"Qualquer vida humana da margem a inúmeras interpretações. (...) Segundo a maneira como é apresentado, o passado de qualquer um de nós tanto pode se tornar a biografia de um chefe de Estado adorado quanto a biografia de um criminoso."

"The best thing one can do when it's raining is to let it rain." Henry Wadsworth Longfellow

"You pierce my soul. I am half agony, half hope." Jane Austen

"Let there be spaces in your togetherness, and let the winds of the heavens dance between you. Love one another but make not a bond of love: let it rather be a moving sea between the shores of your souls." Kahlil GIbran

"By your side I'm most quiet and most unquiet, most inhibited and most free." Franz Kafka

"From the moment I fell in love with Mario, I began to fear that he would be repelled by me. Wash the body, scent it, eliminate all unpleasant traces of physiology. To levitate. I wanted to detach myself from the earth, I wanted him to see me hovering on high, the way wholly good things do. I never left the bathroom until every bad smell had vanished, I turned on the taps so he wouldn't hear the rush of urine. I rubbed myself, curried myself, washed my hair every two days. I thought of beauty as of a constant effort to eliminate corporeality. I wanted him to love my body forgetful of what ones knows of bodies. Beauty, I thought anxiously, is this forgetfulness. Or maybe not. It was I who believed that his love needed that obsession of mine." Elena Ferrante, Days of Abandonment

"Don't succumb, I goaded myself. Fight. I feared above all my growing incapacity to stick to a thought, to concentrate on a necessary action. The abrupt, uncontrollable twists frightened me. Mario, I wrote, to give myself courage, had not taken away the world, he had taken away only himself. And you are not a woman of thirty years ago. You are of today, take hold of today, don't regress, don't lose yourself, keep a tight grip. Above all, don't give into distracted or malicious or angry monologues. Eliminate the exclamation points. He's gone, you're still here. You'll no longer enjoy the gleam of his eyes, of his words, but so what? Organize your defenses, preserve your wholeness, don't let yourself break like an ornament, you're not a knickknack, no woman is a knickknack. La femme rompue, ah, rompue, the destroyed woman, destroyed, shit. My job, I thought, is to demonstrate that one can remain healthy. Demonstrate it to myself, no one else. If I am exposed to lizards, I will fight the lizards. If I am exposed to ants, I will fight the ants. If I am exposed to thieves, I will fight the thieves. If I am exposed to myself, I will fight myself." Elena Ferrante, Days of Abandonment

"Everyday courage has few witnesses. But yours is no less noble because no drums beats for you and no crowds shout your name." Robert Louis Stevenson

"The helpful thought for which you look / Is written somewhere in a book." Edward Gorey

"There are many fine things which we cannot say if we have to shout." Henry David Thoreau

"Her heart sat silent through the noise and concourse of the street. There was no hurry in her hands, no hurry in her feet." Christina Rossetti

"If we understood ourselves better, we would damage ourselves less." James Baldwin

"A partir de agora, nunca mais diria de ninguém que a pessoa era isso ou aquilo. Ela se sentia muito jovem; ao mesmo tempo, inconcebivelmente velha. Passava por tudo como uma faca afiada; ao mesmo tempo, ficava de fora, contemplando. Tinha uma sensação permanente, olhando os táxis, de estar longe, longe, bem longe no mar e sozinha; sempre era invadida por essa sensação de que era muito, muito perigoso viver, ainda que por um dia. Não que se considerasse muito inteligente ou excepcional. Não conseguia imaginar como enfrentara a vida com aqueles fiapos de conhecimento incutidos pela Fraulein Daniels. Não sabia nada; nada de outras línguas, nada de história; e agora raramente lia, a não ser memórias, quando se deitava antes de dormir; todavia, para ela, tudo isso era absolutamente absorvente; tudo ao redor; os táxis que passavam; e nunca mais diria de Peter, nem de si mesma, sou isso ou sou aquilo." Virginia Woolf, Mrs Dalloway

"Não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade." Albert Camus

"The way we talk to our children becomes their inner voice." Peggy O'Mara

"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira." Cecília Meireles

"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de ir." Machado de Assis

"I was hungry for love. Just once, I wanted to know what it was like to get my fill of it - to be fed so much love I coulnd't take anymore. Just once" Haruki Murakami, Norwegian Wood

“Today a reader, tomorrow a leader.” Margaret Fuller

“The world was hers for the reading.” Betty Smith, A Tree Grows in Brooklyn

“I cannot remember the books I've read any more than the meals I have eaten; even so, they have made me.” Ralph Waldo Emerson

“A word after a word after a word is power.” Margaret Atwood

“No two persons ever read the same book.” Edmund Wilson

“You think your pain and your heartbreak are unprecedented in the history of the world, but then you read. It was books that taught me that the things that tormented me most were the very things that connected me with all the people who were alive, or who had ever been alive.” James Baldwin

"O amor por Eponina: dessa vez era um amor mais realista e não romântico; era o amor de quem já sofreu por amor." Clarice Lispector, Uma História de Tanto Amor um: Felicidade Clandestina

"As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito." Clarice Lispector, Os Desastres de Sofia in: Felicidade Clandestina

"Ela toda era de uma doçura próxima a lágrimas."

"Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar - uma palavra mais verdadeira poderia de eco em eco fazer desabar pelo despenhadeiro as minhas altas geleiras." Clarice Lispector, Os Desastres de Sofia in: Felicidade Clandestina

"Por mais arriscado que fosse o meu lado, eu era obrigada a arrastá-lo para o meu lado pois o dele era mortal. Era o que eu fazia, como uma criança importunar puxa um grande pela aba do paletó. Ele nem olhava para trás, não perguntava o que eu queria, e livrava-se de mim com um safanão. Eu continuava a puxá-lo pelo paletó, meu único instrumento era a insistência. E disso tudo ele só percebia que eu lhe rasgava os bolsos." Clarice Lispector, Os Desastres de Sofia in: Felicidade Clandestina

"Não poderia permanecer muito tempo assim, sem risco de afogar-se, pois tocar no fundo também significa ter água acima da cabeça." Clarice Lispector, Os Obedientes in: Felicidade Clandestina

"Eu ia andando pela Avenida Copacanaba e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com o que via."

"Mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz." Clarice Lispector, Restos de Carnaval in: Felicidade Clandestina

"Viva eu! que ainda estou viva." Clarice Lispector, Dia Após Dia in: A Via Crucis do Corpo

"Quando a gente começa a se perguntar: para quê? então as coisas não vão bem. E eu estou me perguntando para quê. Mas bem sei que é apenas 'por enquanto'." Clarice Lispector, Por enquanto in: A Via Crucis do Corpo

"Foi ao Hyde Park e deitou-se na grama quente, abriu um pouco as pernas para o sol entrar. Ser mulher era uma coisa soberba. Só quem era mulher sabia. Mas pensou: será que vou ter que pagar um preço muito caro pela minha felicidade? Não se incomodava. Pagaria tudo o que tivesse de pagar. Sempre pagara e sempre fora infeliz. E agora acabara-se a infelicidade." Clarice Lispector, Miss Algrave in: A Via Crucis do Corpo

"Miss Algrave sentia-se muito feliz, embora... Bem, embora." Clarice Lispector, Miss Algrave in: A Via Crucis do Corpo

"Então eu disse ao editor: só publico sob pseudônimo. Até já tinha escolhido um nome bastante simpático: Cláudio Lemos. Mas ele não aceitou. Disse que eu devia ter liberdade de escrever o que quisesse. Sucumbi. Só peço a Deus que ninguém me encomende mais nada. Porque, ao que parece, sou capaz de revoltadamente obedecer, eu a inliberta." Clarice Lispector

"The art of teaching is the art of assisting discovery." Mark Vandoren

"Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra." Clarice Lispector, Felicidade Clandestina

"Mas já que há de se escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas." Clarice Lispector

"Entre ela e Eduardo o ar tinha gosto de sábado. E de súbito os dois eram raros, a raridade no ar. Eles se sentiam raros, não fazendo parte das mil pessoas que andavam pelas ruas. Os dois às vezes eram coniventes, tinham uma vida secreta porque ninguém os compreenderia. E mesmo porque os raros são perseguidos pelo povo que não tolera a insultante ofensa dos que se diferenciavam. Eles escondiam o amor deles para não ferir os olhos dos outros de inveja. Para não feri-los com uma centelha luminosa demais para os olhos." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Não era verdade que só se pensa um pensamento único. Era, por exemplo, capaz de escrever um cheque perfeito, sem um erro, pensando na sua vida, por exemplo. Que não era boa mas enfim era sua. Sua de novo. A coerência, não a quero mais. Coerência é mutilação. Quero a desordem." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Eu não caio nessa de que o certo é ser infeliz, Eduardo. Quero fruir de tudo e depois morrer e eu que me dane! me dane! me dane! [...] Eu não vou nessa também, nada de passividade, quero é tomar banho nua no rio barrento que se parece comigo, nua e livre! viva! Três vivas! Eu abandono tudo! tudo! e assim não sou abandonada, não quero depender senão de umas três pessoas e o resto é: Bom dia, tudo bem? tudo bem. Edu, você sabe? eu te abandono. Você, no fundo do seu intelectualismo, não vale a vida de um cão. Eu te abandono, então. E abandono o grupo falsamente intelectual que exigia de mim um vão e nervoso exercício contínuo de inteligência falsa e apressada. Precisei que Deus me abandonasse para que eu sentisse a sua presença. Eu preciso matar alguém dentro de mim. Você estragou a minha inteligência com a sua que é de gênio. E me obrigou a saber, a saber, a saber. Ah, Eduardo, não se preocupe, levo comigo os livros que você me deu para 'seguir um curso em casa', como você queria. Estudarei filosofia perto do rio, pelo amor que tenho por você." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"'Eduardo', pensou ela para ele, 'eu estava cansada de tentar ser o que você achava que sou. Tem um lado mau- o mais forte e o que predominava embora eu tenha tentado esconder por causa de você - nesse lado forte eu sou uma vaca, sou uma cavala livre e que pateia no chão, sou mulher da rua, sou vagabunda - e não uma 'letrada'. Sei que sou inteligente e que às vezes escondo isso para não ofender os outros com minha inteligência, eu que sou uma subconsciente. Fugi de você, Eduardo, porque você estava me matando com essa sua cabeça de gênio que me obrigava a quase tapar os meus ouvidos com as duas mãos e quase gritar de horror e cansaço. E agora vou ficar seis meses na fazenda, você não sabe onde estarei, e todos os dias tomarei banho no rio misturando com o barro a minha abençoada lama. Sou vulgar, Eduardo! E saiba que eu gosto de ler histórias de quadrinhos, meu amor, oh meu amor! Como te amo e como amos os teus terríveis malefícios, ah como te adoro, escrava tua que sou. Mas eu sou física, meu amor, eu sou física e tive que esconder de ti a glória de ser física. E você, que é o próprio fulgor do raciocínio, embora não saiba, era alimentado por mim. Você, superintelectual e brilhante e deixando todos admirados e boquiabertos.'" Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Como Dona Maria Rita sempre fora uma pessoa comum, achava que morrer não era coisa normal. Morrer era surpreendente. Era como se ela não estivesse à altura do ato de morte, pois nunca lhe acontecera até agora nada de extraordinário na vida que viesse justificar de repente outro fato extraordinário. Falava e até pensava na morte, mas no fundo era cética e suspeitosa. Achava que se morria quando havia um desastre ou alguém matava alguém." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Mas quando se trata da vida mesmo - quem nos ampara? Pois cada um é cada um. E cada vida tem que ser amparada por essa própria vida desse cada-um. Cada um de nós: eis com que contamos." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Dona Maria Rita era tão antiga que na casa da filha estavam habituados a ela como um móvel velho. Ela não era novidade para ninguém. Mas nunca lhe passara pela cabeça que era uma solitária. Só que não tinha nada para fazer. Era um lazer forçado que em certos momentos se tornava lancinante: nada tinha a fazer no mundo. Senão viver como um gato, como um cachorro. Seu ideal era ser dama de companhia de alguma senhora, mas isso nem se usava mais e mesmo ninguém acreditaria nos seus fortes setenta e sete anos, pensariam que ela era fraca. Não fazia nada, fazia só isso: ser velha. Às vezes ficava deprimida: achava que não servia a nada, não servia sequer a Deus. Dona Maria Ritinha não tinha inferno dentro dela. Por que os velhos, mesmo os que não tremem, sugeriam algo delicadamente trêmulo?" Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Eduardo ouvia música com o pensamento. E entendia a dissonância da música moderna, só sabia entender. Sua inteligência que a afogava. Você é uma temperamental, Angela, disse-lhe uma vez. E daí? Que mal há nisso? Sou o que sou e não o que pensas que sou. A prova que sou está nesta partida do trem. Minha prova também é dona Maria Rita, aí defronte. Prova de quê? Sim. Ela já tivera plenitude. Quando ela e Eduardo estavam tão apaixonados um pelo outro que estando juntos numa cama, de mãos dadas, eles sentiam a vida completa. Pouca gente conheceu a plenitude. E, porque a plenitude é também uma explosão, ela e Eduardo covardemente passaram a viver "normalmente". Porque não se pode prolongar o êxtase sem morrer. Separaram-se por um motivo fútil quase inventado: não queriam morrer de paixão. A plenitude é uma das verdades encontradas. Mas o rompimento necessário fora para ela uma ablação, assim como há mulheres de quem são tirados o útero e os ovários. Vazia por dentro." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Desde que descobrira - mas descobrira realmente com um tom espantado - que ia morrer um dia, então não teve mais medo da vida, e, por causa da morte, tinha direitos totais: arriscava tudo. Depois de ter tido duas uniões que haviam terminado em nada, esta terceira que terminava em amor-adoração, cortada pela fatalidade do desejo de sobreviver. Eduardo a transformara: fizera-a ter olhos para dentro. Mas agora ela via para fora. Via através da janela os seios da terra, em montanhas. Existem passarinhos, Eduardo! Existem nuvens, Eduardo! [...] Eu estou fugindo do meu suicídio, Eduardo. Desculpe, Eduardo, mas não quero morrer." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Ela aproveitava o apito gritado do trem para que ele fosse o seu próprio grito. Era um berro agudo, o seu, só que virado para dentro." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Dona Maria Rita olhou de novo para o próprio anel de brilhantes e pérola no seu dedo, alisou o camafeu de ouro: 'Sou velha mas sou rica, mais rica que todos aqui no vagão. Sou rica, sou rica.' Espiou o relógio, mais para ver a grossa placa de ouro do que para ver as horas. 'Sou muito rica, não sou uma velha qualquer'. Mas sabia, ah bem sabia que era uma velhinha qualquer, uma velhinha assustada pelas menores coisas." Clarice Lispector, A Partida do Trem in: Onde Estivestes de Noite

"Só se deve morrer de morte morrida, nunca de desastre, nunca de afogação no mar. Eu peço proteção para os meus, que são muitos. E a proteção, tenho certeza, virá." Clarice Lispector, O Morto no Mar da Urca in: Onde Estivestes de Noite

"Como recuar, e depois nunca mais esquecer a vergonha de ter esperado em miséria atrás de uma porta?"

"Anything that's human is mentionable, and anything that is mentionable can be more manageable.When we can talk about our feelings, they become less overwhelming, less upsetting, and less scary." Fred Rogers

"If looking at someone with desire was as bad as satisfying the desire, if having an active fantasy was as bad as the act you were fantasizing - then why not the satisfaction and the act itself? As the days went on, I discovered that I couldn't stop thinking sinful thoughts. In which case I also wanted the sin itself." Bernhard Schlink, The Reader

"Why? Why does what was beautiful suddenly shatter in hindsight because it concealed dark truths? Why does the memory of years of a happy marriage turn to gall when our partner is revealed to have had a lover all those years? Because such a situation makes it impossible to be happy? But we were happy! Sometimes the memory of happiness cannot stay true because it ended unhappily. Because happiness is only real if it lasts forever? Because things always end painfully if they contained pain, conscious or unconscious, all along? But what is unconscious, unrecognized pain?" Bernhard Schlink, The Reader

"Waking up from a bad dream does not necessarily console you. It can also make you fully aware of the horror you just dreamed, and even of the truth residing in that horror." Bernhard Schlink, The Reader

"When we made love, I sensed that she wanted to push me to the point where I could no longer stand it. She also gave herself in a way she had never done before. She didn't abandon al reserve, she never did that. But it was as if she wanted us to drown together." Bernhard Schlink, The Reader

"It wasn't that I forgot Hanna. But at a certain point the memory of her stopped accompanying me wherever I went. She stayed behind, the way a city stays behind as a train pulls out of the station. It's there, somewhere behind you, and you could go back and make sure of it. But why should you?" Bernhard Schlink, The Reader

"I could never stop comparing the way it had been with Gertrud and the way it had been with Hanna; again and again, Gertrud and I would hold each other, and I would feel that something was wrong, that she was wrong, that she moved wrong and felt wrong, smelled wrong and tasted wrong. I thought I could get over it. I hoped it would go away. I wanted to be free of Hanna. But I never got over the feeling that something was wrong." Bernhard Schlink, The Reader

"There's no need to talk, because the truth of what one says lies in what one does." Bernhard Schlink, The Reader

"For the last few years I've left our story alone. I've made peace with it. And it came back, detail by detail and in such a fully rounded fashion, with its own direction and its own sense of completion, that it no longer makes me sad. What a sad story, I thought for so long. Not that I now think it was happy. But I think it is true, and thus the question of whether it is sad or happy has no meaning whatever." Bernhard Schlink, The Reader

"Mas Amélia, agora, já não tinha aquela necessidade amorosa de contentar em tudo o senhor pároco. Acordara quase inteiramente daquele adormecimento estúpido de alma e do corpo, em que a lançara o primeiro abraço de Amaro. Vinha-lhe aparecendo distintamente a consciência pungente da sua culpa. Naqueles negrumes de um espírito beato e escravo, fazia-se um amanhecimento de razão. O que era ela no fim? A concubina do senhor pároco. E esta ideia, posta assim descarnadamente, parecia-lhe terrível. Não que lamentasse a sua virgindade, a sua hora, o seu bom nome perdido. Sacrificaria mais ainda por ele, pelos delírios que ele lhe dava. Mas havia alguma coisa pior a temer do que as reprovações do mundo: eram as vinganças de Nosso Senhor. Era da perda possível do Paraíso que ela gemia baixo; ou de mais medonho ainda, de algum castigo de Deus, não das punições transcendentes que acabrunham a alma além da tumba, mas dos tormentos que vêm durante a vida, que a feririam na sua saúde, no seu bem-estar e no seu corpo. Eram vagos medos de doenças, de lepras, de paralisias ou de pobrezas, de dias de fome, de todas essas penalidades que ela supunha pródigo o Deus do seu catecismo. [...] Cessaria as suas relações com Amaro, se o ousasse; mas receava quase tanto a sua cólera como a de Deus. [...] Além disso, amava-o. Nos seus braços, todo o terror do céu, a mesma ideia do céu desaparecia; refugiada ali, contra o seu peito, não tinha medo das iras divinas; o desejo, o furor da carne, como um vinho muito alcoólico, davam-lhe uma coragem colérica; era como um brutal desafio ao céu que se enroscava furiosamente ao seu corpo. Os terrores vinham só depois, só no seu quarto. Era esta a luta que a empalidecia, que lhe punha pregas de envelhecimento ao canto dos lábios secos e ardidos, lhe dava aquele ar murcho de fadiga que irritava o Padre Amaro." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"E depois não tem o colega notado que é uma coisa que só sucede às mulheres? E só a elas, cuja malícia é tão grande que o próprio Salomão não lhes pôde resistir, cujo temperamento é tão nervoso, tão contraditório, que os médicos não as compreendem. É só a elas que sucedem prodígios!... O colega já ouviu de ter aparecido a nossa Santa Virgem a um respeitável tabelião? Já ouviu de um digno juiz de direito possuído do espírito maligno? Não. Isto faz refletir... E eu concluo que é malícia nelas, ilusão, imaginação, doença, etc... Não lhe parece?" Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"O tempo não estava para amores." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Ah! É uma bela e grande coisa a paixão! O amor é uma das grandes forças da civilização. Bem dirigida levanta um mundo e bastava para nos fazer a revolução moral. [...] Mas escuta. Olha que isso às vezes não é paixão, não está no coração... O coração é ordinariamente um termo de que nos servimos, por decência, para designar outro órgão. É precisamente esse órgão o único que está interessado, a maior parte das vezes, em questões de sentimento. E nesses casos o desgosto não dura." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Eu não preciso dos padres no mundo, porque não preciso do Deus no céu. Isto quer dizer, meu rapaz, que tenho o meu Deus dentro de mim, isto é, o princípio que dirige minhas ações e meus juízos. Vulgo: consciência." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Mas pouco a pouco a ideia má que, atacada, se encolhera e se fingira morta, principiou lentamente a desenroscar-se, a subir, a invadi-la! De dia, de noite, costurando e rezando, a ideia do Padre Amaro, os seus olhos, a sua voz apareciam-lhe, tentações teimosas, com um encanto crescente. Que faria ele? Por que não vinha? Gostava de outra? Tinha ciúmes indefinidos, mas mordentes, que queimavam. E aquela paixão ia-a envolvendo como uma atmosfera de onde não podia sair; que a seguia se ela fugia, e que a fazia viver! As suas resoluções honestas ressequiam-se, morriam como débeis florinhas naquele fogo que a percorria. [...] Tinha agora só uma ideia: atirar-lhe os braços ao pescoço e beijá-lo... oh!, beijá-lo! Depois, se fosse necessário, morrer!" Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Era aquela a pior hora, a da noite, quando ficava só. Procurava ler, mas os livros enfastiavam-no; desabituado da leitura não compreendia o sentido. Ia olhar à vidraça; a noite estava tenebrosa, o lajedo reluzia vagamente. Quando acabaria aquela vida? Acendia o cigarro; e do lavatório para a janela recomeçava os seus passeios, com as mãos atrás das costas. Deitava-se sem rezar, às vezes; e não tinha escrúpulos; jugava que ter renunciado a Amélia era já uma penitência; não necessitava cansar-se a ler orações no livro; celebrara o seu sacrifício; sentia-se vagamente quite com o céu!" Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Amaro achava aquelas unhas admiráveis, porque tudo que era ela ou vinha dela lhe parecia perfeito; gostava da cor dos seus vestidos, do seu andar, do modo de passar os dedos pelos cabelos, e olhava até com ternura para as saias brancas que ela punha a secar à janela do seu quarto, enfiadas numa cana. Nunca estivera assim na intimidade de uma mulher. Quando percebia a porta do quarto dela entreaberta, ia resvalar para dentro olhares gulosos, como para perspectivas de um paraíso: um saiote pendurado, uma meia estendida, uma liga que ficara sobre o baú, eram revelações da sua nudez, que lhe faziam cerrar os dentes, todo pálido. E não se saciava de a ver falar, rir, andar com as saias muito engomadas que batiam as ombreiras das portas estreitas. Ao pé dela, muito fraco, muito langoroso, não lhe lembrava que era padre: o Sacerdócio, Deus, a Sé, o Pecado ficavam embaixo, longe; via-os muito esbatidos do alto do seu enlevo, como de um monte se vêem as casas desaparecer no nevoeiro dos vales; e só pensava então na doçura infinita de lhe dar um beijo na brancura do pescoço, ou mordicar-lhe a orelhinha." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"Até nos compêndios encontrava a preocupação da mulher! Que ser era esse, pois, que através de toda a Teologia, era almaldiçoada com apóstrofes bárbaras? Que poder era o seu, que a legião dos santos ora se arremessa ao seu encontro, numa paixão extática, dando-lhe por aclamação o profundo reino dos céus - ora vai fugindo diante dela como do Universo Inimigo, com soluços de terror e gritos de ódio, e escondendo-se, para a não ver, nas tebaidas e nos claustros, vai ali morrendo do mal de a ter amado? Sentia, sem as definir, estas perturbações! Elas renasciam, desmoralizavam-no perpetuamente; e já antes de fazer os seus votos desfalecia no desejo de os quebrar." Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro

"A chave virou na fechadura, o vulto escuro e precipitado entrou, a luz inundou violenta a sala. E na porta mesmo ele estacou com aquele ar ofegante e de súbito paralisado como se tivesse corrido léguas para não chegar tarde demais. Ela ia sorrir. Para que enfim ele desmanchasse a ansiosa expectativa do rosto, que sempre vinha misturada com a infantil vitória de ter chegado a tempo de encontrá-la chatinha, boa e diligente, a mulher sua. Ela ia sorrir para que de novo ele soubesse que nunca mais haveria o perigo de ele chegar tarde demais. Ia sorrir para ensinar-lhe docemente a confiar nela. Fora inútil recomendarem-lhes que nunca falassem no assunto: eles não falavam mas tinham arranjado uma linguagem de rosto onde medo e confiança se comunicavam, e pergunta e resposta se telegrafavam mudas. Ela ia sorrir. Estava demorando um pouco, porém ia sorrir." Clarice Lispector, A Imitação da Rosa in: Laços de Família

"E as rosas faziam-lhe falta. Haviam deixado um lugar claro dentro dela. Tira-se de uma mesa limpa um objeto e pela marca mais limpa que ficou então se vê que ao redor havia poeira. As rosas haviam deixado um lugar sem poeira e sem sono dentro dela. No seu coração, aquela rosa, que ao menos poderia ter tirado para si sem prejudicar ninguém no mundo, faltava. Como uma falta maior." Clarice Lispector, A Imitação da Rosa in: Laços de Família

"Não tem mais lar o que mora em tudo." Cecília Meireles

"Era cruel o que fazia consigo própria: aproveitar que estava em carne viva para se conhecer melhor, já que a ferida estava aberta." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Mas da lua ela não tinha receio porque era mais lunar que solar e via de olhos bem abertos nas madrugadas tão escuras a lua sinistra no céu. Então ela se banhava toda nos raios lunares, assim como havia os que tomavam banhos de sol. E ficava profundamente límpida." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Às vezes me parece que estou perdendo tempo, às vezes me parece que pelo contrário, não há modo mais perfeito, embora inquieto, de usar o tempo: o de te esperar." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Não era à toa que ela entendia os que buscavam caminho. Como buscava arduamente o seu! E como hoje buscava com sofreguidão e aspereza o seu melhor modo de ser, o seu atalho, já que não ousava mais falar em caminho. Agarrava-se ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde ela fosse finalmente ela, isso só em certo momento indeterminado da prece ela sentira. Mas também sabia de uma coisa: quando estivesse mais pronta, passaria de si para os outros, o seu caminho era os outros. Quando pudesse sentir plenamente o outro estaria salvo e pensaria: eis o meu porto de chegada." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"O que chamava de morte a atraía tanto que só poderia chamar de valoroso o modo como, por solidariedade e pena dos outros, ainda estava presa ao que chamava de vida. Seria profundamente amoral não esperar pela morte como os outros todos esperam por esta hora final."

"A própria Lóri tinha uma espécie de receio de ir, como se pudesse ir longe demais - em que direção? O que dificultava a ida. Sempre se retinha um pouco como se retivesse as rédeas de um cavalo que poderia galopar e levá-la Deus sabe onde. Ela se guardava. Por que e para quê? Para o que estava ela se poupando? Era um certo medo da própria capacidade, pequena ou grande, talvez por não conhecer os próprios limites. Os limites de um humano eram divinos? Eram. Mas parecia-lhe que, assim como uma mulher às vezes se guardava intocada para dar-se um dia ao amor, que ela queria morrer talvez ainda toda inteira, para a eternidade tê-la toda." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Só com Ulisses vier aprender que não se podia cortar a dor - senão se sofreria o tempo todo." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Durante dias parecia meditar profundamente mas não meditava em nada: só sentia o leve prazer, inclusive físico, de bem-estar. E agora era ela quem sentia a vontade de ficar sem Ulisses, durante algum tempo, para poder aprender sozinha a ser. Já duas semanas se haviam passado e Lóri sentia às vezes uma saudade tão grande que era como uma fome. Só passaria quando ela comesse a presença de Ulisses. Mas às vezes a saudade era tão profunda que a presença, calculava ela, seria pouco; ela queria absorver Ulisses todo. Essa vontade de ela ser de Ulisses e de Ulisses ser dela para uma unificação inteira era um dos sentimentos mais urgentes que tivera na vida. Ela se controlava, não telefonava, feliz em poder sentir." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso." Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

"The best way to get over a woman is to turn her into literature." Henry Miller

"No man dies for what he knows to be true. Men die for what they want to be true, for what some terror in their hears tells them is not." Oscar Wilde

"The world breaks everyone and afterward many are stronger at the broken places." Hemingway

"Use what talent you possess; the woods would be very silent if no bird sang except those that sang best." Henry van Dyke

"Nothing like a woman with a brilliant mind and a filthy mouth."

"Feel, he told himself, feel, feel, feel. Even if what you feel is pain, only let yourself feel." P.D. James, The Children of Men

"Loners, if you catch them, are well worth the trouble. Not dulled by excess human contact, nor blasé or focused on your crotch while jabbering about themselves, loners are curious, vigilant, full of surprises. They do not cling. Separate wherever they go, awake or asleep, they shimmer with the iridescence of hidden things seldom seen." Anneli Rufus

"Loneliness is black coffee and late-night television; solitude is herb tea and soft music. Solitude, quality solitude, is an assertion of self-worth, because only in the stillness can we hear the truth of our own unique voices." Pearl Cleage

"Hardships often prepare ordinary people for an extraordinary destiny." C.S. Lewis

"I know that’s what people say– you’ll get over it. I’d say it, too. But I know it’s not true. Oh, youll be happy again, never fear. But you won’t forget. Every time you fall in love it will be because something in the man reminds you of him." Betty Smith, A Tree Growns in Brooklyn

"The only love that feels like love is the doomed kind." Jenny Offill, Dept of Speculation

"The feelings that hurt most, the emotions that sting most, are those that are absurd – The longing for impossible things, precisely because they are impossible; nostalgia for what never was; the desire for what could have been; regret over not being someone else; dissatisfaction with the world’s existence. All these half-tones of the soul’s consciousness create in us a painful landscape, an eternal sunset of what we are." Fernando Pessoa

"You might never fail on the scale I did, but some failure in life is inevitable. It is impossible to live without failing at something, unless you live so cautiously that you might as well not have lived at all – in which case, you fail by default." J.K. Rowling, Very Good Lives

"There are people who leave and people who know how to be left." Elena Ferrante, The Story of a New Name

"For of all the sad words of tongue and pen, the saddest are these: It might have been." John Greenleaf Whittier

"Every woman is a rebel, and usually in wild revolt against herself." Oscar Wilde

"In three words I can sum up everything I`ve learned about life: it goes on." Robert Frost

"Lock up your libraries if you like; but there is no gate, no lock, no bolt that you can set upon the freedom of my mind." Virginia Woolf

"It is a sign of great inner insecurity to be hostile to the unfamiliar." Anaïs Nin

jan 13 2016 ∞
jan 3 2017 +