Esses dias eu reli um texto onde você dizia que tinha medo de acordar e não poder mais falar comigo, mas olha só agora. Só dói quando a gente se lembra e olha pra trás. Eu já me perdi no meio de tantas linhas e mais linhas que escrevi pra você, tanto que você nunca leu e nem vai, porque no fundo a gente sempre soube que iria acabar assim. A gente não. Eu. Você. Acho que já passou da hora de me desligar de você, mesmo que isso pareça impossível; minha alma tem tantos traços seus que eles se emaranham no que sobrou de mim, tudo é feito de nós. Mesmo que um nós não mais exista. Mas ao mesmo tempo sempre vai existir, não é? Dentro de tudo que ficou engasgado na minha garganta, dentro de todos os olhares que até hoje me fazem sangrar, dentro de todo o vazio que as palavras não ditas deixaram aqui e aí. Dentro daquele único beijo. Você não precisa admitir nada pra mim, porque eu sei. Eu sei de tudo, por mais pretencioso que possa parecer. Talvez você espere um pedido de desculpas, mesmo sabendo que a culpa não foi toda minha. E eu espero que você encontre a força pra me perdoar, lá no fundo, com o meu pedido silencioso que nunca vai reverberar nesse espaço entre nós. É um espaço grande demais pra remediar, mas eu perdoo tudo. Uma parte de mim sempre vai te amar - eu sei que você sente. E que vai me amar aí também, em silêncio. O pior dos amores. Mas o que passou já não tem mais serventia quando a gente não se cabe mais. Talvez numa próxima vida?