O mesmo céu cinza que reflete seus olhos, é o mesmo que encobre minhas olheiras. Sua estação e seu jardim: Nela as flores estão murchas e aguardam a chuva. As pétalas das flores refletem o céu cinza, nada é mais vivo que o cinza, as cores da flores não são amarelas ou violeta, são negras e vivem esperando as tempestades para que elas possam dançar em meio o vento furioso que traz a chuva. A água que cai das nuvens cinzas, não é cristalina, transparente... ela é sépia, de um tom marrom, avermelhado que é difícil de ser admirado por quem vive a plenitude das cores comuns. Não há nada comum. A grama do jardim não é verde, ela é cinza, tão cinza que parece uma fotografia apagada. Vez ou outra uma flor azul floresce, deixa tudo mais confuso, porque em uma terra cinza uma flor azul brotaria? É o que me questiono, por quê no seu jardim há uma flor azul? A flor azul é o caos. ( E ela esta plantada dentro do seu peito.) Chamo sua estação de estação da confusão. Pela forma que as coisas surgem e raramente se ajeitam, vez ou outra tudo fica estável, mas a instabilidade sempre esta ali, presente, pronta para desajeitar algo. É uma estação onde seus olhos descansam, mas por um curto tempo. As quimeras sempre estão fixadas no chão, talvez sejam a própria terra. Os corvos vibram quando esta estação chega, alegremente voam alto, em meio a raios e trovões, celebram a chegada dela como a chegada de algo tão esperado. Mas os olhos deles estão sempre cheios de lagrimas. Há um sol negro, que ilumina o local, não há dia e noite. O frio nunca chega, ele permanece sempre e sempre. Algumas horas são mais confusas que as outras, o tempo ele não passa, parece estar sempre congelado, tudo é um único momento contínuo. Os sentimentos não vibram, eles são neutros, só mesmo quando a flor azul brota inesperadamente algo parece mudar, mas nada muda é só ilusão. A doce ilusão vive efêmera no tempo gélido. No seu jardim há sonhos desconstruídos, e um mero fio de esperança que ainda há mantém. Não é um lugar fácil de habitar, não é verdadeiramente um lugar, não é um jardim, uma estação, é o seu eu, preso no seu corpo físico, com assas mas sempre sendo impedido de voar. Você é imensa em mim como o caos que há em você.