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Nasceu Parabéns, é uma menina Vai dar trabalho, hein Enche de rosa, florzinha Põe brinquinho Entucha uma boneca Ah, que lindo o instinto materno De aniversário dá uma mini tábua de passar roupa Um mini fogão com várias panelinhas Que é pra aprender desde cedo É do-lar Do-marido De outrem Nunca sua
Cresce Senta como mocinha! Tenha modos Menstrua esse sangue sujo Vaza Denuncia Esconde esse absorvente
Absorva Não é gente Tem que estar bonita, arrumada De peitos de fora na propaganda de cerveja De mãos decepadas pelo "companheiro" De sonhos castrados logo na maternidade
Põe mais maquiagem Tem que ser mais feminina Vai sair sem batom? Esconde essas espinhas Arranca esses pelos que saem de você São sujos Imundos Sua porca!
Gostosa Meus olhos te devoram Te constrangem Te fazem trocar caminhos Por que anda sozinha na rua? Não te ensinaram Que é do-lar?
É minha também Como uma carne exposta no açougue Ou uma roupa na vitrine Te avalio Acho que tenho direito Posso te tocar? Te comprar? Te comer? Vadia
Estuprada Mas com que roupa tava? Andando a noite na rua? Também... Tava pedindo Provocou com o decote A saia devia ser curta demais
Morta pelo ex namorado Ah, crime passional Ciúmes Em menos de um mês tava com outro Merecia Coitado do homem, Amava tanto a moça!
Mortas Todos os dias Mas renascemos Nossas raízes são mais profundas Não vão calar nossa voz, nosso grito Somos gente! Existimos! Resistimos!