O mês de Abril está se aproximando e junto dele se completará um ano da sua morte, eu sei que não deveria estar sofrendo antecipadamente, mas é inevitável. Hoje faz dez meses desde que você se foi e eu ainda consigo lembrar de cada momento doloroso como se fosse ontem. Esses dias conversei com meu pai e chorei incansavelmente enquanto o escutava falando do que já sei: que meu choro é de falta de aceitação. Com quase um ano de morte eu já deveria ter parado meu luto, porém é algo que eu não consigo aceitar, parece muito distante de mim. Queria ser como meu pai, que apenas lembra de você e diz que está com saudades, não chora, não lamenta, só aceita o tal do ciclo da vida.
Eu tenho medo, nunca senti tanto medo na minha vida, medo de dormir sozinha; medo de ir pra faculdade; medo de tudo. Eu vivo com ansiedade, na realidade, eu sobrevivo a ela. Espero conseguir passar por essa e que crie forças, só não sei de onde.
Me desculpe, vovô, por ser tão fraca e transformar meu local de cartas para o senhor em um recanto de lamentações.