|
bookmarks:
|
main | ongoing | archive | private |
Por que eu tenho a sensação de que as palavras estão presas em minha garganta? É como se eu quisesse dizer algo mas parece não haver palavras para dizê-lo, isso me sufoca.
Eu nunca fui verdadeiramente capaz de identificar meus sentimentos. Mesmo agora, não consigo saber o que estou sentindo. Minhas emoções me confundem cada vez mais e eu pareço já não saber mais o que caracteriza o ódio, o amor, a culpa, a felicidade ou a tristeza. É como se houvesse um vazio incessante dentro de mim, impenetrável, que me machuca cada vez mais.
A noite chega e tudo que eu consigo sentir é esse vazio permanente, como um buraco que cresce cada vez mais e que lentamente me consome e nada parece ser capaz de preenche-lo. Todas as noites isso se repete, essa sensação me machuca. Eu quero ser capaz de sentir algo de verdade, mas por mais que eu tente, permaneço da mesma maneira.
Eu tento sorrir, eu tento me divertir, mas em todos esses momentos eu consigo perceber que há sempre uma parte de mim que não consegue ser feliz, uma parte de mim que está presa em um mundo sem cor e sem vida. Perceber isso dói.
Pessoas que passam por coisas piores do que eu conseguem colocar um sorriso no rosto ao fim de cada dia, conseguem se sentir felizes mesmo com tudo de ruim que acontece ao redor delas. Então qual é a minha desculpa? Por que é tão doloroso para mim sorrir e por que tenho a sensação de que isso nunca é verdadeiro e espontâneo? Isso me corrói cada vez mais, me machuca.
Talvez o real problema seja o fato de que eu sinto demais e não sou capaz de lidar com todos esses sentimentos, talvez o problema seja me importar demais com coisas e pessoas que não deveria, talvez seja colocar as vontades de todos sempre acima das minhas. Talvez seja isso que esteja me machucando tanto e me consumindo.
Mesmo sabendo disso, não consigo deixar de sentir, de me preocupar, de priorizar a vontade dos outros. Eu acabei me acostumando com isso, acabei me acostumando a nunca levar em consideração os meus sentimentos.
Eu sinto como se isso fosse uma doença que me consome, uma doença da qual não há cura conhecida e, aos poucos, me mata por dentro. Eu me pergunto se algum dia irei descobrir a cura para isso tudo.
Eu queria poder ser outra pessoa, alguém que fosse mais feliz do que eu, alguém que não tivesse que conviver com tudo isso, alguém que não se machucasse por se importar com tudo e com todos. Eu queria ser outro alguém, alguém que não fosse eu.
~ Giullia Gabriella.