Em "Uma Noite do Século":
- "Só valem beijos enquanto o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de lava?"
- "E pois ergamo-nos, nós que amanhecemos nas noites desbotadas de estudo insano, e vimos que a ciência é falsa e esquiva, que ela mente e embriaga como um beijo de mulher"
Em "Solfieri":
- "Sabeis a história de Maria Stuart degolada e o algoz, "do cadáver sem cabeça e do homem sem coração" como a conta Brantôme?
Em "Bertram":
- "O que é o homem? é a escuma que ferve hoje na torrente e amanhã desmaia: alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro! O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das ilusões: vive-se então da seiva do futuro. Depois envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos, e o suor das agonias nos grisalhou os cabelos antes do tempo, e murcharam como nossas faces as nossas esperanças, oscilamos entre o passado visionário e este amanhã do velho, gelado e ermo - despido como um cadáver que se banha antes de dar à sepultura! Miséria! Loucura!"
- "A poesia é a insânia" - Sêneca
- "Vê, tudo isso é belo - vales e montes, águas do mar que espumam, folhas das florestas que tremem e sussurram como as asas dos meus anos anos - tudo isso é teu. Fiz-te o mundo belo no véu purpúreo do crepúsculo, dourei-o aos raios de minha face. Fiz-te rei da Terra! banha a fronte olímpica nessas brisas, nesse orvalho, na escuma dessas cataratas. Sonha com a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores!"
- "Tudo isto é belo, sim - mas é a ironia mais amarga, a decepção mais árida de todas as ironias e de todas as decepções. Tudo isso se apaga diante de dois fatos muito prosaicos - a fome a sede."
- "Deus escreveu Aαυψζν¹ na fronte de sua criatura!" ¹ destino, fatalidade
- "Não vês que eu tenho sede, e que as garrafas estão secas, secas como tua face e como nossas gargantas?"
Em "Claudius Hermann":
- "...Ecstazy! My pulse, as yours, doth temperately keep time, and makes as healthful music: it is not madness that i have utter 'd." - Shakespeare, Hamlet
- "Nessa torrente negra que se chama a vida, e que corre para o passado enquanto nós caminhamos para o futuro, (...) O passado é o que foi, é a flor que murchou, o sol que se apagou, o cadáver que apodreceu. Lágrimas a ele? fora loucura! Que durma, e que durma com suas lembranças negras! revivam: acordem apenas os miosótis abertos, naquele pântano! sobreágue naquele não ser o eflúvio de alguma lembrança pura!"
- "Poesia! por que pronunciar-lhe à virgem casta o nome santo como um mistério, no lodo escuro da taverna? Por que lembrá-la a estrela do amor à luz do lampião da crápula? Poesia! sabeis o que é a poesia?"
- "A poesia, eu t'o direi também por minha vez, é o voo das aves da manhã do banho morno das nuvens vermelhas da madrugada, é o cervo que se rola no orvalho da montanha relvosa, que se esquece da morte de amanhã, da agonia de ontem em seu leito de flores!"
- "São palavras, palavras e palavras, como o disse Hamlet: e tudo isso é inanido e vazio como uma caveira seca, mentiroso como os vapores infectos da terra que o sol no crepúsculo irisa de mil cores, e que se chamam as nuvens, ou essa fada zombadora que se chama a poesia!"
- "A carruagem corria sempre (...)"
- "(...) Não sei se dormia, mas sei que sonhava muito amor e muita esperança: não sei se velava, mas eu a via sempre ali, eu lhe contemplava cada movimento gracioso do dormir: eu estremecia a cada alento que lhe tremia os seios - e tudo me parecia um sonho - um desses sonhos que a alma se abandona com um cisne, que modorra, aos som das águas..."
- "Que te importam meus sonhos, que te importam meus amores? Sim, tens razão! Que importa à água do deserto, à gazela do areal que o árabe tenha sede ou que o leão tenha fome? Mas a sede e a fome são fatais. O amor é como eles: - entendes-me agora?"
- "Sabes o que é essa palavra - morrer? É a dúvida que afana a existência: é a dúvida, o pressentimento que resfria a fronte do suicida, que lhe passa nos cabelos como um vento de inverno, e nos empalidece a cabeça como Hamlet! Morrer! é a cessação de todos os sonhos, de todas as palpitações do peito, de todas as esperanças! É estar peito a peito com nossos antigos amores e não senti-los!"
- "Põe a mão no teu coração - bate e bate com força, como o feto nas entranhas de sua mãe. Há aí dentro muita vida ainda: muito amor por amor, muito fogo por viver! Oh! se tu quiseres amar-me!"
- "Estava ébrio como o defunto patriarca Noé, o primeiro amante da vinha, virgem desconhecida, até então, e hoje prostituta de todas as bocas... ébrio como Noé, o primeiro borracho de que reza a história! Dormia pesado e fundo como o apóstolo S. Pedro no Horto das Oliveiras... O caso é que ambos tinham ceado à noite..."
Em "Johann":
- "Vede: sinto frio, muito frio: tremo de calafrios e o suor me escorre das faces! Quero o fogo dos espíritos! a ardência do cérebro ao vapor que tonteia... quero esquecer!"
Em "O último beijo de amor":
- "Quando o inverno escurece o céu, cerremos os olhos; pobres andorinhas moribundas, lembremo-nos da primavera!..."
dec 29 2011 ∞
dec 29 2011 +