by carl sagan

- Os pássaros – cuja inteligência tendemos a denegrir – sabem o que fazer para não sujar o ninho. Os camarões, com cérebros do tamanho de partículas de fiapos, sabem o que fazer. As algas sabem. Os microorganismos unicelulares sabem. Já é hora de sabermos também.

- Vamos competir na arte e na ciência, na música e na literatura, na inovação tecnológica. Vamos criar uma corrida de honestidade. Vamos competir em diminuir o sofrimento, a ignorância e a doença; em respeitar a independência nacional em todo o mundo; em formular e implementar uma ética para a administração responsável do planeta. (...) Vamos aprender um com o outro. Há um século, o capitalismo e o socialismo têm tomado emprestado métodos e doutrinas um do outro em plágios bastante reconhecidos. Nem os Estados Unidos nem a União Soviética têm o monopólio da verdade e da virtude. Gostaria de nos ver competir em cooperação. (...) É possível que acabemos nos destruindo. Talvez o inimigo comum dentro de nós seja forte demais para ser reconhecido e vencido. Talvez o mundo seja reduzido a condições medievais ou muito piores. Porém tenho esperança intimamente há sinais de mudanças (...) Nada é prometido. A história nos colocou essa carga sobre os ombros. Cabe a nós construir um futuro digno de nossos filhos e netos.

- O pensamento é a nossa bênção e a nossa maldição, faz de nós o que somos.

- Este é o século de Hitler e Stalin, evidência – se alguma fosse necessária – de que loucos podem tomar as rédeas do poder dos Estados industriais modernos. Se estamos satisfeitos com um mundo que tem quase 60 mil armas nucleares, estamos apostando nossa vida na proposição de que nenhum líder presente ou futuro, militar ou civil r dos Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França, China, Israel, ndia, Paquistão, África do Sul e qualquer outra potência nuclear que vier a existir – vai se desviar dos padrões mais rigorosos da prudência. Estamos apostando na sua sanidade e sobriedade mesmo em períodos de grande crise pessoal e nacional – em todos os líderes de todos os tempos futuros. Afirmo que é pedir demasiado de nós. Porque cometemos erros. Matamos nossos próprios partidários.

- (...) Mas o credo da liberdade nada significa, se é apenas a nossa própria liberdade que nos emociona.

- Precisamos mais do que sentimentalismo de datas comemorativas, piedade de feriados e patriotismo. Quando necessário devemos enfrentar e desafiar a sabedoria convencional. E hora de aprender com aqueles que caíram neste campo de batalha. O nosso desafio é reconciliar não depois da matança e do assassinato em massa, mas em lugar da matança e do assassinato em massa. É hora de se atirar nos braços uns dos outros. É hora de agir.

- Talvez o subproduto mais angustiante da revolução científica tenha sido acabar com muitas de nossas crenças mais acalentadas e consoladoras. O proscênio antropocêntrico bem-arrumado de nossos ancestrais foi substituído por um universo imenso, frio e indiferente, no qual os humanos são relegados à obscuridade. Mas vejo surgir na nossa consciência um universo de uma tal magnificência e com uma ordem tão intricada e elegante que supera qualquer coisa imaginada pêlos nossos antepassados. E se grande parte do universo pode ser compreendida em termos de algumas leis simples da natureza, aqueles que desejam acreditar em Deus podem com certeza atribuir essas belas leis a uma razão que sustenta toda a natureza. Na minha opinião, é muito melhor compreender o universo como ele é realmente do que imaginar um universo como gostaríamos que ele fosse.

- Mas uma das descobertas da minha doença é a extraordinária comunidade de benevolência a que pessoas na minha situação devem a sua vida (...) Quando um cinismo exagerado ameaça nos engolfar, é animador lembrar que a bondade está por toda parte.

- Não consigo conceber um deus que recompense e puna as suas criaturas, nem que tenha uma vontade do tipo que experimentamos em nós mesmos. Não consigo nem quero conceber um indivíduo que sobreviva à sua morte física; que as almas fracas, por medo ou egoísmo absurdo, alimentem esses pensamentos. Eu me satisfaço com o mistério da eternidade da vida e com um vislumbre da maravilhosa estrutura do mundo real, junto com o esforço diligente de compreender uma parte, por menor que seja, da Razão que se manifesta na natureza.

- Para Carl, o que mais importava era a verdade, e não apenas aquilo que poderia fazer com que nos sentíssemos melhor.

jan 13 2014 ∞
feb 21 2014 +