[ KHALID’S PoV ]

O garoto gastou horas do dia seguindo as poucas pistas que conseguiu. Todas o levaram até um lugar distantemente familiar.

ㅤ── É aqui!! ── Exclamou e tratou de se esgueirar no beco, acessando o subsolo através de um sumidouro no chão. ── Debaixo do seu nariz, mané.

Provocou um policial sem fazer muito barulho, e ele não o ouviu. O lugar era literalmente abaixo de uma delegacia. Ele sabia o caminho a tomar, e o fez correndo, talvez por receio de ser pego antes da hora.

Deu de cara com um enorme acesso fechado. Parecia um ferro muito pesado para ele abrir. Dessa vez, sentiu vontade de não estar sozinho. Que a pessoa que ele precisasse ver já estivesse ali. Bateu nas portas, o barulho não foi tão alto. Escolheu chutar, e então BAM!

Esperou, quase impaciente, mas esperou. Ele desejava ser atendido. E diria imediatamente:

“Oi, Jason Todd. Eu sou seu filho!”

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Jason estava há alguns dias praticamente enfurnado e obcecado com alguns testes. Esse tipo de análise não era lá sua melhor habilidade e não acreditou nem quando alguém de confiança havia dito que aquela amostra não batia com informações de nenhum banco de dados, mas agora já estava prestes a desistir. Usando seu traje, abriu a grande porta de metal do bunker e teve mais uma surpresa desagradável pra conta: uma criança estava ali do lado de fora, sentada no chão. O menino foi o primeiro a se apresentar e, por já ser um assunto batido naquela última semana depois da chegada de Cairo, o que Todd fez foi pegar a criança pelo tornozelo e a levantar no ar.

ㅤ── Que pai o quê, porra? ── Ele olhava o menino que estava de cabeça para baixo e já começava a ficar com o rosto vermelho. Seus olhos verdes também chamaram especialmente a atenção, mas o elmo vermelho impedia que a criança visse sua surpresa. ── Descobriram agora que eu tenho dinheiro e querem herança?

O agora conhecido como Khalid, por outro lado, parecia já esperar por uma reação desse tipo e começou a explicar, enquanto o outro não dava a mínima. Foi só quando ele mostrou uma prova irrefutável que, por ora, Jason precisou desistir de expulsá-lo a pontapés. Assim que aquela miniatura de ser humano foi colocada no chão, correu pra dentro do bunker e Todd nada fez. O mais velho ainda estava atônito pelo que segurava em mãos. Acabou olhando para cima e xingou baixo, entrando logo atrás enquanto retirava o elmo vermelho e ficava apenas com a máscara de dominó. Não poderia sair naquela noite antes de pelo menos começar a resolver aquela nova situação.

Lá dentro, por um momento, o menino parou estarrecido diante de todos os monitores. Tinha um olhar impressionado, provavelmente um mistério para o que quer que tenha acontecido com aquele bunker em seu tempo. Ele parecia não conhecer o lugar muito bem.

ᅟ── Tem suco aqui? Eu tô morto de sed--

Khal sentiu que ia ser pego de novo e escapou dos braços de Jason com agilidade, mas se desequilibrou e caiu de costas estatelado no chão.

ᅟ── Para com isso, cara-- mba! Você viu, meu pai sabia o que estava fazendo! Você sabia. Olha só pra mim, todo mundo diz que eu pareço com você! Batman diz. A minha mãe diz.

Enquanto aquelas palavras atingiram Todd como um soco, a criança se levantou e chegou bem perto do homem, fazendo a mesma cara emburrada e desconfiada que ele. Era uma cópia perfeita, porém mais jovial, mais suave, sem cicatrizes de vivências tão profundas. A diferença era a cor e o formato do canto dos olhos, que ainda assim pareciam familiares... Jason pareceu abaixar um pouco a guarda enquanto tinha Artemis em seu pensamento, e o garoto abaixou a dele também.

ᅟ── Tem uma coisa ruim acontecendo no futuro. Em algum futuro. Vocês estão lutando, mas tudo tá sendo destruído. (...) Eu sei que precisava falar alguma coisa importante, mas eu não lembro... Não lembro nem de como é a minha mãe, o rosto dela nem o nome. Não lembro de muita gente nem de muita coisa. Mas lembro de você! Você tem que me ajudar, você é meu pai!

may 26 2022 ∞
oct 13 2022 +