. Eles achavam que o reflexo que eu mostrava no espelho era o suficiente e que estava tudo bem, mas eles nunca conseguiram enxergar as rachaduras que ali haviam. Eu estava tentando mostrar a eles, mas ninguém tentou, pelo menos uma vez, olhar pro lado e ver o que acontecia comigo.

Então eu continuava a me esconder naquele mundo fictício, mas doía porque eu sabia que estava vivendo uma mentira.

Eu queria desesperadamente viver, mas era como se não houvesse um lugar ao qual eu pertencesse e isso me corroía por dentro como um verme que, lentamente, ia destruindo tudo o que restava dentro de mim. Pedaço por pedaço, aquilo me devorava.

Eu sangrava e cada vez mais o espelho rachava, mas não importa o quanto eu tentei mostrar à eles, eles continuavam sem enxergar.

Cada vez mais eu sentia como se todos fossem células brancas e eu fosse a doença no organismo, o vírus que ameça destruir tudo, algo que tem de ser eliminado. Eu queria desesperadamente ser como eles, mas eu não conseguia. Parecia que tudo o que eu tocava apodrecia ou morria. E saber disso doía. O tipo de dor que remédio algum é capaz de amenizar.

Então eu me perguntava, por que ninguém era capaz de enxergar tudo isso? Por que era mais fácil para eles acreditar na sombra do que no meu lado verdadeiro? E era por não obter resposta alguma que isso me matava por dentro. Lentamente, todos os meus sonhos e tudo que eu mais amava morria dentro de mim.

E cada vez mais eu me escondia dentro da minha própria mente porque eu sabia que estava a poucos passos de cair em um abismo profundo do qual eu sabia que, se eu caísse, jamais conseguiria levantar novamente. Então eu continuei fugindo de tudo e de todos, e eu fugi para o mais longe e profundo que pude em minha mente.

Dia após dia eu repetia pra mim mesma que assim doeria menos, assim seria mais fácil. Mas no fundo eu sabia que era mentira. E, assim, eu acabei me perdendo dentro desse mundo distorcido que eu mesma criei.

~ Giullia Gabriella

jan 29 2019 ∞
jun 12 2019 +