Toma espaço, mas apenas porque é matéria e não pode deixar de ser. Faz sons, mas apenas porque caminhar faz barulho e necessita caminhar. Não é nada, embora as vezes gostaria de ser, embora as vezes este seja seu maior medo. O sonho e os lapsos são os ossos que mantêm o corpo em pé, mas também é a tinta que escurece enquanto permanecem sendo apenas oque são e nada mais. Os toques que vieram e se foram são histórias e também empurrões para a linha de chegada e o final do caminho, marcam e não se escondem, apenas cobrem cada vez mais o colorido buraco negro que se perdeu e se enterrou no meio da desordem. Espera a explosão desde a sua última e mais antiga lembrança, a explosão que seria (será) cheia, clara e verdadeira, como tudo o que mais deseja ser, mas apenas espera, nada mais por enquanto, e enquanto espera cansa, marca outros véus com tudo que a cobre, cai em abismo, levita e levanta, cai novamente. O tempo passou e passa, esfria e endurece, mas desde que não mude a essência da matéria, ainda é superável e permite esperança, permite que aguente, que eu aguente.