Texto 3Como elaborar atividades pensando nas habilidades

O ponto de partida do desenvolvimento das atividades, em consonância com as habilidades e estrutura da BNCC, deve ser a consideração do tipo de “cliente” com que se está lidando, ou seja, o nível de aprendizagem dos alunos, uma vez que essa fase do ensino trata de turmas com alunos muito diferentes entre si, com particularidades que devem ser o primeiro fator a ser levado em conta quando se pensa em propostas de trabalho.

Dadas as características estruturais das imbricações das habilidades, sempre que iniciar o trabalho com um novo conteúdo, o professor deve retomar com os alunos os conhecimentos já adquiridos em anos anteriores, em outras unidades temáticas ou até mesmo em outros componentes curriculares.

Para o desenvolvimento das atividades é importante que os professores criem um ambiente matemático que estimule os alunos, transmitindo a eles mensagens de encorajamento para despertar curiosidade e interesse, sem que se sintam inibidos se, ou quando, surgirem erros e dúvidas no desenvolvimento das atividades. De modo geral, as atividades devem promover engajamento dos alunos. Estar curioso é um dos indicativos de estar engajado. Outro é ser capaz de estabelecer conexões do conteúdo com sua vida cotidiana (conforme discutido anteriormente), ser capaz de ter processos mentais criativos que colaborem entre si.

Essas melhorias podem ser atingidas considerando fatores como o encorajamento à adoção de múltiplos métodos, estratégias e registros de representação para sua resolução. Pode-se dar à atividade um caráter investigativo, propondo o problema antes da introdução do conceito, trabalhando a instintividade e auxiliando na etapa de retomada de conceitos necessários para o desenvolvimento da habilidade. Tal estratégia permite a adoção de um elemento visual e/ou manipulável que aumenta a significação do trabalho, além de articular mais de um registro e a alteração de registro, uma vez que um problema apresenta uma abrangência ampla, é acessível e prolonga-se a altos níveis. Uma boa estratégia para exercitar esse fator é pedir que os alunos façam uma análise prévia do nível de dificuldade do exercício e que, após sua resolução, o reformulem de modo que fique mais “difícil”. Por fim, um problema permite ao aluno que argumente e que convença, tanto a si mesmo quanto a um colega, ou a uma pessoa que duvide dos argumentos e/ou procedimentos apresentados.

Assim, não existe, nem é desejável que exista, um modo engessado com o qual o professor deva elaborar atividades. O que existem são conhecimentos que devem ser assegurados no desenvolvimento das habilidades predefinidas.

aug 3 2023 ∞
aug 3 2023 +