hoje tava me sentindo confiante de conversar com d sobre tudo que vem sendo construído em questão de convivência, morar junto, nosso relacionamento e tudo mais, e então comecei falando sobre como achava importante a gente dialogar mais, falar sobre os sentimentos para que a gente pudesse se entender melhor e o relacionamento não deteriorar e aí falei também de alcançar um equilíbrio na convivência, de entender os limites de cada um e respeitar, daí falei de ocupação de espaços, de como eu enxergo a casa só como meu quarto e como comecei a entender que gosto de calma e silêncio as vezes, e que acabo ficando reclusa no quarto mas é algo que sufoca também, algumas vezes. Reforcei a questão de que não estava querendo impor nada, que não tava pedindo que tudo sempre fosse do meu jeito ou como acho certo, mas que também não precisava ser sempre do jeito que tá sendo e ele falou sobre como eu precisava me flexibilizar mais e me adaptar e perceber que muitas coisas que eu via como personalidade eram hábitos que vinham de uma vivência privilegiada, que eu tive o privilégio de estar sozinha e então eu estava acostumada a isso, que embora não invalidasse essa necessidade, que era algo que eu precisava adaptar em mim. que ao dividir apartamento seja com quem for, não dá para esperar que tudo ocorra de um jeito determinado.

eu entendi tudo que ele falou e não acho que ele tenha falado algum absurdo, mas também não me senti acolhida. de início não sabia o que estava sentindo, nem o que pensar. voltei para o ponto de questionar se eu estava certa, ou se eu estava pedindo demais ou se estava sendo muito individualista

mas também pensei em como estamos em momentos diferentes, e que nem sempre o que eu tô convicta na minha cabeça condiz com a realidade.

ele falou também como eu me excluo e por isso eles não entendem o que eu preciso, porque muita coisa não vai ser resolvida só na conversa, tem coisas que só vão se ajeitar na prática, e é verdade. nesse momento pensei muito como geralmente eu não dou minha cara a tapa nas situações e não me coloco em lugares de evidência, ou de vulnerabilidade. mas ainda assim, estava descontente com alguma coisa que não sabia definir

outra coisa que ele falou é como as vezes a situação não dá para mudar e a gente que tem que estar bem, dentro. ele falou sobre como as vezes também não tá afim de conversar de manhã, mas m fica falando mesmo assim (ou vice e versa), até que seja percebido o impasse e pronto, ou ele só leva sem realmente interagir

e eu não entendo? não entendo como isso é bom. mesmo com tudo que ele tenha falado faça sentido, e eu não tenha achado errado, ainda assim, não fiquei satisfeita. é verdade que eu tenha que me flexibilizar e me adaptar, que tenho que estar bem por dentro e tudo mais. porém não acho que a regra tenha que ser eu fazendo isso tudo, ou até ele também, e o outro lado não esteja enxergando as necessidades dos outros. eu sei (e não quero) impor que não fale alto, ou não ouça música alta, ou não esteja na sala. só não acho que seja algo que tenha que sempre ocorrer.

outro ponto que ficou também é como eu sempre estou preocupada em entender (mesmo que não seja claro em ações) o processo (ou pelo menos a partezinha que conheço) de m, de d, as implicações disso, o que eles podem tá pensando, como d pode estar se sentindo... No geral, tenho uma preocupação não dita sobre ele, sobre a situação, e percebi que é uma coisa só minha. ele falou sobre como aprendeu a ignorar isso, e só seguir a vida, que eu me isolando era só uma coisa que acontecia e que não afetava ele.

e aí me veio mais uma vez a questão de como dentro é uma coisa, e fora é outra totalmente diferente. mas dessa vez me senti sozinha (algo que fui perceber só falando com j)

percebi que tinha toda essa preocupação, esse sentimento de não-pertencimento, receio e outras coisas, mas que isso só está para mim

não há preocupação do outro lado. a resposta é simples: se inclua, se adapte. ou continue assim desse jeito.

e eu percebi os momentos, os processos. essa situação toda pode ter se dado e eu ter reagido assim porque não foi uma coisa minha, foi uma coisa que fui inserida querendo ou não, e minhas necessidades não são importantes, e são vistas como algo que eu posso mudar.

eu vejo como ele tem razão no que fala, como é algo que precisa partir de mim essa inserção e adaptação porque a situação é essa e não vai mudar, mas me sinto só.

e ainda sem saber direito qual o limite do que eu preciso. até onde é hábito, até onde é mimo e privilégio. até onde preciso amadurecer

e qual parte que deveria ser escutada e não é?

essa conversa embora tenha me dado outra perspectiva para estar mais atenta ao que preciso amadurecer, ao que estou falando e também a aprender que convivência nem sempre vai ser equilíbrio mas um esforço de estar bem com o diferente, de estar bem apesar do ambiente

também me pergunto se isso é dessa forma porque não há preocupação comigo

e partindo de um pressuposto que seja um misto dessas coisas, como j falou: esse movimento terá que ser todo meu. eu vou ter que aprender a conviver, engolir "sapos" e só seguir isso, tentando estar o mais bem possível - aprendendo a lidar com situações.

edit: hoje também (30/11) me veio na cabeça que eu esteja percebendo essa situação agora de um jeito que me diz que nem tudo tenha que ser - nem vai ser - exatamente como eu quero (isso é uma coisa que já venho pensando).

nov 29 2018 ∞
nov 30 2018 +