• Diferentemente dos animais, que nascem prontos para viver, os seres humanos nascem à mercê da morte.
  • Freud já havia nos avisado que encontrar a infelicidade no amor é muito mais fácil do que encontrar a felicidade.
  • Conheci um rapaz interessante, e eu sempre me preocupei com bons modos, mas me deparei com esse rapaz que de certa forma inconveniente e rude, eu que em outras circunstâncias certamente descartaria a possibilidade de estreitar uma relação com um homem assim, mas eu achei graça disso e de mim mesma e da minha tranquilidade nessas situações. como eu não rejeitei de imediato? esse espanto era, sobretudo, comigo mesma. quem era essa mulher estranha em mim? o amor nasce de um mistério.
  • Não queremos ser amados apenas pela presença, mas queremos ser amados especialmente pela nossa falta.
  • Quem não tem noção de que está sozinho no próprio corpo pode adoecer psiquicamente, sentindo que seu corpo é invadido pelo outro, que seus pensamentos podem ser alcançados por outra pessoa.
  • Tendemos a tomar a diferença do outro como desamor, a tomar a outridade do outro como rejeição. Como o outro ousa não atender aos meus desejos? Como o outro se atreve a pensar diferente, a querer outras coisas, a gozar de outro modo? É que o outro é sempre outro, especialmente quando é ele mesmo.
  • Aliás, é sobretudo quando o outro é ele mesmo que ele nos interessa, eu diria. Quando a gente tenta ser amado, tenta seduzir, tenta se encaixar naquilo que supõe que o outro gostaria que fôssemos, ficamos ridículos. Aí há um conflito, há um momento em que a máscara cai, em que se descobre que o outro tem algo nele de si mesmo e que não é uma encomenda para o outro. É nesse momento em que algo acontece, quando um desiste de se “fazer” para o outro, assume que eles são diferentes e consente com sua diferença, que com frequência se dá o ápice desses enredos e uma espécie de mágica acontece. A gente não ama o outro porque ele é nosso espelho, a gente ama o outro na notícia que ele dá de que há um mundo para além do nosso umbigo. Ter o nosso narcisismo furado é um baita alívio, e, no amor, é disso que se trata. Eis que, amando, ou interpretamos a experiência desencontrada do amor como um erro, como no enunciado “não era amor”, ou tratamos de elaborar o luto por aquilo que pensávamos que era amor.
  • Nossa relação com o tempo está seriamente adoecida pelo impacto da tecnologia, e desaprendemos (ou as crianças nem sequer estão podendo aprender) a esperar.
  • É preciso que não sejamos tão lúcidos para que possamos aproveitar a vida.
may 5 2023 ∞
may 6 2023 +