Hoje faz um ano que você se foi, mas eu ainda lembro do dia 5 de Abril de 2019 como se fosse ontem. Lembro do dia 4 quando te vi deitado na maca naquela situação que ainda parte meu coração, eu ainda me pergunto se foi o certo te ver, provavelmente eu sofri um pouco mais que meus primos, pois nenhum deles te viu daquele jeito. Contudo, não me arrependo de ter caminhado até a enfermaria no dia 4. O som da voz do meu primo mais velho dizendo "o vovô não resistiu" ainda é tão claro na minha cabeça, o sentimento de angústia que subiu do peito até a garganta. Até hoje não consigo descrever com palavras o que senti quando soube que você havia morrido. O seu enterro foi doloroso, eu senti dor física de verdade, senti que poderia morrer a qualquer momento, mesmo chorando eu sentia que nada era o suficiente para expulsar aquele sentimento horrível.
Ontem a minha sessão de terapia foi inteiramente voltada a você e a minha falta de aceitação, consegui contar o que havia acontecido, falei sobre meus sentimentos, sobre como você era. Agora eu sinto que o sentimento angustiante diminuiu, foi muito bom poder falar sobre você em voz alta, já que ninguém em minha volta faz isso. Eu queria apenas sentir sua falta, que esse choro fosse apenas de saudade, mas eu sei que é mais que isso. Por mais que eu entenda o ciclo da vida, eu não consigo aceitá-lo, não quando o meu avô morre antes de me ver realizando o que eu falava que queria ser. A partir do momento que eu perdi o melhor avô que poderia ter, o ciclo da vida ficou menos compreensível.
Sinceramente eu não achei que estaria aqui para lembrar do seu aniversário de morte (que cai quatro dias antes do seu aniversário de vida), aconteceu tantas coisas no ano de 2019 que eu me perguntava até onde poderia segurar. Por mais que o ano de 2020 não vem sendo bom, você ainda faz falta nele.
Nesse um ano sem você eu aprendi tanta coisa, conheci partes de mim que nem sabia que existiam, chorei, dei risada, fiquei triste, com raiva. Foi um ano intenso, não da forma que eu esperava. A sua ida ainda dói, abre um buraco no meu peito e me destrói por dentro. Mas eu prometo que vou aceitá-lo em algum momento, eu estou me esforçando para isso.
Eu te amo muito, obrigada por ter sido meu avô e pelos 18 anos que tive sua companhia.