Os últimos meses foram complicados, existiram dias que não pensei um segundo sequer na sua existência e agradeci imensamente ao universo por todos os sentimentos bons se desvincularem de mim. Era fundamental para minha evolução seguir em frente, mas ainda sou refém do passado, entre as diferentes formas de superar escolhi a pior. Pensei muito, para ser bem sincera dentro daquilo da obra que me compõe eu continuo constantemente pensando, e muitas vezes dói ao ponto de entender o silêncio e a ausência de palavras. Nem por um segundo continua sendo fácil seguir em frente fingindo que está tudo bem, mas no fim sou a única que se sente assim, pelo menos acredito ser. Houve arrependimento quando mandei aquela mensagem no curiouscat, apesar de no primeiro momento esperar alívio quando meus olhos captaram a sua resposta me subiu uma sensação amarga pela garganta, naquele mesmo segundo senti muito. Talvez para você seja normal o contexto que me encaixava, não funciono assim, porque realmente gostava de todas as coisas que me proporcionava e acima disso gostava daquilo que era. Ler cada palavra disposta naquele pequeno texto foi agonizante, a forma como tudo foi baseado em o quanto você sentiu peso e culpa até descobrir que não era a única responsável por isso machucou um pouco de mim. Realmente, dentro daquele cenário era impossível encontrar apenas um culpado e em nenhum momento foi indisposta essa possibilidade, você queria descarregar a responsabilidade e eu queria retratar o quão ruim era estar na escuridão. Pela primeira vez senti sua imaturidade. Apesar de tudo nunca ausentei a compreensão do que sentia, era inconstante e faltei com sinceridade comigo diversas vezes. Isso despencou na sua pessoa, por muitas vezes o silêncio foi um fator consecutivo. Quando disse que não gostaria que o fato de existir sentimentos em mim sobre nós que pudessem afetar algo não menti, mas tudo é muito diferente se colocado em prática. Dancei sua dança, tentei dar espaço para suas amizades entrarem dentro daquela passagem e no fim terminei o teatro sozinha; cheguei atrasada, mas isso é como sou. Foi complicado entender que alguém gostava de mim, ano passado quando recebi aquela mensagem meus julgamentos se emergiram pois era algo tão recente. De alguma forma precisava entender a conjuntura, mas logo que te desenhei mesmo que rapidamente naquele dia captei que já gostava de você. Nunca irei compreender cem porcento o que aconteceu, mesmo que por diversas vezes tenha sido complicado tentei da minha forma no meio de um turbilhão de acontecimentos estar presente. Doeu depois do dia que fui embora ver você se aproximando dela, doeu as mensagens que sua amiga escreveu se referindo a mim como alguém obcecada e escrota, doeu ainda mais perceber que fui única que fiz algo depois de tudo. Fiz não porque sinto culpa, não sinto nada além do que foi exposto entre essas linhas caso queira saber, eu fiz porque genuinamente gostaria de escutar com sinceridade o outro lado. Não cabe mais a mim entrar em um espaço que não sou bem-vinda. Seus sentimentos não serem recíprocos jamais foram um problema, a forma que fui inserida dentro deles sim. Continuo não acreditando em responsabilidade emocional, sinto que sou adulta o suficiente para me responsabilizar pelas coisas que considero vitais. Aconteceram muitas situações recentemente, de alguma maneira o ciclo está se encerrando e provavelmente as ocasiões que te acompanham em minha memória irão junto. Espero que seja feliz, mas também desejo que haja mais autonomia e convicção nos seus passos. Também desejo que sua amiga não tome posição de superioridade na sua vida, genuinamente falando ela não deveria se meter tão profundamente nos seus sentimentos e relações, mesmo sem perceber isso te afeta, talvez vocês duas acreditem que essas coisas fazem parte de uma amizade genuína e infelizmente estou certa do contrário.